Após ler esta longa reportagem, talvez neste momento você esteja direcionando palavras pouco simpáticas ao texto e seu autor. Seríamos nós os cavaleiros do apocalipse? Claro que não. Uma das missões do Novo Varejo é apontar as tendências e preparar seus leitores para as transformações que independem de nossa vontade. Gostemos ou não, o futuro é inevitável.
Por outro lado, ainda não há como medir o impacto das mudanças. E, ao mesmo tempo, a imensa frota de veículos convencionais vai continuar demandando peças e serviços por muitas décadas. Portanto, o mundo vai sim mudar, mas não vai acabar.
Para que o mercado de reposição caminhe em harmonia com as transformações, serão necessárias algumas adequações. “A Europa e os Estados Unidos têm leis e acordos que garantem ao consumidor final a livre escolha para a realização da manutenção de seus veículos e opção pelas peças de reposição. No Brasil falta uma legislação que assegure essa liberdade ao consumidor final”, adverte Francisco de La Tôrre, destacando a necessidade de uma mobilização do mercado em favor da discussão de tal lei pelas casas legislativas. “Essa é a maior preocupação que eu trouxe da Alemanha. Entendo que isso é uma ameaça se nós não nos posicionarmos”, acrescenta.
Embora concorde que a demanda pela manutenção vai continuar, o presidente do Sincopeças-SP avalia que a relação de forças na disputa pelo consumidor não será mais como é hoje. E defende a adequação dos modelos de negócios às novas tendências e exigências do mercado. “Nós estamos falando em mudanças de logo prazo, talvez décadas. Mas existe um processo em andamento no Brasil que envolve, no nosso caso, o modelo de negócios do varejo de autopeças, principalmente nos grandes centros urbanos. É um processo de formalização da reposição, já num estágio bastante avançado, e a gente percebe que haverá o aprofundamento da concentração, esse mercado bastante pulverizado vai diminuir, vamos ter um processo de encurtamento da cadeia, que é o caminho encontrado pelos outros segmentos de negócios para garantir rentabilidade, margem e taxa de investimento”, prevê.
Como forma de fortalecer o mercado, Francisco de La Tôrre defende a união entre os elos. “É uma visão um pouco utópica, mas eu acho que a melhor saída é nós termos uma entidade que representa a reposição como um todo, o que exigiria uma solução legal. Outro aspecto seria uma participação mais efetiva das empresas junto a suas entidades, esse é um fenômeno que está acontecendo na própria sociedade. Também é importante valorizar as parcerias e uma ferramenta tecnológica que temos hoje, o Carro 100%, que conversa com o consumidor final. Finalmente, fortalecer o GMA, trazendo inclusive novas entidades, além de atuar em favor da aprovação da inspeção veicular ampla”.










