Autopeças e carros elétricos: Qual será o impacto no varejo automotivo?

Sincopeças discute impacto da eletrificação da frota no dia a dia do varejo de autopeças

Iniciativas da entidade ao longo de 2020 também foram tema de mais uma edição da série que coloca você, leitor, em contato direto com o Sincopeças-BR.
Crédito: Shutterstock
Por Lucas Torres
Autopeças e carros elétricos: Francisco de la Tôrre respondeu as dúvidas dos varejistas

Nesta edição de fevereiro, o Novo Varejo discutiu mudanças culturais e tecnológicas que já fazem parte do cotidiano do setor automotivo. As preocupações quanto ao ‘por vir’ não se restringem à nossa redação e também têm sido compartilhadas pelos varejistas de autopeças, que enxergam em questões como carros elétricos e motores biocombustíveis novos desafios para seus negócios.

Este mês, os temas para o debate foram propostos por Alberto Salustiano, diretor comercial da Furlan Autopeças de São José do Rio Preto (SP), e Marcelo Gian, proprietário da Gian Autopeças de São Paulo (SP), ao vice-presidente do Sincopeças-BR e presidente do Sincopeças-SP.

Alberto Salustiano, da Furlan Autopeças de São José do Rio Preto (SP)

Qual seria a solução cabível e imediata para que a reposição acompanhe o desenvolvimento de tecnologias que utilizam biocombustíveis e propulsão elétrica sem que essas tecnologias prejudiquem a cadeia produtiva?

Francisco De La Tôrre – É importante frisar que tecnologia não prejudica a cadeia e se desenvolve a partir das demandas impostas pelo próprio mercado ou pela sociedade. A tecnologia atua em dois campos: melhoria de produto e melhoria de processos. Neste segundo, as melhorias vêm para aumentar a produtividade dos colaboradores de qualquer cadeia. Esse movimento acontece em resposta a uma das leis fundamentais do capitalismo, que é a “criatividade destrutiva”: na medida em que a força maior imposta pelo próprio capitalismo é a necessidade de aumento contínuo de produtividade e melhoria contínua de produtos – e nesse aspecto o avanço tecnológico atende essa demanda – de forma alguma tecnologia prejudica a cadeia. De outro lado, impõe que a cadeia se reinvente sempre que uma nova tecnologia é colocada. Isso implica diretamente no varejo porque ele faz parte da cadeia e tem de corresponder pela própria sobrevivência, caso contrário, fica fora do jogo. Hoje, as informações estão mais disseminadas e temos acesso por meio de várias plataformas ofertadas, criadas exatamente graças ao desenvolvimento tecnológico. Por isso, o gestor do varejo deve manter os seus colaboradores sempre bem treinados, informados e de cabeça aberta para olhar tudo o que acontece, até mesmo a partir de experiências de setores completamente estranhos à própria cadeia, para que ele possa, na medida da sua criatividade, usar essas experiências dentro do seu próprio negócio, inclusive para não ficar para trás, mesmo porque trabalhador criativo hoje é uma demanda importante para qualquer cadeia produtiva.

Marcelo Gian, Gian Autopeças de São Paulo (SP)

Quais iniciativas o Sincopeças tem para executar em 2020 a favor do segmento e como espera contribuir de forma efetiva e real para o crescimento do setor?

Francisco De La Tôrre – A disseminação de informação e das ferramentas de processos para o próprio negócio é crucial. Por isso, o Sincopeças-SP vem estabelecendo importantes parcerias educacionais, como a com o Senac-PR, para formação de profissionais, e com a Impacta, que oferece cursos específicos de tecnologia, além das firmadas para o Programa Rota 45 com o Sebrae-SP e o IQA para capacitação, qualificação e certificação das lojas de autopeças e oficinas mecânicas, como também as parcerias para o Programa Loja Legal. O programa setorial do aftermarket automotivo Rota 45 é parte da estratégia elaborada pelo Sincopeças-SP e Sindirepa-SP para implantação de Política Setorial que incentive e promova o desenvolvimento do aftermarket automotivo a partir dos varejos e oficinas. Conta com atuação direta do Sebrae-SP para capacitação e do IQA para qualificação e certificação das empresas, além de apoio do Cesvi Brasil, IAA – Instituto da Administração Automotiva e Automec Feira. Foi elaborado a partir do Rota 2030, que sinaliza profundas transformações para o setor automotivo, seja nos veículos e na forma de usá-los, seja na forma de produzi-los, o que certamente irá impactar o  mercado de reposição, afetando diretamente varejos de autopeças e oficinas reparadoras, empresas cadastradas com CNAE 45. O objetivo do Rota 45 é aumentar a competitividade das micro e pequenas empresas do aftermarket por meio da capacitação, qualificação e certificação. Já o Loja Legal estabelece a conexão de marcas automotivas com empresas varejistas de autopeças de São Paulo de forma diferenciada, por meio da homologação da instituição para seus produtos e serviços, abrindo um canal oficial de comunicação próximo das questões que impactam esse negócio. É a informação oficial da empresa fornecedora do setor, atestada pelo Sincopeças-SP para o varejo de autopeças. A marca fica vinculada aos temas de interesse do público varejista relacionados a normatização, capacitação, tecnologia, combate a ilegalidade de peças piratas, organização, qualidade, catálogos eletrônicos de peças, entre tantos outros. Ao aderir ao programa, a empresa recebe selo de identificação Loja Legal em todos os materiais de comunicação e certificado de adesão, realiza ações junto aos varejistas em eventos promovidos pela entidade, divulga banner com logotipo e link no Portal da Autopeça (www.portaldaautopeca.com.br), divulga posts no Facebook do Sincopeças-SP e matérias na Revista Sincopeças-SP, e participa de ações que podem ser articuladas futuramente em conjunto com a entidade. Além dessas ações práticas, mantemo-nos firmes nas iniciativas institucionais, entre elas nosso pleito para implantação da Inspeção Técnica Veicular Obrigatória em todo território nacional.


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