Claudio Milan claudio@novomeio.com.br
A união das entidades do aftermarket automotivo tem sido construída
ao longo dos últimos meses e este processo foi acompanhado de
perto pelo Novo Varejo. Na edição digital de 15 de julho, por exemplo,
mostramos os passos dados para a criação de uma política setorial
e a mobilização em favor da liberdade de escolha do consumidor
– questão que é foco do movimento Right to Repair que, por sua
vez, também vem merecendo ampla cobertura em todas as nossas
plataformas de comunicação.
Esta edição que você começa a ler agora traz a conclusão deste
processo de ‘desindividualização’ a partir da assinatura da Carta de
Fortaleza. Dedicamos várias páginas ao tema – começando já pela
entrevista a seguir – porque entendemos que este provavelmente
será o fato mais importante para o mercado em 2022.
Como mostra nossa reportagem de capa, não é de hoje que o
aftermarket automotivo vem buscando alternativas para atuação em
conjunto, fortalecendo sua representatividade e sendo, com isso,
mais efetivo na defesa legítima de seus interesses e direitos.
Boas ideias e boas iniciativas nunca faltaram. Em palestra realizada no
Sincopeças de São Paulo em 6 de julho, o consultor Sergio Alvarenga
– que já exerceu funções em todas as entidades do mercado de
reposição – recordou algumas delas: em 2002, o diagnóstico da
Integration apresentou ameaças e oportunidades das entidades e do
mercado; em 2008, o Carro 100% levantou a bandeira da manutenção
preventiva e da aproximação com o dono do carro; em 2015, o
diagnóstico da Roland Berger tentou elucidar a cadeia de valor, seus
gargalos e caminhos; em 2018, foi realizada a Perspectiva McKinsey
do mercado de reposição.
É claro que todas estas ações – e há muitas outras mais – contribuíram
para alguma evolução no devido momento, mas o legado acabou
sendo pouco relevante. São diferentes as razões para que as iniciativas
conjuntas do aftermarket automotivo tenham baixa continuidade.
Talvez uma delas seja o fato de que o planejamento pode até ocorrer
em conjunto, mas após a concretização da ideia, cada elo segue seu
destino individualmente tentando potencializar apenas os resultados
de seu interesse.
A necessidade de uma integração destes elos de forma organizada
já havia sido percebida pelo próprio mercado. A tentativa mais efetiva
foi a criação do GPE – Grupo de Planejamento Estratégico, que se
tornaria mais tarde o Grupo de Manutenção Automotiva (GMA). Outra
ação que não teve continuidade.
Agora, toda a experiência adquirida nestes últimos mais de 20 anos
de trabalhos e tentativas pode e deve ser parâmetro para que a nova
Carta de Fortaleza concretize de uma vez por todas o pensamento
conjunto que irá proporcionar a nosso setor a representatividade que
sempre lhe faltou. Além das entidades envolvidas, existe por trás um
planejamento sólido de importantes ações que serão desenvolvidas
daqui pra frente. Todo o aftermarket automotivo aplaude a iniciativa e
aguarda bons resultados desta união.