Muitos se fazem a pergunta na hora de abastacer: Álcool ou gasolina? Essa dúvida persegue muitos motoristas de veículos flex que querem saber uma resposta definitiva para a questão. Qual vale mais a pena? Quais desses combustíveis rende mais? Para saber tudo sobre esse assunto, vamos explicar como cada uma é composta e como seu carro será afetado.
Consumo: Qual vale mais a pena? Álcool ou gasolina?
O álcool tem um nível de consumo um pouco superior ao da gasolina em um mesmo motor. Na média, veículos leves, os mais comuns que vemos nas ruas brasileiras, consomem entre 25 e 30% a mais com o etanol que com a gasolina, com ambos marcando a mesma distância percorrida.
Como saber se vale a pena optar pelo álcool ou gasolina nesse caso? Faça um cálculo simples e ele te dará a resposta! Multiplique o preço da gasolina no posto de combústivel de sua preferência por 0,75, uma conta segura por conta de últimos testes de rendimento. Se for maior que o custo do álcool, não opte pela gasolina, mas se essa soma for menor abasteça seu veículo com gasolina.
Essa fórmula é a melhor maneira de decidir entre o álcool ou a gasolina quando o fator é o preço do combustível.
Claro, existem diversas mudanças no cálculo de seu consumo conforme a maneira que você utiliza seu veículo. Por exemplo, o trânsito que você pega indo para o trabalho, trajetos mais frequentes, a frequência do uso do ar-condicionado, entre outros fatores relacionados à tecnologia presente em seu automóvel.
Além disso, existem alguns atalhos, caso o seu automóvel seja mais “moderno”. Se ele for equipado com um computador de bordo, essa tecnologia irá apontar quanto quilômetros por litro (km/l) o seu veículo está fazendo. Essa facilidade faz com que você consiga ter uma noção do seu perfil de condução e qual será a velocidade do seu consumo de combustível!
No caso de ser um veículo importado, a demonstração do consumo será diferente de um automóvel nacional. O carro irá mostrar o consumo em litros consumidos a cada 100 km rodados (l/100km). Aí o proprietário do modelo deve fazer a seguinte conta: dividir a distância pela quantidade de combustível gasto.
Além do consumo. Álcool ou Gasolina? O que é verdade ou mentira nesses combustíveis?
– O álcool dá mais potência ao motor?
Verdade: O aumento de potência é o resultado de uma combustão mais eficiente, que se relaciona com maior octanagem e velocidade de queima de combustível. Com o álcool, o motor pode funcionar com maior taxa de compressão. Isso acontece geralmente, apesar que alguns fabricantes tentam manter a mesma potência, o que ocasiona em uma perda de rendimento.
– Colocar apenas álcool prejudica o motor?
Mentira: Nenhuma peça do motor é prejudicada com o uso desse biocombustível. Antigamente, existiam problemas de corrosão, um medo que os motoristas têm até hoje. Só que hoje em dia esse problema foi superado e não existe mais.
– Preciso misturar álcool e gasolina?
Mentira: Não é necessário misturar os dois combustíveis no tanque do veículos, porque o motor flex foi feito para trabalhar com eles de maneira separada. Você se preferir, pode usar a vida inteira do seu carro um dos dois combustíveis.
– O álcool mantém o motor mais limpo que a gasolina?
Verdade: O álcool deixa menos resíduos nos bicos injetores e, como consequência, mantém o motor mais limpo. Ao contrário da gasolina, o álcool mantém o motor por mais tempo em condições similares ao de um veículo recém saído da concessionária.
– Em temperaturas muito baixas, o veículo que usa apenas álcool apresenta dificuldades para ligar?
Mentira: Utilizando apenas álcool, o automóvel com motor flex não deve apresentar dificuldades no arranque nos dias frios, já que conta com um sistema de arranque em temperaturas baixas. Antigamente, existia um pequeno tanque de reserva de gasolina, que era injetado para o arranque. Atualmente os veículos contam com uma tecnologia que esquenta o álcool perto da boca do injetor.
– O primeiro abastecimento do meu carro flex tem que ser obrigatoriamente com gasolina?
