Prioridade a portos que operam com mais contêineres prejudica o Brasil -

Prioridade a portos que operam com mais contêineres prejudica o Brasil

Com a escassez de cargas e embarcações, os navios começaram a priorizar determinadas rotas, enfatizando movimentos para portos que contem com contêineres que possam sair carregados para outro destino.

Lucas Torres [email protected]

O Brasil tem sofrido as consequência da crise internacional de logística e a ameaça constante de escassez de produtos

José Augusto de Castro, presidente da AEB, conta que, com a escassez de cargas e embarcações, os navios começaram a priorizar determinadas rotas, enfatizando movimentos para portos que contem com contêineres que possam sair carregados para outro destino. “Foi aí que começamos a ser um dos países mais afetados em nossos portos. Afinal, somos notabilizados pela exportação de commodities, produtos que não necessitam de contêineres para serem transportados”, afirma antes de completar com um dado que exemplifica bem o impasse gerado para a economia nacional: “No Brasil, 85% dos produtos que importamos são manufaturados. Ou seja, produtos que necessitam de contêineres. Já no âmbito da exportação, a lógica se inverte: ao menos 60% – talvez até um pouco mais – dos produtos que exportamos não precisam destes equipamentos”. Castro entende que tamanha disparidade entre as duas pontas da balança comercial brasileira fez com que nossos importadores de manufaturados passassem a sofrer com a falta desses produtos manufaturados – ou com o atraso em suas chegadas. Além disso, os exportadores desses itens industrializados passaram a ter dificuldades severas na hora de enviar suas mercadorias para fora do país pela via marítima. “Não foram raras as vezes em que estes exportadores tinham cliente e destino para enviar os produtos, mas simplesmente não puderam fazê-lo pela falta do contêiner e do navio”. Para este grupo de players brasileiros, onde estão posicionados os importadores e exportadores de autopeças, havia a esperança de que a situação tivesse um ajuste natural à medida que os momentos de maior restrição da mobilidade internacional dessem lugar a um aquecimento da economia motivado pelo fim da crise sanitária histórica. Na entrevista exclusiva concedida ao Novo Varejo, porém, o presidente da AEB relatou que embora a situação de escassez esteja sendo solucionada aos poucos, os problemas do comércio marítimo mundial estão longe do fim. E, agora, se concentram no aumento exponencial dos custos.


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