Em um mundo cada vez mais digitalizado, as lojas físicas precisam ser mais do que um mero espaço de compra. Na perspectiva de futuro, há um movimento do varejo de transformação das lojas comerciais em centros de experiências imersivas e memoráveis. Esse novo conceito, chamado “slow retail”, ou “varejo lento”, fez parte da palestra do especialista e visionário do setor, Lee Peterson, durante a edição de 2025 da NRF, maior feira de varejo do mundo, realizada mês passado nos EUA.
Segundo ele, não há possibilidade de o varejo físico competir com o e-commerce, principalmente no que se refere ao impacto do tempo e à velocidade. “As lojas precisam mudar sua mentalidade: não é sobre ser rápido, é sobre oferecer uma experiência que o e-commerce não consegue replicar”, destacou.
A proposta do “slow retail”, inclui entre outras ações, o aprimoramento da experiência de compra por meio do design criativo e uso de estímulos sensoriais. O gerente adjunto de acesso a mercados do Sebrae Nacional, Ivan Tonet, afirma que, para os pequenos negócios, uma ambientação adequada pode ser um diferencial competitivo, contribuindo para destacar a empresa no mercado e fidelizar clientes.
É crucial para atrair e reter clientes, influenciando diretamente o comportamento de compra. Uma loja bem ambientada proporciona uma experiência de compra agradável, aumentando o tempo de permanência do cliente no estabelecimento e, consequentemente, as chances de compra.
Ivan Tonet, gerente adjunto de acesso a mercados do Sebrae Nacional.
Marketing sensorial em alta
O uso de estímulos dos cinco sentidos (olfato, visão, audição, paladar e tato) é uma técnica conhecida como marketing sensorial. Algumas grandes marcas criaram sensações que remetem a seus produtos. A Melissa, por exemplo, criou um cheiro inconfundível de tutti-frutti para sua loja e produtos. A plataforma de filmes Netflix criou um logotipo sonoro, o famoso “tudum”, como sua identidade de marca.
Tonet explica que o marketing sensorial tem o objetivo de criar uma conexão emocional com a marca. Segundo ele, algumas estratégias são bastante acessíveis aos pequenos negócios. No caso da visão, sugere que o empreendedor utilize cores que reflitam a identidade da marca e que sejam atraentes para o público-alvo.
Uma iluminação adequada destaca produtos e cria uma atmosfera convidativa. Por exemplo, luzes mais quentes podem proporcionar uma sensação de conforto, enquanto luzes mais frias podem transmitir modernidade.
Ivan Tonet, gerente adjunto de acesso a mercados do Sebrae Nacional.
De acordo com Tonet, uma trilha sonora adequada ao perfil do cliente e posicionamento da loja pode influenciar o humor do consumidor e melhorar a experiência de compra. Em ambientes em que é preciso ter um tempo de espera é comum que uma música seja tocada no fundo para distrair os clientes.
O olfato, por outro lado, é um dos sentidos mais explorados pelas empresas do ramo de Alimentação e Bebidas. O gerente adjunto recomenda que aromatizar o ambiente com fragrâncias agradáveis reforçam a identidade da marca. Uma padaria, por exemplo, pode utilizar o aroma de pão fresco para atrair clientes.
“São ações não exigem grandes investimentos e podem ser implementadas de acordo com a realidade de cada negócio”, acrescenta.