Mentira: Quando você adquire um veículo desse tipo, é recomendado utilizar apenas um tipo de combústivel no começo, não importando se ele for gasolina ou etanol, e não desligar o automóvel por pelo menos 15 minutos. Isso faz com que a central eletrônica se adapte ao combustível de sua escolha.
Antes de comprar o veículo, o carro passa por diversas provas, sendo abastecido com um certo combustível. Como o motorista do veículo novo não é informado sobre qual o combustível utilizado nesse teste, se ele utilizar outro no começo, a central não estará acostumada ao que está sendo abastecido no tanque.
– O rendimento é melhorado com um combustível aditivado?
Mentira: Tanto no caso do álcool quanto da gasolina essa afirmação é mentirosa. O objetivo do combustível aditivado não é melhorar o rendimento. Por exemplo, a gasolina aditivada faz a mesma quilometragem por litro do que a versão comum desse combustível. Já o etanol aditivado tem uma performance parecida com a relatada com a gasolina aditivada.
Em raros casos, o automóvel pode realmente ter uma leve melhora em seu rendimento e ser mais econômico, mas a razão disso acontecer não tem a ver com o combustível aditivado ser superior às versões comuns. Quando o motor do seu veículo está muito sujo, diversos problemas podem acontecer durante a queima, o que aumenta o consumo de combustível e reduzir o desempenho dele. A limpeza resolve esse obstáculo e traz um novo fôlego ao motor do seu carro.
Qual combustível poluí mais?
O álcool não afeta a camada de ozônio, diferentemente da gasolina. Mas qual o motivo disso? O etanol é produzido da fermentação da cana de açúcar, composto por hidrogênio, carbono e oxigênio: sua queima emite menos gases poluentes em nossa atmosfera.
Já a gasolina é composta por hidrocarbonetos (carbono e hidrogênio) e apresenta dióxido (CO2) e monóxido de carbono (CO) em sua combustão. O CO2 contribui para o efeito estufa e o aquecimento global, enquanto o CO se acumula na atmosfera e causa muita poluição.
Outro fator vantajoso do álcool nessa disputa é seu poder calorífico: 6300 cal/g. Isso significa a energia liberada pelo combustível quando queimado. Como o valor do etanol é alto, ele consegue mover o automóvel com menos combustível queimando.
Qual o futuro desses combustíveis?
Com o avanço de novas tecnologias, álcool e gasolina podem ter seus dias contados em um futuro breve. Países, principalmente da Europa, estão restringindo cada vez mais as leis em relação aos combustíveis fósseis e beneficiando novos formas de se locomover com o automóvel.
Uma das opções que vêm chamando a atenção é o hidrogênio. Derivado de combustíveis fósseis, incluindo carvão e gás natural, esse combustível tem causado polêmica porque sua produção não é muito sustentável. As usinas de produção emitem gases de efeito estufa, mas as companhias produtoras podem reduzir as emissões de dióxido de carbono ( CO2) em 90% com certas tecnologias.
Porém, a tecnologia que parece estar à frente nessa corrida para substituir os combustíveis fósseis é a eletricidade. O motor elétrico tem rendimento acima de 90%, muito maior que o motor de combustão interna, que possui cerca de 50% de rendimento.
Além disso, como não estão envolvidos combustíveis fósseis, não existe um grande nível de poluição ao nosso meio ambiente. Legislações europeias já vem beneficiando os carros elétricos, com menos impostos e mais facilidades na hora da compra.
E no Brasil? Talvez ainda demore a eletrificação massiva de nossa frota, diferente do cenário europeu, mas a tendência é que os carros flex tenham muito espaço nos próximos 10 anos. Vamos esperar o futuro para saber o que moverá os carros brasileiros daqui algumas décadas.
Carros movidos a combustíveis fósseis serão extintos?
O horizonte dos combustíveis fósseis já enxerga um fim. A União Europeia já colocou um prazo para o fim da era da combustão – que já foi um dos principais motores da economia europeia com o carvão, petróleo e gás natural. O ano de validade é 2050.
