Escassez hídrica acende alerta e exige atenção das empresas sobre o uso inteligente da água -

Escassez hídrica acende alerta e exige atenção das empresas sobre o uso inteligente da água

FecomercioSP reforça a importância da gestão sustentável e recomenda medidas de economia e reúso diante das novas deliberações do governo estadual

Agência de Águas do Estado de São Paulo (SP Águas) declarou escassez hídrica quantitativa na Bacia do Alto Tietê e na porção paulista da Bacia do Rio Piracicaba. A medida integra o Protocolo de Escassez Hídrica (Deliberação SP-ÁGUAS 10/2025) e busca reduzir os impactos da redução dos níveis de água para as principais regiões metropolitanas do Estado — São Paulo e Campinas.

Segundo a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), embora a deliberação não imponha restrições imediatas às empresas, o momento exige atenção e planejamento. A Entidade, que integra o Comitê da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê (CBH-AT), acompanha o cenário e adverte o setor produtivo para a necessidade de revisão dos processos de uso da água e a adoção de fontes alternativas, como reúso e captação de água da chuva.

“É fundamental que sindicatos e empresários se antecipem. O uso racional da água deve ser incorporado à rotina dos negócios como estratégia de sustentabilidade e de redução de custos”, afirma Cristiane Cortez, assessora do Conselho de Sustentabilidade da FecomercioSP.

Governo paulista lança medidas para garantir o abastecimento essencial

Plano de Contingência Hídrica do Estado de São Paulo, lançado oficialmente em 24 de outubro, tem como objetivo garantir o abastecimento essencial e evitar o colapso do sistema hídrico diante da queda acentuada dos níveis dos reservatórios, especialmente nas bacias do Alto Tietê e do Piracicaba.

A iniciativa estabelece sete faixas de criticidade, com medidas progressivas conforme a gravidade da escassez. Dentre as principais ações, destacam-se a redução de pressão na rede de abastecimento (de 10 a 16 horas por dia nos estágios mais críticos), o rodízio de fornecimento entre regiões, o uso de caminhões-pipa para serviços essenciais e prioridade de abastecimento para hospitais, escolas e unidades de segurança.

O governo também prevê campanhas de conscientização, intensificação da fiscalização sobre o uso da água e incentivo ao reúso e à reserva doméstica. Para empresas e consumidores, o plano reforça as urgências do consumo racional e do planejamento preventivo, de modo a garantir resiliência em períodos de restrição.

Água: bem público, recurso econômico e desafio coletivo

De acordo com o parecer elaborado pela assessoria técnica da Federação, com base nos dados do Diagnóstico Temático Serviços de Água e Esgoto 2023, do Ministério das Cidades, o Brasil dispõe de cerca de 12% da água doce disponível no planeta, mas a sua distribuição é desigual. As regiões Sudeste e Nordeste concentram 69% da população, porém contam com menos de 10% do volume total de água doce disponível.

Esse desequilíbrio territorial, somado às mudanças climáticas e à poluição de mananciais, pressiona o abastecimento e aumenta os riscos de escassez em centros urbanos e polos produtivos.

O documento também ressalta que a gestão sustentável da água deve ser tratada como prioridade estratégica. A Política Nacional de Recursos Hídricos (Lei 9.433/1997) já reconhece o recurso como bem de valor econômico e prevê, em situações de escassez, prioridade ao consumo humano e à dessedentação de animais.

Adicionalmente, a legislação brasileira sobre recursos hídricos e saneamento básico estabelece diretrizes claras para o uso racional, incluindo uso de água de chuva e reúso de efluentes sanitários:

  • Lei 11.445/2007, atualizada pelo novo marco do saneamento (Lei 14.026/2020), que prevê reúso de efluentes sanitários e aproveitamento de águas pluviais;
  • Resolução Conjunta SES/SIMA 01/2020, que regulamenta no Estado de São Paulo o reúso direto não potável de água, para fins urbanos, proveniente de Estações de Tratamento de Esgoto Sanitário (ETEs);
  • Lei 17.394/2021, que determina a instalação de sistemas de captação de água da chuva em projetos públicos no Estado paulista.

Essas normas apontam para um modelo de gestão compartilhada e responsável, em que governo, sociedade e empresas dividem o compromisso de preservar os recursos hídricos.

O papel das empresas e dos sindicatos na gestão eficiente e no reúso

Para a FecomercioSP, a atuação empresarial é essencial para o aumento da resiliência em momentos de crises hídricas e para um consumo consciente de forma permanente, visando evitar desperdícios e custos operacionais extras. Além de reduzir impactos ambientais, investir em eficiência hídrica gera economia e melhora a imagem institucional das companhias.

O Conselho de Sustentabilidade orienta que os sindicatos empresariais também atuem como multiplicadores de boas práticas, disseminando informações e materiais técnicos às empresas representadas. Destaca, ainda, um conjunto de medidas acessíveis ao setor produtivo, especialmente Micro, Pequenas e Médias Empresas (MPMEs), que representam o segmento mais vulnerável aos efeitos da escassez. Confira a seguir.

  • Uso racional e medição setorial: identificar pontos de desperdício com hidrômetros por área (banheiros, copa, processos produtivos etc.).
  • Substituição de equipamentos convencionais por economizadores: torneiras com arejadores e bacias sanitárias com descarga reduzida podem gerar até 50% de economia.
  • Reúso de efluentes sanitários e captação de água da chuva: conforme normas da ABNT (NBR 15527/2019 e 16783/2019), essas práticas garantem autonomia e reduzem custos operacionais.
  • Manutenção preventiva: revisar periodicamente válvulas, registros e conexões para evitar vazamentos e perdas ocultas.
  • Conscientização e orientações: engajar equipes e clientes na cultura da economia e da responsabilidade ambientais.

Veja, ainda, dicas práticas para economizar água no dia a dia

1. Feche o registro — literalmente
 Desligue torneiras quando a água não estiver em uso e evite jatos intensos.

2. Revise os sistemas hidráulicos
 Um pequeno vazamento pode elevar em até 20% a conta mensal.

3. Treine e engaje a sua equipe
 Defina metas internas de economia e compartilhe resultados.

4. Adote equipamentos eficientes
 Instale redutores de vazão, válvulas automáticas e bacias com Volume de Descarga Reduzido (VDR), que limitam o consumo pela metade.

5. Use água de chuva e de reúso de efluentes sanitários
 Utilize para regar jardins, lavar pisos e fazer limpezas externas.

6. Faça manutenção preventiva
 Crie cronogramas semestrais de revisão de torneiras, sifões e registros.


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