Potencial revolucionário -

Potencial revolucionário

Maior evento de inovação do planeta aponta Inteligência Artificial Generativa como principal tendência de aplicação comercial rápida para transformar a interação do varejo com os consumidores.

Lucas Torres jornalismo@novomeio.com.br

A cidade do Rio de Janeiro recebeu o Web Summit, maior evento de tecnologia do planeta que, em 2023, reuniu as principais empresas do setor para mais de 100 horas de conteúdo, além de rodas de negócio entre as techs e os tomadores de decisão de segmentos como o varejo. A primavera da Inteligência Artificial Generativa (IAG) – iniciada com o lançamento do ChatGPT, em novembro passado – permeou a maior parte das palestras e painéis, dividindo os mais de 21 mil participantes entre o sentimento de otimismo quanto à sua capacidade de aumentar a produtividade dos negócios e o temor a respeito de seus possíveis impactos na substituição da mão de obra humana.

Mais de 40 varejistas e players da indústria que se conectam diretamente com o consumidor final discutiram o tema sob diferentes pontos de vista. Apesar da multiplicidade de enquadramentos, porém, os efeitos promissores da IAG na relação empresa-cliente foi unanimidade entre os participantes.

 O vice-presidente de Gente, Tecnologia e Inovação do Grupo Boticário, Daniel Knopfholz, foi um dos que apontaram o potencial revolucionário da tecnologia nas interações de diálogo com o consumidor – tanto no início do relacionamento quanto, e principalmente, em serviços ligados ao pós-venda. Essa aplicação por si só, segundo ele, separa a IAG daqueles que chamou de ‘modismos tecnológicos’ surgidos nos últimos anos, tais como o metaverso e o NFT. “A Inteligência Artificial Generativa tem grande chance de aplicação comercial rápida, escalável e economicamente viável”, avaliou Knopfholz. Mais do que ter uma aplicabilidade futura mais palpável em relação a outras tecnologias que já estiveram na crista da onda do universo da inovação, a IA já é realidade em diversas das grandes empresas do globo. De acordo com o Statista, site especializado em dados de mercado, 92% das grandes empresas já têm algum retorno sobre seus investimentos na tecnologia. Além disso, 41% dos negócios brasileiros usam hoje a inteligência das máquinas em seus cotidianos. Apesar dos números mostrarem que essa tecnologia já está presente na estratégia das organizações, ainda há diversas barreiras a serem superadas até que a IAG possa – por exemplo – conduzir chats indiscriminadamente junto aos clientes. Afinal, além de incongruências em respostas noticiadas recentemente, questões sensíveis ao compliance ainda estão longe de serem solucionadas. “É preciso garantir que isso vai ser feito do jeito correto (…) Estamos conversando muito com a Microsoft, que tem feito uma ponte com a Open AI, garantindo todos os padrões necessários para que a privacidade seja preservada”, comentou o diretor do Boticário. Além de problemas quanto à segurança e a confiabilidade, essa nova tecnologia enfrenta ainda outra barreira importante: a dificuldade de se espalhar entre as empresas de menor porte.

Devido ao fato de ainda necessitar de computadores e servidores ultracapazes em termos de armazenamento e a falta de uma cultura de inovação nas PMEs de países como o Brasil, a IAG ainda está significativamente restrita às grandes organizações. CTO do marketplace B2B ‘Faire’, Marcelo Cortes salientou a importância de um maior incentivo para que as pequenas empresas enfrentem menos barreiras de acesso à tecnologia. Isso porque, assim como Knopfholz, ele vê a IAG com grande potencial para melhorar a experiência de compra, atuando como assistente do consumidor ao longo da jornada de consumo e refinando o processo de atendimento. “Ela atuará ainda na melhoria das ferramentas de busca para os negócios que operam com e-commerce”, concluiu Cortes.


Notícias Relacionadas