Carro e tecnologia: a que ponto chegamos -

Carro e tecnologia: a que ponto chegamos

Motores elétricos potentes, autonomia estendida, infoentretenimento de primeira classe e condução autônoma nível 3 estão entre os atrativos da Série 7 da BMW

Na década de 1960 do século passado, uma novidade revolucionou a cultura automotiva nos Estados Unidos. De olho no público mais jovem, as montadoras começaram a equipar seus carros médios com motores gigantes originários de modelos muito maiores e pesados. Esta foi a receita básica para um dos maiores orgulhos dos aficionados norte-americanos até hoje: os chamados muscle cars, os “carros musculosos”, de altíssimo desempenho. Muitos puristas da tendência certamente se enfureceram com o recente anúncio do lançamento do primeiro muscle car elétrico: o Dodge Charger Daytona Scat Pack 2024. Se aqui no Brasil todos os envolvidos com o universo do automóvel sabem do peso da grife Dodge Charger, lá nos EUA a lenda é ainda mais venerada.

Agora, para espanto e desespero de muitos, o ícone chega com propulsão 100% elétrica e potência de 670 cavalos. Sacrilégio? O novo Dodge nada mais é do que um passo esperado no processo disruptivo que a indústria do setor vem experimentando. Um muscle car elétrico é, por definição, disrupção pura, mas o Charger não está sozinho na eletrificação de carros velozes e/ou luxuosos. Na verdade, o objeto deste texto nada tem a ver com o modelo americano, mas parte dele para ilustrar a força da tendência também em automóveis muito mais sofisticados e desejados.

POTÊNCIA ALEMÃ

O foco aqui é outro ícone, do lado de lá do Atlântico: o BMW série 7, uma referência global em sofisticação e desempenho. Lançado na versão EV em diferentes países ao longo do segundo semestre de 2023, o sedã entrega a maior potência já oferecida por um modelo totalmente elétrico da marca alemã. E isso se deve a muita, mas muita mesmo, tecnologia. Vamos a ela. Comecemos dando nome ao boi: BMW i7 M70 xDrive. Apesar do excesso de letras, os mais atentos devem ter notado a presença do ‘M’, o que não deixa dúvidas sobre as pretensões esportivas do modelo. O ‘M’ significa Motorsport, divisão da marca responsável pela preparação das versões de alto desempenho. É equivalente, por exemplo, à AMG na Mercedes. O i7 M70 xDrive é equipado com dois motores elétricos, um em cada eixo – é, portanto, um carro de tração nas quatro rodas. O traseiro é o mais potente produzido pela BMW e a montadora justifica essa qualidade pelo uso de seis bobinas no estator do motor em vez das três usuais.

O resultado é uma potência máxima de 360 kW/489 cv. Ela é coordenada com precisão cirúrgica com o motor instalado no eixo dianteiro de 190 kW/258 cv. O torque do sistema é de 1.015 Nm (748 lb-ft) no modo Esporte e até 1.100 Nm (811 lb-ft) quando o Controle de Lançamento M ou a função M Sport Boost são ativados. Números impressionantes que não deixam dúvida sobre a brutalidade do desempenho que o feliz comprador vai encontrar. Mas, para traduzi-los segundo a métrica “corpo lançado violentamente contra o encosto do banco”, anote aí em sua memória: o carro acelera de 0 a 100 km/h em impressionantes 3,7 segundos. E nem se preocupe com a velocidade máxima. Ela é limitada eletronicamente a “apenas” 250 km/h. Com a função M Sport Boost, o controle de tração é integrado à unidade de controle do motor. Isso garante que a potência gerada pelos motores elétricos seja dosada com extrema precisão e que as acelerações brutais ocorram sem perda de tração.

E agora um detalhe interessante: para aqueles que se incomodam com o silêncio no rodar de um carro elétrico – especialmente nos modelos de alta potência – a BMW reserva o padrão IconicSounds Electric by Hans Zimmer. Se o nome pomposo reflete uma provável manhã inspirada do marketeiro da área, o efeito também é muito inspirador. O ruído emitido pelo carro – que a BMW chama de “caráter da trilha sonora” – varia de acordo com a configuração de desempenho selecionada. A diferença entre o modo pessoal My e o modo Esporte é muito perceptível – neste último, o “ronco” é forte e poderoso. Ao acelerar o i7, os motoristas menos puritanos provavelmente se sentirão ao volante de um legítimo muscle car americano. Movido a gasolina, claro.

Autonomia suficiente e carga rápida

A autonomia de rodagem é assunto ainda crítico para os carros 100% elétricos. O i7 M70 xDrive oferece recursos para não deixar ninguém a pé nas viagens mais longas. Como, por exemplo, a recuperação adaptativa de energia de frenagem e a tecnologia de bomba de calor usada no sistema integrado de aquecimento e resfriamento da cabine e do trem de força. O mais importante, no entanto, é a densidade de energia da bateria de alta voltagem. Localizada no assoalho do veículo, a bateria fornece 101,7 kWh de energia utilizável. Isso dá ao carro uma autonomia de 488 a 560 quilômetros.

