Abrigo Essencial ou Ideologia Providencial -

Abrigo Essencial ou Ideologia Providencial

Nesta reflexão queremos cogitar sobre os mecanismos de pensamentos e defesas individuais que conduzem os homens a algum dos cantos das polaridades estabelecidas, divididos em seguidas apologias ideológicas e culturais, quase sempre legadas de alguma forma por influências exteriores, que terminam por armar as cenas dualistas das nossas sociedades.
Jovem protestando pelos direitos das mulheres em nossa sociedade.

Nesta reflexão queremos cogitar sobre os mecanismos de pensamentos e defesas individuais que conduzem os homens a algum dos cantos das polaridades estabelecidas, divididos em seguidas apologias ideológicas e culturais, quase sempre legadas de alguma forma por influências exteriores, que terminam por armar as cenas dualistas das nossas sociedades, formadora de grupos sociais uniformizados com vestes adversárias, em gritos de vozes concorrentes desde crenças involuntariamente herdadas.

Com a licença da intelectualidade filosófica e literária e a abstenção das muitas doutrinas constituídas e acumuladas para o tema complexo, tem essa intervenção o objetivo de simplificar e conduzir a uma reflexão livre, a um questionamento aguçado sobre essa história de divisão social, de partidos que terminam por, digamos, partir a raiz fundamental do pressuposto da paz e da unidade.

Assim, leva-nos o olhar histórico a confirmar os homens debatendo-se como algozes de seu semelhante, manifestando uma linhagem natural defeituosa, mesquinha, competidora e, finalmente, essencialmente carente.

Esse erro acompanha a história da humanidade, anunciando séculos de formação de esquadrões adversários que entregam a vida em batalhas que cumpram a missão de suprir o que reclama a fissura perpétua de suas almas.

Pois esse raciocínio serve à introdução, a uma convocação reflexiva, a um treinamento para um olhar panorâmico dos nossos dias, que permita que nos destaquemos das cenas das nossas paixões e amarrações políticas e filosóficas que estão reunidas como os nossos raciocínios, se apropriando da nossa opinião, se apoderando de nossas defesas e propósitos.

Investigue sobre essa truculência emocional humana, a de defender suas ideias, suas conclusões, suas ideologias, em uma dedicada luta que faz todos os que dessas são adversários inimigos aguerridos de suas causas, encerrando o destino do guerreiro de suas crenças em algum dos cantos partidários, sejam esses políticas, sociais, culturais, religiosos e até, choquem-se, esportivos.

Serve esse olhar para que veja a si mesmo na cena, desde alguma das esquinas dos suas próprios opostos, que elege adversários que conspiram contra as suas próprias opiniões e ordens filosóficas e emocionais, terminando por te decretar um militante, um combatente de uma causa que deveria ser mais debatida na sua consciência.

No entanto, acessar esse estado de consciência só parece possível a partir de uma dedicada separação do estado mental arraigado por esses valores fundamentalistas, imutavelmente constituídos como a sua ideologia de vida, que não podem ser ameaçados em sua soberania por suas investigações rasas por que se transformaram na sua militar defesa, às ordens da sua opinião imperadora.

Pois aí que pode estar o seu maior adversário, dentro de você mesmo, nessas ordenanças inquestionáveis, fundamentais para te fazer um soldado defensor do que entende ser o melhor, o mais correto, o mais justo, o mais amável, segundo o que determina os seus sentimentos, as suas emoções, a sua mente.

A tarefa de buscar cogitar algum confronto com esse estado emocional depende, portanto, de uma ação anterior, desde onde se abriga a consciência, que parece consecutivamente adormecida se não invocada por uma reflexão definitivamente questionadora, que tenha a chance de conferir os fundamentos das suas verdades.

Talvez possamos por esse caminho chegar a ver nossas certezas capitalistas ou socialistas igualmente como: opostos de um mesmo lado; ou os nossas ideias sociais e culturais antagonizados por opiniões adversárias: desde uma única raiz; ou ainda nossas paixões em paralelo às mesmas débeis paixões dos outros eleitos competidores que foram inventados para e por mim mesmo.

O caráter prático dessa mediação tem o propósito sim, de inspirar suas reflexões sobre si mesmo, sobre esse estado egocêntrico-competitivo-inato, mas também serve para que você avalie se deve bater em panelas em janelas ou sair nas ruas com as vestes de alguma das cores das polaridades políticas carregadas de logros, que incitam o uso dos uniformes da nossa distração, da verdadeira essência da natureza que nos domina e nos encerra em algum dos lados programados para sepultar um autônomo e genuíno entendimento sobre as coisas.

Pensando bem, o abrigo essencial desse socorro autocrático ou ideologia providencial para nos afastar de nós mesmos, desse íntimo emocional frágil, demanda ser analisado, refletido, questionado por uma consciência tocada por novas intuições. Como essa.

Ouça o podcast Pensando Bem, a informação tratada para se tornar original por você mesmo, nas plataformas digitais da Novo Meio.


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