Quais são elementos básicos de um condutor de direção defensiva?

Cinco quesitos que são elementos básicos de um condutor de direção defensiva

Conhecimento da lei, atenção constante e habilidade na condução do veículo são destaques na lista
Confira quais são elementos básicos de um condutor de direção defensiva

Apesar de todo cidadão brasileiro habilitado ter passado pelo tema durante seu cursinho teórico de formação, poucos são os motoristas que – de fato – sabem dizer quais atitudes no trânsito são elementos básicos de um condutor de direção defensiva.

Cada vez mais a ideia de que para dirigir bem não basta apenas seguir as regras do trânsito, mas também se precaver quanto a possibilidade de erros ou de negligência de um outro motorista tem sido disseminada pelos educadores do tema – como resposta aos números quase-catastrófico de acidentes e mortes com que convivemos anualmente.

Em 2019, por exemplo, dados oficiais da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) indicam que cerca de 1.35 milhões de pessoas foram vítimas fatais do trânsito no mundo todo – número que se torna ainda alarmante se somado à média de 30 milhões de pessoas que são acometidas por lesões não fatais, dentre as quais muitas delas acabam resultando em incapacidades físicas.

Em hipótese nenhuma, no entanto, esse número pode ser levado para a ótica da ‘naturalidade’ – a partir de uma percepção errônea de que centenas milhões de carros trafegando mundo afora inevitavelmente causariam ao menos um milhão de acidentes.

Essa abordagem simplista dos números é rapidamente refutada ao analisarmos outro dado – incluído dentro do mesmo estudo da OPAS, que alerta para o fato de que 93% das mortes no trânsito ocorrem em países de baixa e média renda – embora esses locais concentrem apenas três quintos do total dos veículos do planeta.

Os acidentes, portanto, são causas direta de uma série de lacunas que cercam o tema ‘trânsito’ nos países. Dá má infraestrutura até a falta de uma política educacional realmente efetiva acerca da questão.

Dentro do segundo escopo – o da educação – é que se encaixam os comportamentos de ‘direção defensiva’, macro-tema que abarca diversas nuances dentro dele.

Neste artigo iremos discorrer sobre cada uma das cinco atitudes que são elementos básicos de um condutor de direção defensiva.

Conhecimento das leis de trânsito é ponto de partida para a direção defensiva

O Código de Trânsito Brasileiro indica quais são elementos básicos de um condutor de direção defensiva

Para poder ter atitude prudente em relação às regras de trânsito é preciso, antes de tudo, conhecer as normas e condutas estabelecidas por nossos legisladores visando minimizar os riscos de acidentes nas vias.

Compiladas nos mais de 300 artigos do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), as leis de trânsito tupiniquins foram criadas para regular e disciplinar a conduta dos motoristas – mas será que a maioria deles conhecem ao menos as mais importantes dessas regras? Relembremos duas delas que são elementos básicos de um condutor de direção defensiva.

Em seu artigo 29, por exemplo, o CTB descreve algumas das principais normas básicas de circulação em conduta. Veja abaixo:

““O trânsito de veículos nas vias terrestres abertas à circulação obedecerá às seguintes normas:

I – a circulação far-se-á pelo lado direito da via, admitindo-se as exceções devidamente sinalizadas;

II – o condutor deverá guardar distância de segurança lateral e frontal entre o seu e os demais veículos, bem como em relação ao bordo da pista, considerando-se, no momento, a velocidade e as condições do local, da circulação, do veículo e as condições climáticas;

III – quando veículos, transitando por fluxos que se cruzem, se aproximarem de local não sinalizado, terá preferência de passagem:

a) no caso de apenas um fluxo ser proveniente de rodovia, aquele que estiver circulando por ela;

b) no caso de rotatória, aquele que estiver circulando por ela;

c) nos demais casos, o que vier pela direita do condutor;

IV – quando uma pista de rolamento comportar várias faixas de circulação no mesmo sentido, são as da direita destinadas ao deslocamento dos veículos mais lentos e de maior porte, quando não houver faixa especial a eles destinada, e as da esquerda, destinadas à ultrapassagem e ao deslocamento dos veículos de maior velocidade;

(…)

IX – a ultrapassagem de outro veículo em movimento deverá ser feita pela esquerda, obedecida a sinalização regulamentar e as demais normas estabelecidas neste Código, exceto quando o veículo a ser ultrapassado estiver sinalizando o propósito de entrar à esquerda”

Tão importante quanto ditar as regras de comportamento e posicionamento das vias, as normas de circulação descritas nas leis de trânsito do Brasil determinam especificamente as velocidades permitidas em cada um dos tipos de via trafegada pelo condutor.