Achou pouco? Então veja: a unidade de carregamento combinado conta com um software projetado para carregar a bateria de alta voltagem de forma mais rápida e eficiente. Com isso, a autonomia pode ser estendida em até 170 quilômetros em apenas dez minutos numa estação de carregamento de alta potência. Ainda acha pouco? Rapaz, como você viaja hein? Então terá de acionar, ao toque de um botão, o modo de operação Max Range. Com este recurso, a autonomia do carro pode ser estendida em movimento. Neste modo, a potência de tração e a velocidade máxima são restritas e as funções de conforto são reduzidas, permitindo aumentar a autonomia em cerca de 15 a 25%. Ao mesmo tempo, o sistema de controle climático da cabine é desativado e o aquecimento do vidro traseiro passa para uma configuração mais baixa, enquanto o aquecimento dos bancos, a ventilação dos bancos e o aquecimento do volante também são desligados.

Primeira classe com direito a cinema

Se no texto anterior possivelmente chegamos a um acordo sobre as condições de autonomia para uma viagem longa, agora falemos sobre as acomodações que o carro oferece durante esse deslocamento. Saiba que, para os ocupantes do banco traseiro, elas praticamente reproduzem a primeira classe de uma boa companhia aérea. Materiais e acabamentos premium num ambiente de alta tecnologia.

Basta dizer que o habitáculo traseiro é chamado pela BMW simplesmente de ‘Lounge Executivo’. Chique, não? Os passageiros podem desfrutar de uma variedade de funções de conforto e entretenimento, controladas a partir de uma tela sensível ao toque montada no apoio de braço central traseiro. Então escolha a melhor posição no banco reclinável porque a seção de cinema está para começar. E não se trata de uma figura de linguagem. O i7 dispõe de uma enorme tela que é associada a um sofisticado sistema de som Surround Bowers & Wilkins com reprodutores opcionais no encosto do banco. Você nem vai sentir o tempo passar. Se o motorista não conta com o mesmo privilégio, é desnecessário dizer que um carro deste nível oferece tudo o que existe de mais avançado em controle dinâmico para uma condução segura e impecavelmente estável. O i7 M70 xDrive é o primeiro modelo a apresentar a Barra de Interação BMW como padrão. Trata-se de uma barra de luz estendida localizada sob o visor de controle, que é ativada por gestos de mão ou pelo toque de um dedo. O que torna o componente inovador é a interação contínua entre o controle de voz natural e a operação do toque na tela do controle. Quando a Barra de Interação está ativada, o motorista pode ver uma representação visual da interação desejada – por exemplo, ajustar o volume do sistema de áudio. Isso torna possível operar sistemas no carro sem olhar para a tela do controle. Terminado o percurso, o Assistente de Estacionamento e o Assis – tente de Manobra podem ser controlados remotamente usando o My BMW App. Isso permite que os clientes entrem e saiam de es – paços de estacionamento apertados com muito mais facilidade. Também é possível em alguns países abrir e fechar as portas automáticas opcionais individualmente do lado de fora do carro e a uma distância de até seis metros usando o My BMW App.

A porta do motorista abre automaticamente quando o smartphone em que o BMW Digital Key Plus está instalado se aproxima do carro. Depois de entrar, o motorista pode fechar a porta novamente pressionando o pedal do freio. Além disso, a BMW Digital Key Plus se conecta com as funções integradas de proteção contra colisões para as portas automáticas para interromper o movimento da porta se um obstáculo for detectado. Se você mora em um condomínio construído neste século, torça para que seus vizinhos de vaga comprem um i7 M70 xDrive.

Condução autônoma nível 3 a caminho

Parte da gama BMW Série 7 começa a ganhar na Alemanha o sistema de condução autônoma nível 3. A principal diferença entre os níveis 2 e 3 é que no primeiro (direção parcialmente automatizada), a responsabilidade continua com o motorista, que precisa estar atento o tempo todo à estrada para reassumir a direção a qualquer momento. Isso é continuamente monitorado usando uma câmera de atenção inteligente. Com a inserção do nível 3, o motorista poderá tirar as mãos do volante e desviar temporariamente sua atenção da estrada graças ao controle autônomo de atributos como a velocidade do carro, a dis tância para o veículo à frente e o posicionamento na faixa em viagens a até 60 km/h. Graças aos seus sensores sofisticados, este é o primeiro sistema do tipo que também pode ser usado no escuro. Desta forma, o sistema Personal Pilot L3 se torna uma opção perfeita para aproveitar o tempo gasto no trânsito lento ou engarrafamentos durante os deslocamentos. Sinais visuais e acústicos avisam o motorista quando for preciso retomar o controle. Se ele não responder conforme o necessário, o veículo é levado a uma parada controlada.


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