Cinco milhões de veículos com cinco a nove anos de uso entraram no mercado em dois anos -

Cinco milhões de veículos com cinco a nove anos de uso entraram no mercado em dois anos

 

Desde 2012 a Ipsos é parceira do Novo Varejo na realização de duas das principais pesquisas para o mercado brasileiro de manutenção de veículos: Prêmio Inova e Maiores e Melhores em Distribuição de Autopeças. De origem francesa e atuando no Brasil desde o início dos anos 90, a empresa é líder no setor automotivo e dispõe de dados e estudos abrangentes e exclusivos.

Durante a cerimônia de entrega do Prêmio Inova 2016, Rogério Monteiro, Managing Director, Loyalty & Head Automotive da Ipsos Brasil apresentou aos convidados informações inéditas que mostram o potencial a ser explorado pelas montadoras e o mercado de reposição.

Embora o país viva a mais grave crise econômica de sua história, o executivo explica que é importante ficar atento aos índices de confiança do consumidor, que em diversos momentos no segundo semestre do ano passado apresentaram curvas de evolução. “A crise de confiança é hoje o fator que mais afeta o mercado. Nós fazemos o Índice de Confiança junto com a Associação Comercial de São Paulo há mais de 10 anos e esse índice tem uma relação impressionante não só com a intenção, mas com a compra efetiva do automóvel, seja ele usado ou 0 km”, diz Rogério.

O executivo explica que o ICC reflete a confiança e a segurança do brasileiro quanto à sua situação financeira ao longo do tempo e a série do ICC registra correlação linear de 85% com o licenciamento de veículos novos. “Quando cai a confiança, se reduz também a compra efetiva (volume de licenciamentos), restando apenas a intenção de compra. Portanto, a retomada da confiança do consumidor é a condição que transformará intenção em consumo de fato”. Segundo Rogério Monteiro, serve de alento o fato de que a intenção de compra ainda persiste na população.

Enquanto as montadoras batem cabeça para tentar recuperar as vendas perdidas nos últimos dois anos, a reposição independente segue sendo favorecida pela manutenção dos veículos usados, que entram em número cada vez maior no mercado. De acordo com a Ipsos, nos últimos dois anos foram mais de cinco milhões de unidades com idades entre cinco e nove anos. “Isso por si só num mercado de pós-venda representa um potencial imediato porque você tem muito mais veículos precisando de manutenção. E é claro que também se abre uma janela de troca muito interessante, são veículos com mais de cinco anos de uso que propiciam ao consumidor pensar na troca por um 0 km ou um usado um pouco mais novo. Isso é do mercado, está aí, está nas ruas, é um potencial muito claro que existe”. Acompanhe nos quadros a seguir as principais informações apresentadas por Rogério Monteiro na cerimônia de entrega do Prêmio Inova 2016 e aproveite o potencial que o mercado reserva para seu negócio.

Cai o número de novos compradores de veículos

Os dados apresentados por Rogério Monteiro mostram que vêm caindo significativamente o número dos chamados entrantes na indústria. “Essa é uma das linhas que as montadoras menos gostariam de ver. Na Ipsos nós chamamos de entrantes quem vai comprar o primeiro veículo, ou seja, quem não tinha o carro antes e esse primeiro veículo é um 0km ou a substituição de um usado por um 0km. Esse percentual de entrantes só cai”.

E quais seriam, na visão do executivo, os caminhos para o crescimento? “Começando pela venda de 0km, todos sabem que o mercado vive um encolhimento. Esse setor está cada vez mais concentrado na substituição, ou seja, aquele consumidor que já possui um veículo comprado 0km e vai comprar de novo. O mercado está realmente precisando de novos consumidores, esse é um desafio da indústria”.

Para Monteiro, existe de fato um consumo reprimido e, diante de tantas notícias ruins, esse é um fator positivo.

Intenção de compra representa um alento para a indústria

Se a crise vem abalando a confiança do consumidor, o alento é que a intenção de compra ainda persiste na população. “Em termos de oportunidades, fala-se muito do potencial do Brasil. Mas que potencial é esse? Ele é grande em pessoas com condições financeiras para adquirir um veículo 0km ou usado que não têm nenhum veículo em casa. De alguma maneira, o mercado não conseguiu atrair esses consumidores”, diz Rogério Monteiro.

