A crise no dia a dia do varejo -

A crise no dia a dia do varejo

Visto pela ótica dos números frios, o cenário de desabastecimento e de aumentos constantes dos preços das autopeças é evidente.

Lucas Torres [email protected]

Visto pela ótica dos números frios, o cenário de desabastecimento e de aumentos constantes dos preços das autopeças é evidente.

É fundamental, no entanto, compreender como este ambiente amplo se reflete no dia a dia das lojas de autopeças do país. Para obter uma fotografia desta realidade, nossa reportagem conversou com empresários do segmento, representando diferentes portes e diferentes regiões do país. Participaram do survey: Renato Passaglia, da BomPreço Auto Peças de Goiás (GO); Luciano Urizzi, da Dispemec de São José dos Campos (SP); Felipe Lima, da Matrocar de Guarulhos (SP); João Pelegrini, da Pelegrini Comércio de Peças de Uberlândia (MG); Marcelo Gian, da Gian Autopeças de São Paulo (SP); e Flávio Ramos, da Ramos & Copini de Frederico Westphalen (RS).

1 – Sua loja está convivendo com alguma escassez de autopeças?

“Estamos convivendo com esta situação há mais de um ano e nos últimos meses o problema se acentuou, principalmente nas linhas de embreagens, juntas, cubos de rodas, rolamentos e retentores” João Pelegrini

“Sim, ocorre constantemente, esta ação virou uma prática em nosso setor de compras, diariamente buscamos alternativas no mercado e até na internet para atender a necessidade de nossos clientes” Luciano Urizzi “Estamos recorrendo a marcas alternativas para suprir a necessidade” Marcelo Gian “No início de 2021, assim como em 2020 foi necessário buscar alternativas para alguns itens que estavam faltando, mas foi pontual. Agora o fornecimento está normal” Flavio Ramos “Sim, após o início da pandemia até o momento atual, nosso mercado vem sofrendo com faltas de muitos produtos, das mais diferentes linhas” Felipe Lima

2 – Nos últimos seis meses, você teve de procurar fornecedores e/ou marcas alternativas para suprir dificuldades de encontrar peças em um volume que usualmente já encontrou?

“Sim, ocorre constantemente, esta ação virou uma prática em nosso setor de compras, diariamente buscamos alternativas no mercado e até na internet para atender a necessidade de nossos clientes” Luciano Urizzi

“Estamos recorrendo a marcas alternativas para suprir a necessidade” Marcelo Gian

“No início de 2021, assim como em 2020 foi necessário buscar alternativas para alguns itens que estavam faltando, mas foi pontual. Agora o fornecimento está normal” Flavio Ramos

3 – Houve aumento significativo dos preços no último trimestre?

“Em um mercado que se pauta pela lei da oferta e da procura os aumentos estão sendo constantes, em algumas linhas 10% em outras, 15%; e por aí vai” João Pelegrini

“Sim, estamos já há bastante tempo convivendo com aumentos pequenos, mas constantes e acumulativos. Ainda assim, nossas vendas cresceram cerca de 15% no último trimestre” Renato Passaglia

4 – A demanda por autopeças cresceu na sua loja no último trimestre? Você pode dizer, em números, a variação das vendas neste período?

“Sim. Verificamos um acréscimo da demanda nos últimos meses que, somado ao aumento dos preços, refletiu em um significativo incremento do faturamento. Mas há que se tomar cuidado e separar bem a leitura desses números, pois parte expressiva disso é apenas reflexo dos constantes aumentos nos preços dos produtos” Felipe Lima

“Tivemos um aumento de 10% em dezembro de 2021, um aumento de 5% em janeiro e para o mês de fevereiro está projetada uma pequena queda na média/dia de 2%” Flavio Ramos

5 – Vocês mantêm contato constante com distribuidores – ou até mesmo com a indústria – para conseguir uma previsão sobre a disponibilidade de peças nos próximos meses?

O nosso contato eu posso dizer que é diário. No entanto, toda a cadeia está sofrendo com a falta de abastecimento. A pandemia deixou todos nós sem referência. No final do ano de 2020 pensamos que já havíamos superado a pandemia, assim como no início de 2021 e o primeiro semestre todo de 2021. Sofremos muito com a doença e o volume grande de fake news. No segundo semestre do ano passado, houve uma grande demanda e ninguém estava preparado para suprir o mercado”. João Pelegrini

“Estamos em constante contato com nossos fornecedores, com pedidos agendados de itens críticos para que sejam faturados de forma imediata, quando do recebimento, antes do término de estoque novamente. Precisamos nos antecipar, afinal, convivemos com um cenário que combina aumento, demanda e falta mercadoria”. Marcelo Gian

Sim, temos contatado nossos fornecedores constantemente. Segundo a informação de nossos parceiros distribuidores e fabricantes não há previsão de estabilidade no abastecimento de produtos para este ano” Luciano Urizzi

“Sim, mas pouco de concreto se consegue obter. Todos, quase que por unanimidade, se dizem esperançosos na regularização do abastecimento em médio prazo. Por outro lado, têm ressalvas ante à expectativa da desaceleração da curva de novas contaminações pela covid e na regularização da cadeia global de suprimentos” Felipe Lima

“Mantemos contato constante, claro. Infelizmente, alegam falta de matéria-prima, dificuldades na importação de insumos e produtos, e falta de funcionários com muitos casos de covid e dengue” Renato Passaglia


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