Em entrevista à reportagem do Novo Varejo, George Rugitsky, diretor de Economia e Mercados do Sindipeças, fez um balanço do desempenho das indústrias no aftermarket automotivo em 2024 e apontou expectativas do setor para o ano que está começando.
Novo Varejo – Quais foram os resultados do aftermarket automotivo em 2024?
George Rugitsky – De acordo com nossas estimativas, o faturamento da indústria de autopeças no segmento de reposição em 2024 deve representar cerca de 23,1% do total, o que corresponde a R$ 59,3 bilhões. Esse valor não inclui os markups da distribuição e do varejo. Caso essa previsão se confirme, haverá um crescimento de 10% em relação ao ano anterior, nominalmente. Esse resultado é considerado positivo, pois, embora as vendas de veículos novos tenham crescido mais de 14%, o mercado de reposição demonstrou resiliência, mantendo crescimento expressivo. Nos últimos anos, o aumento da frota e da frota relevante, que é atendida pelo mercado de reposição independente, tem sido abaixo de 1%, o que não impulsiona o crescimento desse mercado. Já um fator importante para o crescimento foi o volume recorde de vendas de veículos usados, com cerca de 15,7 milhões de unidades negociadas.
Novo Varejo – E olhando para este ano, quais devem ser os principais desafios e oportunidades para as empresas do setor?
George Rugitsky – Em 2025, as condições macroeconômicas devem ser menos favoráveis do que em 2024, com inflação em alta, juros elevados e câmbio alto, o que pode impactar negativamente o PIB. Como resultado, espera-se que as vendas de veículos novos sofram uma queda, levando os consumidores a optarem por veículos seminovos ou usados, o que impulsionará o mercado de reposição independente. Por outro lado, um desafio e, ao mesmo tempo, uma oportunidade, surge com o forte crescimento dos veículos eletrificados (híbridos, híbridos plug-in e 100% elétricos), que registrou quase 90% de aumento em 2024. Esse crescimento continuará a se acelerar, com todas as montadoras lançando novos modelos nesse segmento. Em breve, frota significativa de veículos eletrificados exigirá manutenção na rede independente. As empresas da cadeia, como fabricantes, distribuidores, varejistas e aplicadores, que se prepararem antecipadamente, terão a chance de se beneficiar desse crescimento.
Além disso, a digitalização está avançando rapidamente e deve ser prioridade para todos os envolvidos no mercado de reposição. Outro ponto importante é o crescente déficit da balança comercial, já que muitos itens que abastecem o mercado de reposição vêm de importações. A indústria precisa manter atenção para garantir sua competitividade nesse cenário.