As emissões de gases de efeito estufa devem desaparecer com a cessão dos combustíveis fósseis no continente, conforme a Comissão Europeia (Poder Executivo da União Europeia) propôs ao colocar essa data limite.
Muitos acreditam que a “extinção” dos motores a combustão criarão um prejuízo econômico, mas os estudos mostram que a ação será benéfico até nesse sentido, além de ser melhor para o meio ambiente e saúde da população.
As antigas regulamentações europeias não eram suficientes para cumprir o Acordo de Paris, que reconhece que o aquecimento global é irreversível, mas uma menor poluição é fundamental para evitar piores catástrofes climáticas e sanitárias.
A maioria dos ministros do Meio Ambiente dos países europeus concordaram com o projeto da Comissão Europeia. Fazem parte desse grupo nações importantes em quesitos industriais, como França, Itália e Espanha.
Se na Europa, o prazo é 2050, com uma indústria e uma infraestrutura das cidades já bem equipada para a produção e locomoção de veículos elétricos, a história no Brasil e países da América Latina é diferente.
A Comissão de Constituição de Justiça (CCJ) aprovou em 2020 um projeto de lei que visa proibir a comercialização de veículos com motores que funcionem a combustíveis fósseis a partir de 1º de janeiro de 2030.
Essa lei impede que carros com motores a diesel e gasolina venham de fábrica, porém veículos com uma fabricação prévia ainda poderão andar pelas ruas brasileiras.
Também é bom frisar que motores movidos a biocombustível, como o etanol, estariam liberados, além, claro, dos automóveis elétricos.
Outro ponto desse projeto é que ele daria 10 anos para toda a frota estar no mesmo estado de motorização. Em 2040 estaria proibida a circulação de motores a combustão. As exceções da medida seriam carros de coleção, veículos oficiais e diplomáticos, além de automóveis de visitantes estrangeiros.
Além dos casos do Brasil e da União Europeia, a Noruega se destaca pelo imediatismo em extinguir os carros movidos a motores de combustão. No país nórdico, apenas carros elétricos e híbridos devem circular nas ruas norueguesas em 2025.
Para se ter uma ideia da vanguarda da Noruega no assunto, o país vendeu mais carros elétricos em março de 2019 do que os “tradicionais”, com 58,7% das unidades.
A Noruega beneficia os donos de carros elétricos com permissão para uso de faixas restritas ao transporte público e isenção de alguns pedágios, pelo menos até 2021.
O país do norte da Europa incentiva a população a usar carros elétricos desde a década de 90, época que eles ainda não tão populares.
A montadora norte-americana Tesla, do bilionário Elon Musk, é uma das testemunhas dos sucessos dos elétricos na Noruega. Em 2018, a marca exportou mais de 8,6 mil veículos para o país da Escandinávia.
Outra marca que vem aproveitando o boom dos elétricos na Noruega é a Audi. O modelo e-tron foi um dos mais vendidos em 2019. Outros veículos que vêm tendo bons números no país são o Renault Zoe e a versão elétrica do Volkswagen Golf.
Mesmo um dos países que mais tem índices de grande poluição, a China, está apostando nos elétricos em sua forte indústria automotiva.
A chinesa BYD, que fábrica ônibus elétricos, é a maior fabricante mundial de veículos movidos a este tipo de energia.
Até a Tesla virou inspiração para os chineses. A marca NIO, presente até na categoria de monopostos da categoria elétrica, a Fórmula E, vem fabricando modelos de luxo movidos à bateria.
A própria criação de uma categoria de automobilismo apenas para elétricos, como a Fórmula E, mostra como o debate vem avançando em todos os segmentos das montadoras.
Além da NIO, Audi, Mercedes-Benz, DS Automobiles, Porsche, Venturi, Jaguar, Nissan, BMW e Mahindra fazem parte da Fórmula E, mostrando que as montadoras cada vez mais querem ser identificadas como marcas que produzem elétricos de qualidade.
O futuro no Brasil é incerto, porém os projetos de lei podem dar um norte à discussão. É preciso esperar os próximos anos para ver se todas as ações corretas serão tomadas para a implementação total dos elétricos, além dos biocombustíveis já presentes no país.