É tempo de percorrer a “via negativa” -

É tempo de percorrer a “via negativa”

Buscar a “via negativa” vem sendo a mais atual e discutida prática de gestão dos últimos tempos em todo o mundo.

Luiz Marins é antropólogo, escritor,
palestrante (www.marins.com.br)

A “via negativa” (do latim, “caminho negativo” ou “via da negação”) é um método filosófico e teológico que busca compreender a realidade — especialmente conceitos abstratos ou a natureza do divino — por meio da negação de atributos, em vez de definições positivas. Esse enfoque reconhece os limites da linguagem e da razão humana para descrever realidades transcendentais ou complexas.

O livro “Antifrágil”, de Nassim Taleb, usa essa abordagem filosófica, teológica e prática para enfatizar o que deve ser removido, eliminado ou evitado em vez de focar no que deve ser adicionado ou otimizado. Buscar a “via negativa” vem sendo a mais atual e discutida prática de gestão dos últimos tempos em todo o mundo.

Na prática significa que devemos analisar tudo o que podemos cortar, simplificar em nossas organizações. Devemos passar um pente fino em todos os processos para ver o que existe e é desnecessário, custoso e muitas vezes sem sentido ou até prejudicial para os objetivos que queremos atingir. Esse conceito voltou com toda força à pauta das discussões empresariais a partir das ações que veem sendo tomadas por governantes como Milei na Argentina (com sua famosa motosserra) e Trump nos Estados Unidos, que até criou um departamento (DOGE) de eficiência governamental para analisar todos os setores do governo americano e verificar o que pode ser cortado, diminuído, simplificado, economizado.

E essas ações são consideradas de tal relevância que o presidente colocou como chefe do DOGE ninguém menos que o homem mais rico do mundo, Elon Musk, e sua equipe de jovens executivos que estão descobrindo, cortando diminuir, e fechando agências e departamentos do governo americano. Agora o movimento da “via negativa” chega com toda a força nas empresas e organizações. Em todo o mundo e especialmente no Brasil, as empresas começam a entender que o tempo das vacas gordas, da abundância, da energia barata, da opulência e dos ganhos fáceis definitivamente acabou. Em nossas consultorias e palestras para as áreas de gestão, temos alertado que para sobreviver e vencer os desafios atuais é preciso buscar a “via negativa” na inovação, nos processos e procedimentos, no relacionamento com clientes, fornecedores, colaboradores e com a comunidade. Temos que simplificar para buscar a eficácia total e eliminar desperdícios e burocracias que impedem a velocidade e a agilidade.

O conselho, portanto, é que os gestores de todas as áreas da organização analisem, cuidadosa e detalhadamente, tudo o que é absolutamente NECESSÁRIO e descartem tudo o que seja considerado desnecessário ou “apenas bom” que continue a existir. Cuidado! Lembre-se que é sempre mais fácil adicionar, aumentar, criar, do que cortar, diminuir, eliminar, descartar. E sempre haverá uma forte pressão para não cortar, não diminuir, não eliminar. Esse é um grande risco que todo gestor deve enfrentar com firmeza, visando sempre, a perpetuação, o futuro e o sucesso da sua organização. É tempo de acelerar na “via negativa”. Pense nisso. Sucesso!

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