A longa estrada do varejo, da prateleira ao metaverso -

A longa estrada do varejo, da prateleira ao metaverso

Por ser um conceito muito recente, as regras e melhores práticas de comunicação, que envolve atendimento ao consumidor, abordagem a novos clientes, suporte aos usuários da marca etc, a serem adotadas dentro desse universo virtual ainda não estão muito claras.

Por Lúcio Leite, executivo de varejo da Teltec Solutions e diretor institucional do Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo & Mercado de Consumo.

Por ser vista como um divisor de águas, a tecnologia sempre foi um ponto de interesse para o setor varejista, seja ditando as tendências de consumo quanto de vendas e experiência do consumidor.

E hoje, a bola da vez é o metaverso, conceito que visa mesclar as experiências do mundo real com o virtual.

Mas, apesar de todo o barulho que esse conceito está trazendo para o mercado em geral, não só o varejo, poucas pessoas sabem de fato o que é, e ninguém, de fato, sabe para onde está indo.

Isso porque o metaverso, assim como o que já aconteceu com o cloud computing, e antes disso com a própria internet, ainda está em fase de especulação, envolto no mistério que as grandes empresas mantêm, até saberem como poderão monetizá-lo com maior eficiência.

Já podemos ver por aí diversas marcas anunciando sua chegada ao metaverso, mas tudo de maneira incipiente, sem entrarem em grandes detalhes.

Por ser um conceito muito recente, as regras e melhores práticas de comunicação, que envolve atendimento ao consumidor, abordagem a novos clientes, suporte aos usuários da marca etc, a serem adotadas dentro desse universo virtual ainda não estão muito claras.

Em outras palavras, há muito caminho pela frente para entendermos como colocar em prática o metaverso, de maneira que traga impactos reais para os negócios.

Somado a isso tem o custo de implementação das tecnologias necessárias para levar os negócios ao metaverso, como por exemplo, uma infraestrutura que possa fornecer toda a capacidade de processamento e armazenamento de dados, e banda larga, a fim de estabelecer uma experiência imersiva de boa qualidade e sem gargalos aos consumidores.

No Brasil, existem marcas e empresas, incluindo de varejo, investindo nessa tecnologia, mas correndo sérios riscos de não proporcionarem as experiências que seus públicos esperam.

Isso porque falta a muitas empresas adotar a cultura da Tecnologia da Informação de forma imersiva, trazendo a tecnologia para as decisões corporativas, para a mesa diretora.

Chegamos a um ponto, em que o consumo de novas tecnologias se tornou inevitável em qualquer segmento do mercado, e quem não tiver um mindset voltado a governança e proteção dos dados, e inovação e manutenção do ambiente de tecnologia, não chegará longe, muito menos no metaverso.

Afinal, quem pode dizer ou não, se sua empresa está pronta para se aventurar no universo virtual, é o seu CIO.

Possuir um ambiente robusto , contar com um time de profissionais preparados para não só prestar o atendimento ao usuário interno, mas também desenvolver soluções e processos capazes de otimizar os setores da empresa.

Seria como falar em saneamento básico para toda a população sem ter como levar rede de água e esgoto às residências, sem ter um plano bem estruturado e mão de obra adequada.

É preciso ter consciência de que um projeto mal feito, seja ele qual for, pode acarretar em situações catastróficas para os negócios, e o efeito é aumentado conforme o grau de criticidade do projeto. Mas é difícil ter essa percepção quando a TI não está no centro da estratégia corporativa.

Trazer a tecnologia para os negócios precisa ser compreendido como um compromisso sério, encará-la como um ativo de real importância para o futuro dos negócios, pois cada vez mais o digital estará presente na interação com os consumidores das novas gerações.

Para ter uma ideia, estima-se que até 2030, cerca de 40% da população mundial seja formada pelas gerações Z e a chamada Geração Alpha, nascidos a partir de 2010.

Essas pessoas, que terão poder de compra e de tomada decisão em breve, já estão crescendo em dois mundos, o real e o virtual, o que está exigindo das empresas varejistas uma mudança radical e imediata na forma pensar em tecnologia para poder falar a mesma língua que esses jovens.

Na NRF 2022, maior evento de varejo do mundo, realizado nos Estados Unidos, muito se falou de metaverso.

Acompanhei apresentações e palestras que mostravam a importância de não ficar de fora dessa novidade, que segundo levantamento da Bloomberg Intelligence, deve movimentar um mercado de US$ 800 bilhões, cerca de 4,5 trilhões de reais, até 2024.

Especialistas afirmavam que o metaverso é o futuro de qualquer segmento, a ponte com as novas gerações de consumidores, e apresentavam o conceito como uma ideia de futuro, com diversas marcas fazendo uso do espaço virtual.

Mas como os varejistas podem pensar em dar um passo tão grande em direção ao futuro da tecnologia, se ainda precisam percorrer um longo caminho em relação ao amadurecimento de suas áreas de TI?

Por isso, sou da opinião que é preciso fazer o dever de casa, olhar para dentro, e colocar a tecnologia no centro de tudo, e ao lado do cliente, de outra forma não haverá conexão entre o negócio e o público-alvo, independente se no mundo físico ou digital.

Invista na sua TI, valorize seus profissionais e a traga para junto das tomadas de decisões. Assim, novos mundos se abrirão para você e seu negócio.


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