* Leandro Ribeiro
Ao discutir o cenário de digitalização do segmento automotivo durante a pandemia e o impacto disso nos próximos anos, não podemos esquecer do que estava acontecendo antes. O segmento já vinha numa crescente, é uma categoria que está se consolidando com destaque no e-commerce como um todo. E as empresas cada vez mais centralizando seus esforços buscando oferecer uma estrutura melhor para vender na internet. O que mudou ano passado, primeiro, foi o consumidor. Aquele que já comprava, passou a comprar mais de outras categorias e a centralizar suas compras através da internet. Aquele consumidor que ainda não comprava, que tinha receio de comprar na internet, por uma questão de necessidade passou a pesquisar produtos, buscar empresas confiáveis, buscar alternativas em pagamento e se digitalizar.
Com isso, as empresas que já vendiam na internet aproveitaram essa demanda; as empresas que já tinham experiência, já estavam estruturadas, já estavam conectadas com os marketplaces, já tinham seus próprios e- -commerces aproveitaram melhor essa demanda. Para aquelas empresas que estavam planejando ou ainda não pretendiam vender na internet, aí realmente aconteceu a aceleração. Buscaram formas de iniciar o mais rápido possível, seja com seus e-commerces próprios ou então – fator primordial – com os marketplaces. Os marketplaces como Mercado Livre, Amazon, Grupo B2W, Magalu, entre outros, já estavam prontos com suas estruturas para que essas empresas iniciassem as vendas. Isso sim foi fator primordial para o e-commerce acelerar durante a pandemia. De um lado, os consumidores estão nesses sites pesquisando produtos, então o tráfego já está lá; e as empresas que precisavam acelerar, ganhar escala e ter vendas rápidas aproveitaram dessa demanda. O que a gente vem percebendo agora daqui pra frente? De fato um fortalecimento cada vez maior dos marketplaces. Os marketplaces hoje oferecem um ecossistema para as empresas venderem que, se forem buscar por conta própria, o custo acaba sendo maior. Apesar do comissionamento dos marketplaces é interessante para as empresas venderem neles, até porque questões como logística, tecnologia, meios de pagamento e segurança já estão inclusas, então, para as empresas acaba compensando e – mais uma vez – os consumidores estão nesses marketplaces.
E qual o impacto disso tudo? Em 2021, comparado a 2020, a categoria de peças automotivas já vem representando um crescimento de 45% a 48% nas vendas no e-commerce como um todo. As empresas que já estavam vendendo buscam se estruturar melhor e evoluir nas plataformas. Aquelas que começaram vendendo só um perfil de produto, uma categoria específica, agora buscam publicar todos os seus estoques, todos os seus produtos que no dia a dia já vendem nas suas estratégias offline. A indústria, que até então sempre ficou um pouco distante do e-commerce, passa a ter uma sinergia melhor, não necessariamente com a venda direta, mas entendendo como pode ajudar o seu revendedor a vender.
Leandro Ribeiro é fundador da plataforma Auto Partners e ex-head de Autopeças do Mercado Livre no Brasil