O executivo explica que o chamado perfil de consumo de “substituição” está ajudando a nutrir o mercado. “É aquela pessoa que já comprou um 0km e quer adquirir um 0km de novo. Para esse grupo, que nós entrevistamos, 43% não pretendem comprar um carro novo nos próximos 24 meses. Porém, 53% pretendem. Como? Em até 6 meses, 12%; em até 12 meses, 19%; e em até 24, meses 22%. Esse consumidor vem nutrindo o mercado de 0km. O grande desafio é trazer os outros perfis para dentro do barco”.

E como conquistar os consumidores? Para o executivo da Ipsos, a retomada que todos esperam, mas ninguém sabe quando virá, é consequência de três fatores: renovação da frota antiga, espaços inexplorados e retomada da confiança. “Quando a gente fala em confiança do consumidor, a boa noticia é que nos últimos meses ela está mais ou menos estável e até mostrando certa recuperação – mas é uma recuperação ainda muito tímida especialmente se olharmos os patamares anteriores, entre 2014 e 2015 a queda foi muito acentuada e isso se traduziu no que a gente está vendo hoje no mercado”.

Maior potencial está concentrado nas zonas urbanas

Além do perfil dos consumidores de “substituição”dos veículos, Rogério Monteiro destaca o “potencial inexplorado”, que mostra a força do mercado brasileiro. “Nós somos cerca de 206 milhões de habitantes, são 68 milhões de domicílios; destes, 57% têm algum tipo de veículo, seja carro, seja carro e moto, ou moto. 43% destes domicílios não têm qualquer veículo, são 2 milhões de trabalhadores com emprego formal e renda superior a 2 mil reais”, enumera Rogério Monteiro, da Ipsos.

E para quem acha essa renda insuficiente para comprar e financiar um 0km, o executivo da Ipsos coloca uma lupa sobre a análise. “Se olharmos as pessoas que têm renda acima de 4,2 mil reais, vamos encontrar 1,3 milhão de brasileiros sem qualquer veículo em casa. 65% têm domicilio e a maioria mora na zona urbana. Isso é muito importante porque quando a gente fala de potencial às vezes vêm aqueles mitos sobre locais distantes. Não é o caso. Esse potencial está concentrado fundamentalmente na região sudeste do Brasil, ou seja, são vizinhos de todos nós. São pessoas antenadas, que sabem o que querem, e exigentes. É desse potencial inexplorado que a gente está falando aqui”.

Indústrias devem investir para aprimorar a experiência de consumo dos clientes

Finalizando a análise dos perfis de consumidores, Rogério Monteiro destaca o público “aspiracional”. Nesse grupo, 8% têm intenção de comprar um 0km nos próximos 12 meses. São 3 milhões de pessoas. “Aqui nós estamos falando mesmo de aspiracional, estamos falando de futuro, a economia melhorando esse pessoal começa a vir para outro patamar dentro da pirâmide. Do total, 54% estão na classe C, na faixa de 18 a 34 anos, que é a que o mercado quer atrair, e 49% das pessoas são solteiras”.

Como conclusão, Monteiro destaca que, independentemente de qual seja o perfil analisado, sairá na frente quem investir em proporcionar a melhor experiência ao cliente. “Hoje isso está acima de qualquer coisa para a indústria. Nunca se deu tanto valor e atenção à experiência do cliente como um todo. O consumidor quer se sentir ouvido e atendido”.

Idade média da primeira habilitação sobe para 27 anos

É fato que os jovens estão perdendo o interesse pelos automóveis e reconquistar esse público é um imenso desafio para todo o setor automotivo. A essa transformação cultural soma-se a crise brasileira e o resultado é um impacto direto na emissão das Carteiras Nacionais de Habilitação. “Em dois anos caiu 26% a emissão de CNHs. E há outro dado importante: na minha época, ao fazer 18 anos a gente estava no dia seguinte na autoescola para tirar a carta. Hoje a média etária da primeira habilitação é 27 anos. Existe aí um enorme desafio da indústria para trazer esse jovem de volta e convencê-lo a querer ter o seu veículo”, pondera Rogério Monteiro.


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