Mortes no trânsito custam 52 bilhões por ano ao Brasil -

Mortes no trânsito custam 52 bilhões por ano ao Brasil

As estatísticas avassaladoras do trânsito em nosso país são mais do que suficientes para justificar a implantação urgente da Inspeção Técnica Veicular

Por Claudio Milan ([email protected])

O Brasil é o quinto país que mais mata no trânsito. São 37 mil vítimas fatais por ano, o que representa um custo de 52 bilhões de reais por ano. Mas o maior custo, no entanto, é o social, a desestruturação das famílias. A cada 12 minutos, uma pessoa perde a vida. E a cada minuto outra fica com sequelas permanentes. Os dados, alarmantes, são mais do que suficientes para justificar a realização da Inspeção Técnica Veicular em todo o território nacional. Porém, o programa – que se tornou obrigatório a partir da vigência do novo Código de Trânsito Brasileiro, em 1997 – jamais saiu do papel.

A ITV foi um dos temas de maior destaque na edição 2018 do Seminário da Reposição Automotiva, realizado em 9 de outubro em São Paulo. A questão foi tratada em duas palestras e no debate que encerrou o evento. Em sua apresentação, José Aurélio Ramalho, diretor presidente do Observatório Nacional de Segurança Viária – instituição social criada com o objetivo de reduzir o número de acidentes de trânsito, desenvolvendo e compartilhando conhecimentos técnicos e comportamentais para influenciar em políticas públicas e sociais sobre o assunto –, chamou a atenção para os elevados custos de um acidente de trânsito, que não se medem apenas em cifras. “O acidente é avassalador, porque muitas vezes ele acaba com uma família, seja em razão de uma morte ou uma invalidez. São mais de dois milhões de famílias afetadas no Brasil. Mas há também os custos com resgate, internação e infraestrutura. Em 2015, no Rio de Janeiro, 24% das interrupções no fornecimento de energia foram causadas por quedas de postes em acidentes de trânsito. É aula que não tem, é uma cirurgia que não acontece, é uma empresa que não produz. Sem falar em poluição, consumo de combustível e congestionamentos”.

Entre os responsáveis por tais estatísticas está, sem dúvida, o poder público, que não fiscaliza as condições dos automóveis que circulam pelas vias de todo o país, potencializando acidentes em razão da falta de manutenção. “Eu licencio meu carro e recebo o documento pelo Correio em São Paulo. O governo não quer nem saber se meu carro tem pneu. Nos noticiários da TV o congestionamento decorrente de um acidente é sempre tratado como factual. Mas o carro não mata ninguém, quem mata é o motorista, seja por falta de manutenção, por imprudência ou por imperícia”, acrescenta Ramalho.


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