China experimenta expansão e modernização no setor automotivo -

China experimenta expansão e modernização no setor automotivo

Líder em eletrificação da frota, gigante asiático vislumbra presença muito maior nas cadeias de valor e na comercialização global de veículos

Claudio Milan: [email protected]

O continente asiático é responsável, hoje, por metade da demanda automotiva no mundo e, em 2029, já será líder no consumo, com 52%. Dentro da região, a China é a grande força motriz no desenvolvimento do setor. No período de 2011 a 2021, o país foi responsável por 94% do total da parcela de crescimento das vendas na Ásia.

Os índices foram apresentados por Mingyu Guan, managing Partner da McKinsey & Company em Beijing, China, durante o 3º Encontro da Indústria de Autopeças promovido no ambiente virtual pelo Sindipeças. “Olhando o mercado da China como um todo, vemos crescimento continuo nos últimos 10 anos. O país tem sido a locomotiva do crescimento asiático, mas no futuro os demais países também vão contribuir bastante. Apesar de tudo isso, a China ainda está no patamar de dois terços do crescimento total que prevemos para os anos vindouros”, disse o consultor.

Entre os dados mais importantes apresentados por Guan no evento está a rápida expansão da frota nacional eletrificada. A China é líder absoluta na nova mobilidade, contribuindo em 2021 com 91% dos veículos leves elétricos produzidos na Ásia. Com a progressiva adoção desta tecnologia nos demais países, a participação deve cair para 79% em 2029, índice ainda muito expressivo. “Como todos sabem, a China é o país que favorece as baterias EV e o governo instituiu muitas medidas e políticas de incentivo para mover a indústria em direção ao veículo elétrico”, disse o executivo.

Montadoras chinesas aceleram para conquistar protagonismo internacional

Não faz muito tempo que os consumidores brasileiros torciam o nariz para os automóveis chineses. Este, na verdade, era um problema que os produtos do gigante asiático enfrentavam em diferentes mercados externos.

Mas isso já mudou bastante, e vai continuar mudando. Investimentos em qualidade e parcerias estratégicas com grandes montadoras ao longo dos anos têm contribuído para que os automóveis lá produzidos gradativamente conquistem espaço não apenas em mercados emergentes, mas também nos mais maduros. No geral, a América Latina é um dos principais destinos, região que deve, inclusive, receber novas plantas de fabricantes chineses. “As marcas chinesas ganham participação devido à crescente competitividade dos veículos e também porque os consumidores globais vêm percebendo essas marcas e estão mais abertos para comprar os carros fabricados na China.

Nos próximos cinco ou dez anos nós acreditamos que muitas marcas terão um gesto mais agressivo, vão querer fabricar fora da Ásia e penso que a América Latina é um mercado da maior importância, em que esses fabricantes estão de olho”, ponderou Mingyu Guan. Dentro do próprio território, as marcas chinesas respondem por 31% das vendas totais de veículos leves movidos por motores a combustão interna, vindo na sequências as montadoras alemãs, com 28%. Porém, quando o assunto é carro elétrico, aí os fabricantes locais dominam o mercado, com 81% das vendas

Tecnologia pode mudar cenário de fornecimento global

A crescente aplicação de hardware e software nos automóveis tem trazido novos players para o setor. Novas cadeias de valor estão sendo consolidadas e a China enxerga essa transformação como muito benéfica. Mingyu Guan, managing Partner da McKinsey & Company em Beijing, explicou no 3º Encontro da Indústria de Autopeças que questões como o carro autônomo e novos níveis de camadas e serviços para o setor darão impulso inédito às empresas chinesas. “Hoje em dia, se olharmos os principais fornecedores globalmente, só tem uma empresa chinesa. Eu acho que isso vai começar a mudar porque há muitos players emergentes, incluindo fornecedores automotivos tradicionais e outros que também são vistos como potencial de entrar na cadeia de valor mais ampla. E eles querem trabalhar naquilo que têm como ponto mais forte: a tecnologia. Então, a inovação pode ser acionada localmente e isso vai acelerar mais ainda nos próximos anos; algumas empresas chinesas vão aparecer e ter presença nos mercados globais também”, prevê.

Este contexto tem também impulsionado os processos locais de fusões e aquisições, já que muitas inovações vêm sendo acionadas por escala. “Há um número crescente de negócios com foco em tecnologia, inclusive na indústria automotiva. Empresas migrando de estáveis e tradicionais para as novas tecnologias que estão mudando o quadro competitivo. E é aí que nós estamos vendo as fusões e aquisições e os novos negócios que irão acelerar ainda mais as mudanças, não apenas na China, mas potencialmente tendo uma influencia global”, finalizou Mingyu Guan.


Notícias Relacionadas
Read More

Bosch Car Service lança promoção “100 anos de estrada”

Com o objetivo de incentivar a manutenção preventiva dos veículos, especialmente no período de férias, a Bosch realiza a “Promoção 100 anos de estrada – Sem preocupação na revisão do seu carro”, que ocorre até o dia 8 de agosto.