Claudio Milan: [email protected]
O setor automotivo vive um dos momentos mais disruptivos desde que Gottlieb Daimler e Carl Benz patentearam e colocaram para rodar os primeiros automóveis movidos por motores de combustão interna, em 1886. É uma verdadeira revolução em curso. Conforme enumera o relatório da “Pesquisa Executiva Anual do Setor Automotivo Global 2021” (GAES), da KPMG – a 22ª segunda edição deste estudo realizada – táxis voadores, carros por assinatura, estações rápidas para recarga de veículos elétricos e novos entrantes big-tech são avanços que podemos esperar nos próximos 10 anos. Quem sabe até antes. As tendências apuradas pelo estudo vêm das fontes mais confiáveis existentes: nada menos que 1.118 executivos do setor automotivo ouvidos em 31 países, incluindo 372 CEOs, 325 outros altos executivos, chefes de unidades de negócios, departamentos e gerentes. Um quarto (24%) trabalha para fabricantes de automóveis e 13% para fornecedores de primeira linha. Se esses caras não sabem o que vai acontecer neste mercado, então ninguém sabe…
São várias as conclusões do estudo, mas algumas interessam mais de perto aos gestores e profissionais do setor automotivo. Um dos pontos presentes é a falta de insumos para a indústria.
A grave crise dos semicondutores que vem prejudicando sobremaneira a produção de veículos em todo o mundo acendeu o sinal vermelho entre os executivos da indústria automotiva. Os resultados divulgados pela KPMG revelam que os participantes da “Pesquisa Executiva Anual do Setor Automotivo Global 2021” mostram considerável ansiedade quanto aos principais aspectos das operações tanto em curto quanto em longo prazo Neste cardápio de aflições se destaca – e não poderia ser diferente – toda a cadeia de suprimentos para o setor automotivo. Mais da metade dos entrevistados está muito ou extremamente preocupada com o preço e o fornecimento dos mais variados produtos, partindo das commodities – mas com destaque para aço e semicondutores. Os executivos também expressaram preocupação com a escassez de mão de obra, especialmente nos Estados Unidos. Dados do Bureau of Labor dos EUA sugerem que havia mais de meio milhão de vagas de emprego não preenchidas na fabricação de bens duráveis no país em setembro do ano passado. Alguém se candidata? A maioria dos executivos da indústria automobilística diz que pretende exercer mais controle sobre a cadeia de suprimentos. Quase dois terços alegam que é muito ou extremamente importante fazer investimentos diretos em fornecedores. Os entrevistados também demonstraram preocupação com o ambiente regulatório para o comércio: 57% disseram que o custo e a complexidade das regras e tarifas comerciais aumentarão nos próximos cinco anos.
