Evolução orgânica de um mercado em movimento -

Evolução orgânica de um mercado em movimento

O fato é que o trade ganhou complexidade que torna quase infantil a antiga sequência a que o mercado se acostumou por décadas.

Claudio Milan claudio@novomeio.com.br

Em junho de 1997, publicamos uma reportagem de capa no Novo Varejo – naquela época, só existia a edição impressa – que tinha como título “Rebelião na cadeia”. O texto refletia sobre a flexibilização dos negócios no trade do aftermarket e apurava a insatisfação de varejistas de autopeças com o acesso direto dos mecânicos aos distribuidores, uma tendência sem volta já naquele momento.

E lá se foram 25 anos. Um quarto de século após aquela publicação, ainda hoje encontramos gestores que pregam a defesa incondicional da estrutura rígida e linear formada por indústria-distribuidor-varejooficina que foi pulverizada ao longo das últimas décadas em razão da própria reacomodação natural do mercado e do instinto de sobrevivência dos empresários brasileiros. Para os que caminharam ao lado da evolução, este assunto esta pacificado.

Mas dizer que hoje o mecânico compra do distribuidor seria muito pouco para explicar a verdadeira revolução – rebelião? – na cadeia a que assistimos nestes últimos 25 anos ou até mais.

Em 2018, por ocasião do 6º Fórum IQA da Qualidade Automotiva, o consultor Sergio Alvarenga, um dos principais estudiosos do mercado de reposição nacional, exibiu uma impressionante representação gráfica da cadeia de negócios do setor que seria impossível reproduzir aqui apenas com palavras.

O fato é que o trade ganhou complexidade que torna quase infantil a antiga sequência a que o mercado se acostumou por décadas. Hoje, vendas e compras formam um emaranhado de caminhos envolvendo fabricantes, importadores, montadoras, importador-revendedor, distribuidor nacional, distribuidor regional, concessionárias, revendedores, retíficas, redes, reparadores, frotistas e, mais recentemente, e-commerce próprio e marketplaces como alternativas até que o produto chegue ao consumidor final.

Dentro desta teia cada vez mais difícil de definir, encontra-se uma adequação dos grandes varejos de autopeças que vem ocorrendo de maneira orgânica: a abertura de centros de distribuição que podem abastecer tanto a rede própria de lojas quanto varejistas da região. É um fenômeno em que a empresa mantém suas operações no varejo, mas também começa a atuar como distribuidor.

Em São Paulo, grandes lojas como Josecar e Rocha já têm suas unidades. E o Sul do Brasil acaba de ganhar uma nova iniciativa neste perfil: a consagrada Ramos e Copini deu um passo importante no processo de expansão dos negócios e agora também tem seu CD. Este é o assunto da reportagem principal desta edição digital quinzenal do Novo Varejo Automotivo. Mais uma comprovação do dinamismo com que os protagonistas do aftermarket automotivo conduzem seus negócios. Mas, não apenas isso. Uma comprovação de que a configuração de cadeia de negócios rígida e linear hoje habita apenas as lembranças daqueles que ainda não entenderam direito o mundo em que vivem.


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