Pesquisa VIES apura forte percepção de alta nos preços, em um ano -

Pesquisa VIES apura forte percepção de alta nos preços, em um ano

Por Marcelo Gabriel – head do After.Lab [email protected]

As pesquisas MAPA e ONDA, realizadas pelo After.Lab – unidade de pesquisa e inteligência de mercado do Grupo Novo Meio – de forma ininterrupta desde abril de 2020 tornaram-se a referência para os agentes comerciais no mercado de reposição automotiva para comparar seu desempenho semanal num cenário de tamanhas incertezas como as provocadas pela pandemia do  COVID-19.

Funcionando como um verdadeiro benchmark do setor, os dados coletados nas pesquisas são o retrato fidedigno da realidade do varejo de autopeças que, semanalmente, compartilham conosco muito mais dos que números, mas o relato do ambiente de negócios com seus altos e baixos, conquistas, desafios, enfim um mercado dinâmico e complexo. Nesta edição apresentamos o comparativo entre julho de 2020 e julho de 2021, no estudo intitulado VIES. Importante ressaltar que a metodologia de coleta de dados é sempre comparativa e retroativa, ou seja, os entrevistados reportam o desempenho da semana que se encerra com o da semana anterior, um termômetro preciso sobre a “temperatura” do mercado em quatro dimensões: (1) vendas, (2) compras, (3) abastecimento e (4) variação nos preços. O mês de julho mostrou-se bastante apropriado a esta comparação já que pudemos comparar as tendências nas cinco semanas de cada mês.

O mês de julho de 2020 começou numa quarta-feira, e em 2021 começou numa quintafeira, permitindo assim avaliar o reflexo da última semana do mês de junho em cada ano. Nos gráficos a seguir apresentamos a comparação em cada uma das dimensões (vendas, compras, abastecimento e variação de preços) por região, sendo que os valores apresentados ao lado de cada dimensão estão representados em percentual. As barras verticais em vermelho mostram a média (o círculo vermelho em cada barra vertical) os limites superior e inferior (baseados no desviopadrão). Assim, a região Nordeste (NE) foi a que apresentou a menor variação semanal nas vendas em 2020, enquanto no ano de 2021 as maiores variações semanais foram observadas na região Norte (N).

O mês de julho de 2020 começou numa quarta-feira, e em 2021 começou numa quintafeira, permitindo assim avaliar o reflexo da última semana do mês de junho em cada ano. Nos gráficos a seguir apresentamos a comparação em cada uma das dimensões (vendas, compras, abastecimento e variação de preços) por região, sendo que os valores apresentados ao lado de cada dimensão estão representados em percentual. As barras verticais em vermelho mostram a média (o círculo vermelho em cada barra vertical) os limites superior e inferior (baseados no desviopadrão). Assim, a região Nordeste (NE) foi a que apresentou a menor variação semanal nas vendas em 2020, enquanto no ano de 2021 as maiores variações semanais foram observadas na região Norte (N).

É interessante observar a linha tracejada preta no gráfico, que representa as médias de vendas por região, desconsiderando as variações positivas e negativas. De um modo geral a tendência observada em 2020 foi de uma variação positiva entre as cinco semanas do mês. Lembrando que valores positivos são aqueles que estão acima do valor ZERO no eixo horizontal. Utilizando o mesmo gráfico, vemos a seguir o desempenho comparativo da dimensão COMPRA nos anos de 2020 e 2021. A forma de leitura é a mesma descrita para a dimensão VENDAS, novamente com destaque para um padrão diferente entre as duas linhas de tendência (preta) apresentadas. Além disso, chama a atenção que a queda nas compras, no comparativo médio entre as semanas do ano de 2021, mostra uma tendência mais estável que no ano de 2020.

Ainda que chamem a atenção, tais variações são esperadas no decorrer das semanas em função da própria dinâmica do mercado e, com raríssimas exceções notamos uma variação média acima de 5% (sem considerar os limites inferior e superior do desvio-padrão). Mas duas outras dimensões são as que mais merecem destaque nessa análise: nível de abastecimento e variação de preços. Consideramos como nível de abastecimento a facilidade/dificuldade em encontrar peças, considerando 100% da cotação, e as respostas também são expressas em percentual, conforme gráfico apresentado a seguir.

Se em 2020 a variação no abastecimento era próxima de zero, devemos sim considerar que em julho estávamos vivendo um período de grande instabilidade em função das medidas restritivas de funcionamento de oficinas e lojas de autopeças que não foram uniformes dentro do Brasil, e essa medida serve justamente para estabelecer os níveis de referência de uma situação nunca vista no mercado de reposição. Mas são os dados de 2021 que merecem uma atenção especial. Já comentamos em outras oportunidades sobre a escassez de produtos a nível global, seja em função das medidas tomadas ao redor do mundo sobre fechamento de empresas por um lado, e por outro lado pela retomada econômica da China, grande consumidor de matéria prima e que vem apresentando crescimento do seu PIB de forma constante. No primeiro trimestre de 2020, o PIB chinês caiu 6,8%, sendo que já no segundo trimestre apresentou um crescimento positivo de 3,2%, subindo no terceiro trimestre para 4,9% e fechou o quarto trimestre com crescimento positivo de 6,5%.

Já nos dois primeiros trimestres de 2021 o crescimento foi de 18,3% e de 7,9% respectivamente, abandonando os efeitos da pandemia. Mas o outro lado da moeda é que esse crescimento, associado com as oscilações em cada país, levou à falta generalizada de componentes na indústria automotiva, motivando montadoras brasileiras a interromper as suas linhas de montagem por falta de peças. Ainda veremos alguns bons meses para que voltemos a alguma normalidade.

E a última dimensão, variação de preços, está diretamente relacionada com os princípios da microeconomia que avaliam a dinâmica da oferta e da demanda. Épocas de escassez de oferta e aumento na demanda, como se verificou no mercado de reposição, bem como a depreciação do real frente às moedas de livre conversão (como dólar ou euro), expõem nosso setor a uma situação de variação de preços bastante aguda, como apresentado no próximo gráfico.

Se no mês de julho de 2020 as variações de preço foram quase insignificantes (média de 0,71%), o que se vivenciou no mesmo período em 2021 foi uma média de 6,99% de variação de preço, semana a semana, sempre retroativo em relação às semanas anteriores.

Com isso finalizamos esta apresentação sobre o VIÉS das pesquisas MAPA e ONDA, realizadas pelo After.Lab desde abril de 2020. Cabe ressaltar que os períodos avaliados apresentaram realidades distintas em relação à pandemia e às práticas comerciais possíveis em cada momento. Se em 2020 vivenciávamos os momentos de maior indecisão quanto ao dia seguinte nos negócios, em 2021, já sob a égide do chamado “novo normal”, vivemos sob as dificuldades geradas pelas quebras na cadeia de suprimentos global e da depreciação cambial, com impactos diretos nas interações comerciais. A boa notícia, dentro desse cenário, é que o mercado de reposição é um segmento que sempre se mostrou resistente a crises, prosperando mesmo no meio do caos.

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