Cenário de dificuldade impulsiona pedidos de recuperação empresarial e renegociação de dívidas -

Cenário de dificuldade impulsiona pedidos de recuperação empresarial e renegociação de dívidas

Descoberta de rombo nas Lojas Americanas tem efeito dominó e obriga Governo a se movimentar para socorrer o setor como um todo

Lucas Torres [email protected]

A sirene que soou com os pedidos de recuperação empresarial e renegociação de dívidas de Lojas Americanas, Marisa e Livraria Cultura pode ser apenas a ponta do iceberg de uma crise que tende a se configurar como sistêmica.

Especialista no tema ‘inadimplência empresarial’ do escritório GBA Advogados Associados, Felipe Granito relata que o volume médio do serviço de recuperação empresarial quase dobrou na sua empresa nos últimos três meses – acrescentando um detalhe importante: esses pedidos vieram majoritariamente de pequenas e médias empresas do setor de varejo.

Segundo ele, a congruência dos problemas apresentados pelas PMEs clientes do GBA Advogados Associados, com as notícias a respeito das empresas de grande porte divulgadas recentemente, comprova uma tese: “Sempre que as grandes operações apresentam os sintomas da crise financeira no setor, provavelmente as pequenas e médias já vêm suportando essas mesmas consequências há muito tempo”, afirmou.

A ideia de que a crise do varejo é, de fato, sistêmica e pode trazer danos severos à economia nacional como um todo, sobretudo considerando que o setor varejista é aquele que mais emprega no país, fez com que o Governo Federal sinalizasse, neste início de março, que

está se preparando para oferecer socorro. “O Governo tem uma proposta de criação de uma linha de crédito para fornecedores”, compartilhou Kelly Carvalho. Para fazê-lo, a equipe econômica do presidente Lula estuda, por exemplo, a possibilidade de prorrogação do FGI-Peac, um fundo garantidor que sustenta o Programa Emergencial de Acesso ao Crédito, criado por Jair Bolsonaro no auge da pandemia.

Em sua estrutura, o FGI-PEAC utilizou um aporte de R$ 20 bilhões do Tesouro Nacional para, com isso, oferecer garantia de até 80% do valor da operação de instituições financeiras em crédito oferecido para PMEs e grandes empresas. Ao comentar as expectativas do IBEVAR para os impactos deste possível socorro advindo do Governo Federal, Claudio Felisoni mesclou otimismo e cautela. “É, sem dúvida, um movimento positivo, ou seja, auspicioso para o varejo. Entretanto, os efeitos concretos, dadas as restrições impostas pelo programa, serão limitados”, opinou.


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