Basta olhar uma fotografia para perceber a quantidade de carros que serão inutilizados após a enchente histórica que inundou o Rio Grande do Sul. Quase como uma metáfora do setor automotivo, porém, os prejuízos de toda uma cadeia que abastece esses automóveis só poderão ser determinados a partir de uma visão aproximada. Algo que, em geral, só é possível para quem está dentro do setor.
Em depoimento sincero à nossa reportagem, quando questionado sobre o volume de autopeças perdidas na catástrofe, o Sincopeças-RS indicou que, embora os prejuízos só possam ser aferidos, de fato, a partir do momento que a água baixar, é seguro dizer que ele é enorme. “Lojas inteiras foram perdidas”, afirmou a entidade. A informação em tom de lamento do principal sindicato representativo do varejo de autopeças no estado oferece uma dimensão que atenua a falta de números concretos sobre o prejuízo do segmento, sobretudo quando somada a dados que consolidam o impacto da tragédia no setor de comércio e serviços de maneira geral. Segundo a Fecomércio gaúcha, cerca de 35 mil estabelecimetos comerciais já foram atingidos pelas áreas alagadas – o que projeta um número superior a R$ 5 bilhões em prejuízos e um impacto sobre 88% dos empregos formais do estado. “Tamanho estrago, mesmo com um investimento robusto do Governo Federal, nos faz projetar a necessidade de três a cinco anos para a reconstrução da infraestrutura e do ambiente de negócios do setor no Rio Grande do Sul”, afirma Luiz Carlos Bohn, presidente da Fecomércio-RS.
O tempo estimado para a reconstrução do comércio do estado com abundância de recursos parece grande. Porém, ficará ainda maior caso os empresários não recebam o auxílio na magnitude em que necessitam. Pensando nisso, o Sincopeças-RS está se articulando junto à Fecomércio-RS para buscar recursos junto ao Governo Federal (veja mais na entrevista especial desta edição). Uma ajuda mais generalista, porém, já foi anunciada pelo Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na última semana. O líder da agenda econômica do país comunicou que a Medida Provisória que destina recursos ao Rio Grande do Sul contará com uma série de recursos voltados aos pequenos negócios do estado – MEIs, micro e pequenas empresas.
Veja detalhes do pacote do Governo Federal aos pequenos negócios do RS afetados pelas enchentes
Aporte total de R$35 bilhões, a partir de:
- Aumento do Fundo Garantidor de Operações (FGO) O FGO receberá um aporte de R$ 4,5 bilhões, permitindo que microempresas e empresas de pequeno porte poderão tenham acesso a um total de R$ 30 bilhões por meio do Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe).
- ) Subvenção e desconto nos juros Disponibilização de R$ 1 bilhão para concessão de descontos em juros de créditos garantidos pelo Pronampe, até o valor máximo de crédito concedido passível de desconto de R$ 2,5 bilhões. Na prática, dos R$ 30 bi disponibilizados pelo programa, R$ 2,5 bi contarão com desconto de juros. “Será oferecido um financiamento de até 72 meses, com até 24 meses de carência, para reduzir a taxa de juros para 4% nominal para os primeiros R$ 2,5 bilhões tomados e depois juros normal da linha”, afirmou o Ministério da Fazenda.
- 3) Aporte ao Fundo Garantidor de Investimentos Serão ainda aportados R$ 500 milhões para alavancar o crédito no Programa Emergencial de Acesso ao Crédito a fim de atender MEIs, micro, pequenas e médias empresas. “Neste caso, o aporte alavanca e garante acesso ao crédito, não se fazendo subvenção da taxa de juros. No caso do FGI-PEAC, o operador é o BNDES”, detalha a Medida Provisória









