Aumento nos custos de importação gera amplo descontentamento no setor industrial -

Aumento nos custos de importação gera amplo descontentamento no setor industrial

Em análise publicada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), a entidade apontou que o movimento estilingue realizado pelo comércio internacional – que levou a uma disparada de encomendas por insumos e mercadorias do comércio exterior em níveis acima das projeções – colocou em xeque a capacidade logística dos armadores e terminais portuários.

Lucas Torres [email protected]

Da escassez de navios e contêineres e quase letargia da movimentação do comércio internacional durante os momentos mais agudos da pandemia a uma crise motivada pela super-demanda. Assim o transporte marítimo internacional tem visto continuar aquela que tem sido classificada pelos especialistas como a maior crise do setor desde a introdução dos contêineres, há 65 anos.

Em análise publicada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), a entidade apontou que o movimento estilingue realizado pelo comércio internacional – que levou a uma disparada de encomendas por insumos e mercadorias do comércio exterior em níveis acima das projeções – colocou em xeque a capacidade logística dos armadores e terminais  portuários.

Além dos relatos corriqueiros da imprensa nacional e internacional a respeito do trânsito caótico de alguns dos principais portos do mundo, a análise da CNI ganha suporte nos números objetivos provenientes de análises como o relatório Dados de Desempenho dos Portos, da IHS Markit. Se até 2019 a consultoria apontava um tempo médio de 8 horas de espera para navios que buscavam ancorar nos portos da América do Norte, hoje o cálculo mostra uma média de 33 horas.

Sobre isso, o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil, José Augusto de Castro, explica que efeitos residuais da escassez gerada pela paralisação dos portos chineses no custo do frete para as mais diversas rotas mundiais se somaram à corrida internacional pela retomada econômica, pressionando de maneira drástica os custos daqueles que se dispõem a importar. “Infelizmente, tivemos um aumento real e muito grande do frete. Se antes da pandemia o custo do frete por contêiner era de US$ 1.800, hoje ele pode chegar a US$ 10.000, US$ 12.000 ou até US$ 15.000”, lamenta o dirigente. O impacto desta explosão de preços foi sentido de maneira imediata pelos importadores brasileiros.

Em levantamento realizado pela CNI junto a 128 empresas e associações industriais do país, o aumento exponencial do valor do frete foi citado como um problema percebido por 96% dos participantes da pesquisa – o que colocou o item na liderança dos gargalos do comércio marítimo local, à frente da ainda persistente indisponibilidade de navios ou de espaço e da indisponibilidade de contêineres, percebidos por 73% e 59% dos participantes, respectivamente.


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