É claro que o ideal é que o motorista possa se guiar pelas placas de sinalização do via – mas em um país de infraestrutura precária como o nosso, é muito provável que em determinadas partes de nosso território algumas dessas vias não contem com a sinalização correta.

Veja o que diz o CTB sobre o tema em seu artigo 61:

““A velocidade máxima permitida para a via será indicada por meio de sinalização, obedecidas suas características técnicas e as condições de trânsito.

§ 1º Onde não existir sinalização regulamentadora, a velocidade máxima será de:

I – nas vias urbanas:

a) oitenta quilômetros por hora, nas vias de trânsito rápido:

b) sessenta quilômetros por hora, nas vias arteriais;

c) quarenta quilômetros por hora, nas vias coletoras;

d) trinta quilômetros por hora, nas vias locais;

II – nas vias rurais:

a) nas rodovias de pista dupla:

110 km/h (cento e dez quilômetros por hora) para automóveis, camionetas e motocicletas;

90 km/h (noventa quilômetros por hora) para os demais veículos;

b) nas rodovias de pista simples:

100 km/h (cem quilômetros por hora) para automóveis, camionetas e motocicletas;

90 km/h (noventa quilômetros por hora) para os demais veículos;

c) nas estradas: 60 km/h (sessenta quilômetros por hora)”.

Em um país de cultura tão ‘indisciplinada’ como o nosso, é necessário que a boa conduta no trânsito tenha um incentivo maior do que ‘apenas’ a criação de um ambiente mais seguro para os motoristas – algo que os legisladores do CTB não esqueceram na construção do documento.

Nosso código de regras de trânsito é, entre todos os conjuntos de normas do tema no planeta, um daqueles que mais enfatiza contrapartida econômica como punição à quebra das regras estabelecidas.

Em seu artigo 258, o documento que compila as leis de trânsito locais descreve o valor a ser pago de acordo com a gravidade da infração. Veja:

““I – infração de natureza gravíssima, punida com multa no valor de R$ 293,47 (duzentos e noventa e três reais e quarenta e sete centavos);

II – infração de natureza grave, punida com multa no valor de R$ 195,23 (cento e noventa e cinco reais e vinte e três centavos);

III – infração de natureza média, punida com multa no valor de R$ 130,16 (cento e trinta reais e dezesseis centavos);

IV – infração de natureza leve, punida com multa no valor de R$ 88,38 (oitenta e oito reais e trinta e oito centavos).”

Manter atenção constante está entre comportamentos que são elementos básicos de um condutor de direção defensiva

O motorista que está na rodovia ou estrada tem que ter cuidado dobrado.

Com o aumento das distrações tecnológicas disponíveis na atualidade – que vão desde celulares até aparelhos de DVD com telas HD no console do próprio veículo, acidentes provocados pela falta de foco restrito do motorista no trânsito tem sido cada vez mais comuns.

É imprescindível, portanto, que o condutor resista às tentações – ainda que a pista pareça vazia e pouco ameaçadora – mantendo-se em estado de alerta todo o tempo em que estiver dirigindo seu veículo, respeitando a situação de risco iminente que é o trânsito em si e sabendo que poderá ser chamado a tomar uma atitude rápida e precisa a qualquer instante.

Além dos perigos ‘inesperados’, claro, que cuidados básicos como a observação constante da condição da via e possíveis buracos, da sinalização de semáforos e placas – bem como do comportamento dos pedestres são indispensáveis.

Também no ‘tópico’ das atenções está contida a certificação de que o veículo esteja em bom estado, com manutenção em dia – bem como de que as condições físicas e mentais do próprio condutor lhe permitam guiar o veículo de forma consciente são elementos básicos de um condutor de direção defensiva.

Ser prevenido é passo importante para se defender de possíveis perigos

O trânsito intenso das grandes capitais também é um problema.

