Gol quadrado, sonho realizado -

Gol quadrado, sonho realizado

Primeira edição da série “Meu Xodó” de 2018 traz o impecável Volkswagen de Givanildo Santos, da Centrocar

Lucas Torres

jornalismo@novomeio.com.br

Para boa parte das pessoas, o modelo escolhido para ser chamado de “carro dos sonhos” é uma utopia. Algo para ser olhado e admirado nas fotos de catálogo, nas notícias de celebridades, nos grandes filmes…

Outras, no entanto – essas mais raras – têm como objeto de desejo um veículo que pode ser visto nas ruas todos os dias. E, mais do que isso, podem ter na garagem e chamá-lo de seu. Afinal, para elas, não é o preço ou o caráter exclusivo do modelo que o torna desejável. Mas sim um detalhe no ronco do motor, uma curva suave da lataria contornando a roda ou, ainda, a robustez e praticidade do painel, que possui somente as informações necessárias para o motorista – nada de exagero nos números, nos dados e no colorido. Esses são verdadeiramente apaixonados por carros.

Foi para essas pessoas que criamos a série Meu Xodó há três meses e a daremos continuidade ao longo de 2018. Na edição de inauguração do novo ano, apresentamos o balconista Givanildo Vieira dos Santos – de 46 anos de idade, e que há 16 trabalha na pernambucana Centrocar – e seu inseparável VW Gol 1995.

 

O personagem

Em 1988, ano em que completou 17 anos, Givanildo ingressou em seu primeiro emprego como funcionário de um lava-rápido. Apesar de nutrir desde muito cedo uma curiosidade por automóveis, foi ali que o balconista aprendeu a apreciar cada detalhe das máquinas e, mais do que isso, se apaixonar por uma delas em específico: o Gol quadrado.

Quatorze anos depois, já em 2002, ele teve sua primeira oportunidade de adquirir o modelo de seus sonhos e não hesitou: comprou um Gol 1995 vinho, com motor CHT 1000, que mantém em um quase intacto estado de conservação até hoje.

De lá para cá, Givanildo Santos e seu xodó compartilharam muitas histórias que o proprietário conta com orgulho. Em uma delas, o Golzinho superou bravamente uma pista alagada em mais de um metro de altura para conduzir o balconista, a esposa e o filho a salvo até a casa da família.

“Fui levar minha irmã até a casa dela após uma festa. Quando saímos, o céu já estava cinza e parecia que iria chover. Foi o que aconteceu. Quando a deixei no prédio em que ela morava na época, localizado em um lugar escuro e que eu não conhecia bem, começou a chover muito forte”, introduz, antes de narrar o heroísmo de seu xodó: “No caminho de volta, a pista era cheia de curvas e por estar muito escura acabou fazendo com que eu não prestasse atenção no alagamento. Quando vi a água já estava na altura do farol do carro e a luz do painel piscava sem parar. Pensei que o carro morreria e nos deixaria ilhados ali. Meu filho, à época com 6 anos de idade, começou a chorar. Mas graças a Deus no final o Gol superou a água e nos deixou em casa sãos e salvos”.

 

O xodó

Ao ser perguntado sobre o tom de constante admiração com que fala sobre seu veículo, Givanildo afirma que o Gol 95 representa para ele um sonho realizado de seu passado, do qual carrega muito orgulho – sentimento que o torna um proprietário zeloso que em todos esses anos deu apenas a um mecânico a tarefa de realizar as manutenções e revisões necessárias em seu xodó. “Esse profissional conhece muito bem o meu carro, por isso nunca deixo na mão de outro”, afirma.

Além de todo o valor sentimental demonstrado, o balconista faz questão de pontuar características práticas que fazem de seu xodó o melhor veículo que ele poderia ter. De acordo com Givanildo, o carro é extremamente econômico e possui peças muito fáceis de serem encontradas quando há necessidade de troca, fatores que tornam sua rodagem e manutenção bastante acessíveis no aspecto financeiro.

Entre todos os elogios e qualidades destacadas pelo balconista, no entanto, ainda existem modificações que Givanildo Silva deseja realizar. “Eu o adoro do jeito que ele é, mas ainda desejo aumentar a potência do motor CHT 1000 colocando um kit de motor 1.6. Além disso, quero colocar nele um ar condicionado, pois faz muita falta”, aspira o personagem.


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