A Sondagem do Comércio do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas (FGV) vem monitorando o comércio eletrônico no Brasil desde o terceiro trimestre de 2020 com o Indicador de Vendas Online (IVO), que mede a participação das vendas realizadas por canais digitais, como websites, aplicativos e e-mails, no total de vendas do comércio.
Segundo Geórgia Veloso, pesquisadora do Ibre, no terceiro trimestre de 2025, a participação das vendas online no volume total do comércio avançou 1,3 ponto percentual (p.p.), alcançando 18,7%. O percentual de vendas online registra um dos maiores patamares da série histórica, ficando atrás apenas dos picos observados nos períodos de maior distanciamento social durante a pandemia.
O resultado ficou 4,8 p.p. acima da participação registrada no mesmo período do ano passado. Vale ressaltar que esse indicador ainda não possui tratamento sazonal, sendo recomendado observar as variações interanuais.
Esse cenário dos últimos trimestres sugere um avanço mais sustentado do indicador de comércio eletrônico, que se mantém acima do patamar de 17 pontos desde o primeiro trimestre deste ano.
Sob a perspectiva dos comerciantes, a pesquisa buscou respostas para duas realidades distintas: para as empresas que já possuem atuação digital, a questão central foi identificar quais ações e estratégias são implementadas para aumentar a participação das vendas online no faturamento total. Em contrapartida, para aquelas que ainda não operam no ambiente digital, o foco foi compreender quais são os principais fatores que impedem ou dificultam sua entrada nos canais de venda digitais.
Do lado dos negócios, a principal aposta para o crescimento digital é a visibilidade. A esmagadora maioria dos empresários, 66,6%, investe em marketing digital, utilizando redes sociais e anúncios para capturar a atenção do público. Além disso, há um esforço considerável na otimização da experiência, com 46,9% melhorando seus sites e lojas virtuais e 45,7% implementando canais de atendimento digital, como WhatsApp e chatbots. Essas ações demonstram um foco claro em construir uma presença online completa e em facilitar a comunicação com o cliente.
Ao comparar esses dados, percebe-se a maior discrepância entre os dois universos: a logística. Enquanto mais de 70% dos consumidores consideram o frete um fator decisivo e metade deles valoriza a entrega ágil, apenas 9,3% dos empresários listaram a redução no prazo de entrega como uma ação adotada para aumentar o seu volume de vendas online. Isso aponta para um desalinhamento, onde a maior dor do cliente, o custo e o tempo para receber o produto, é uma das menores prioridades estratégicas para as empresas.
Quando a análise se volta para o que impede ou desestimula os consumidores, os resultados reforçam a importância da confiança e dos custos. O principal fator que afasta os clientes da compra online é o medo de golpe ou fraude, mencionado por 42,5% dos entrevistados, uma parcela que coloca a segurança como a barreira número um a ser superada.