Não é necessário ser vidente para poder se precaver dos perigos possíveis – e até prováveis – que o trânsito trará a qualquer momento. É preciso, portanto, se prevenir quanto a eventualidades comuns do dia a dia, como um pneu furado, um buraco na pista, um animal passando na via, a possível presença de uma bicicleta, um acidente que exija uma reação rápida.

A direção defensiva exige do motorista a precaução constante quanto a questões como essas a partir de atitudes como a manutenção da distância de ao menos ‘um carro’ do veículo logo à frente e uma rodagem a uma velocidade ao menos 10% inferior ao máximo permitido pela via.

Como o próprio nome já diz, mas a importância do tema nos exige a redundância, a direção defensiva exige que nos defendamos das eventualidades antecipando-as.

Alguns outros exemplos de prevenção apontadas pela página oficial de educação no trânsito do Governo do Estado do Paraná são:

“Fazer a revisão e manutenção do veículo, abastecer de combustível, verificar os equipamentos obrigatórios são previsões mediatas que podem ser feitas com antecedência, de forma planejada.

Ver um pedestre ou um cruzamento perigoso logo a sua frente e prever complicações (o pedestre atravessar de repente, o veículo “furar” o sinal), é uma previsão imediata”, afirma o site institucional.

Avaliar as possibilidades e ser treinado para tomar boas decisões

Eventualmente, todo motorista será exposto a uma situação de perigo. Por isso é necessário que ele esteja habituado a dirigir antecipando possibilidades e conhecendo bem as capacidades de seu veículo para, quando o momento de tomar uma decisão importante chegar, ele possa optar pela atitude correta.

É preciso, portanto, que o motorista não conduza com medo constante – já que o medo, muitas vezes, ‘congela’ e atrapalha as decisões. Mas ele deve estar preparado para as situações imprevistas, respeitando-as a fim de contribuir para evitar acidentes, antecipando possíveis riscos com decisões rápidas – sempre no sentido de minimizar riscos.

Por exemplo. Se ao dirigir em uma rodovia, o motorista que está atrás de um caminhão percebe que este caminhão está ‘cambaleando’ – frequentemente colocando uma das rodas para fora de sua faixa, ele deve antecipar a possibilidade do condutor do veículo estar sonolento ou, no mínimo, com um baixo nível de atenção.

Para evitar se colocar em uma condição de risco, é prudente que ele tome a decisão de não tentar ultrapassá-lo e, mais do que isso, de manter uma distância de ao menos dois carros deste veículo para que possa reagir em caso de uma eventual perda de controle por parte do caminhão.

A ultrapassagem pode esperar, por exemplo, um pedágio. Isso é, em sua ‘natureza’ – a direção defensiva.

Habilidade com o automóvel também é indispensável

No último – mas não menos importante – aqueles que são elementos básicos de um condutor de direção defensiva está a capacidade de executar corretamente o manuseio do veículo e, não apenas isso, executar manobras fundamentais de forma repetida para que elas se tornem ‘parte do repertório natural’ do motorista. Habilidades às quais ele poderá recorrer instintivamente nas mais variadas situações – sobretudo as de pressão.

Um jogador de basquete quando entra com a bola dominada em um garrafão congestionado, por exemplo, não irá ‘pensar’ em driblar a bola por entre as pernas para passar por determinado espaço. Mas irá fazê-lo de forma instintiva por ter treinado esse movimento inúmeras vezes.

Do mesmo modo, o motorista de automóvel não pode se esquecer que é a prática que conduz à perfeição. Ao total controle do carro. Requisito imperativo para qualquer condutor defensivo.

Não dá para ‘saber mais ou menos’ – evitar movimentos mais ‘avançados’ de condução para recorrer aos mais simples. A qualquer momento, a perícia do condutor poderá ser testada e, ao contrário de um jogo de basquete em que um erro só pode resultar em um desperdício de bola, no trânsito ele pode literalmente acabar com a vida de alguém.

Por isso não hesite em frequentar lugares em que será preciso fazer uma rampa. Vagas em que a baliza será apertada. Executar reduções de marcha para entrar com maior torque na curva e não deixar o carro ‘se arrastar’ em sua saída.

Todo cidadão que senta à frente do volante deve ser um profissional. Não há espaço para erro ou insegurança.

A prudência é tão importante quanto o domínio do carro na direção defensiva.


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