A crise econômica que afetou o Brasil nos últimos anos resultou em inevitáveis ajustes no consumo doméstico. Especialista no assunto, Renato Meirelles contou que 80% dos brasileiros reduziram a compra de alguma categoria de produto, 53% migraram para marcas mais baratas, 49% migraram para canais de compra mais baratos e 24% pararam de comprar alguma categoria de produto. “Tudo isso fez com que o consumidor se sentisse triste na hora de comprar. Durante anos, comprar qualquer coisa era um momento de celebração, de vitória, as pessoas saiam felizes e satisfeitas do supermercado ou de uma concessionária. Ou seja, antes a pessoa saia com um carro da loja, hoje ela sai com uma dívida”.
E, neste cenário, o consultor questiona a estratégia de comunicação daquelas empresas que se preocupam apenas em ofertar preço. “Se tem uma coisa que eu aprendi durante 15 anos estudando consumidor é que ele não quer que lembrem que ele é pobre, ele já sabe disso. O que ele quer é comprar pela relação entre custo e beneficio. Não é a toa que 76% dos brasileiros não conseguem mencionar o nome de nenhuma empresa que esteja ao seu lado nesse momento de crise. Os brasileiros muitas vezes se sentem órfãos. As empresas que souberem se posicionar ao lado deles têm uma chance enorme de conseguir se estabelecer no mercado”.
A crise econômica, política e de liderança enfrentada pelo país impacta também na perspectiva dos consumidores. “Apuramos que 86% dos brasileiros não conseguem citar um nome capaz de tirar o país da crise. Tamanha é a falta de perspectiva que só 49% acham que o país vai melhorar no próximo ano; porém, mais de 80% acham que a própria vida vai melhorar. Porque entendem que o Brasil depende dos outros, mas a própria vida depende do trabalho e do esforço de cada um”.
