Após quatro meses de desaceleração, custo de vida aumenta em São Paulo -

Após quatro meses de desaceleração, custo de vida aumenta em São Paulo

Gastos com educação, alimentação e transportes puxaram a inflação de fevereiro; no comparativo anual, a variação acumulada é menor

Após quatro meses em ritmo lento, o custo de viver na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) voltou a acelerar, como mostra a pesquisa Custo de Vida por Classe Social (CVCS), da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), de fevereiro. O índice subiu 0,71% na comparação a janeiro, na maior elevação em 12 meses [gráfico 1].

No acumulado de um ano, a CVCS já cresceu 3,67%, margem ainda abaixo do registrado no mesmo período do ano passado, quando era de 5,79%. Segundo a FecomercioSP, o custo de vida está acima do que era esperado, puxado, principalmente, pelo aumento dos preços em sete das nove atividades que compõem o indicador. Dentre elas, destacam-se a educação, influenciada pelo início do ano letivo, e os grupos de alimentação e transportes, que só não estão piores em razão da queda do preço do óleo diesel ao longo do mês. 

[GRÁFICO 1]
CUSTO DE VIDA POR CLASSE SOCIAL (CVCS)
12 MESES
Fonte: FecomercioSP

Ainda assim, a Federação observa que a pressão sobre os preços não se resolverá a curto prazo. O impacto disso será mais forte entre as famílias de baixa renda, na medida em que os gastos com alimentação e transporte representam quase a metade (45%) dos custos desses lares.  

O grupo de educação foi o que gerou a maior pressão sobre o custo de vida na RMSP em fevereiro, com variação para cima de 4,84% [tabela 1]. Ainda assim, é um fenômeno transitório, cujo impacto é maior entre famílias de renda mais elevada. Pelos dados, os custos com esse tipo de produto subiram 5,16% para a Classe B, e 2,68% para a E. A partir de abril, é uma atividade que tende a se estabilizar.

Seguindo a tendência de janeiro, os custos da comida também continuam crescendo. Em fevereiro, a curva foi ascendente em 0,54%, resultado das mudanças climáticas provocado pelo El Niño, que acabam prejudicando o cultivo dos mais diversos tipos de alimentos e, consequentemente, aumentando os custos de toda a cadeia, da produção ao consumo nas prateleiras de supermercados. Por exemplo, foram registrados aumentos significativos nos preços das frutas (2,93%), hortaliças e verduras (3,98%), dos tubérculos e legumes (5,85%), do feijão (6,29%), do pão francês (1,35%), do leite (1,11%) entre outros. Trata-se de um impacto que deve ser sentido por todas as famílias, já que são itens considerados essenciais, ou seja, difíceis de substituir por outros produtos para contornar a inflação.

[TABELA 1]
CUSTO DE VIDA POR CLASSE SOCIAL (CVCS)
Fonte: FecomercioSP

Felizmente, esses efeitos poderiam ser piores. O óleo diesel ajudou a segurar a inflação sobre os alimentos, na medida em que ficou mais barato durante o mês, freando os custos de transporte e logística dos produtos.

Por outro lado, os encarecimentos do etanol (4,23%) e da gasolina (1,36%) foram responsáveis por aumentar significativamente os custos dos transportes. O grupo teve a segunda maior participação na alta da inflação do mês, com variação de 0,78%.
 

Os únicos dois grupos que registraram redução nos preços foram despesas pessoais (-0,23%) e vestuário (-0,15%), mas sofreram impacto reduzido graças ao desempenho geral das atividades.

Índice de Preços no Varejo (IPV)

O IPV subiu 0,58%, em fevereiro, com uma alta acumulada de 0,75%. Em 2023, o indicador acumulava 0,70% entre janeiro e fevereiro e 5,29% no período entre março de 2022 e fevereiro de 2023. Dentre os oito grupos que compõem o índice, três encerraram fevereiro com decréscimo nas variações médias: vestuário (-0,15%), habitação (-0,09%) e despesas pessoais (-0,07%). A contribuição que mais corroborou para a alta do resultado foi a do grupo de transportes (1,23%). O acumulado dos últimos 12 meses foi de 3,05% e em 2024 de 0,78%. 

Índice de Preços nos Serviços (IPS)

O IPS variou 0,85%, acumulando alta de 1,23%. O indicador acumulava 5,79%, em fevereiro do ano passado, e 1,61%, no período compreendido entre janeiro e fevereiro e 6,29% no período compreendido entre março de 2022 e fevereiro de 2023. Dentre os oito grupos que compõem o índice, dois encerraram o mês com decréscimo nas variações médias: despesas pessoais (-0,31%) e transportes (-0,02%). A contribuição que mais corroborou para a alta do resultado foi a do grupo de educação (5,19). O acumulado nos últimos doze meses é de 6,16% e em 2024 de 5,21%.

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