Cisão estratégica injeta ânimo nas operações da Delphi no Brasil -

Cisão estratégica injeta ânimo nas operações da Delphi no Brasil

Mudança é mercada por nova identidade visual para Delphi Technologies enquanto a Aptiv cuidará dos carros autônomos que estão chegando

 

Por Claudio Milan ([email protected])

Delphi Technologies e Aptiv são as duas novas empresas de capital aberto altamente focadas que surgiram da cisão do negócio Powertrain da Delphi Automotive. Cada marca buscará refletir claramente as identidades, visões e direções independentes das duas empresas.

A Aptiv, composta pelos negócios de Eletrônicos & Segurança e Arquitetura Eletro/Eletrônica, vai concentrar-se na aceleração da comercialização de segurança ativa, veículos autônomos, experiências melhoradas aos usuários e serviços conectados, fornecendo os softwares, as plataformas de computação avançada e a arquitetura de redes necessárias — o “cérebro” e o “sistema nervoso” do veículo. O negócio Powertrain vai carregar o nome Delphi Technologies, aproveitando a força histórica da marca Delphi com clientes-chave do mercado original e de aftermarket, já que o foco do negócio é capacitar a propulsão avançada de veículos por meio de combustão, software, controles e eletrificação.

Para detalhar os desdobramentos desta nova fase – especialmente no mercado brasileiro de reposição independente – conversamos com Amaury Oliveira, diretor Executivo de Aftermarket para a América do Sul.

 

Novo Varejo – O que muda na Delphi a partir desta nova configuração?

Amaury Oliveira É uma decisão estratégica muito bem vinda. A Delphi teve vários momentos, a gente entrou em recuperação, depois saiu, e começou a crescer. Com a perspectiva do carro autônomo, a empresa resolve dividir os negócios para deixar o foco mais assertivo. Ter uma liderança que cuide de carro autônomo, da estratégia de software e sensores, monitoramento, radares etc. Essa parte fica como a Aptiv. A empresa original continua com o nome Delphi, mas agora Delphi Technologies. Ela se preocupa com as tecnologias que vão fazer o carro se locomover. Por exemplo, enquanto uma empresa coloca um radar para o carro fazer o caminho sem ter problemas, a outra se preocupa em saber qual vai ser o modelo de propulsão, que ser usado. Então a Delphi Technologies é uma empresa de tecnologia para mobilidade muito voltada aos controladores para o carro, seja ele elétrico, híbrido ou a combustão interna. Hoje eu posso afirmar que a empresa está com uma gestão mais ágil, muito investimento está sendo planejado para a gente crescer de uma maneira rápida, haja vista que o mercado financeiro também aceitou essa cisão.

 

NV – Qual será o foco da empresa no mercado brasileiro?

AO Nós vamos ter muito mais investimentos na região, continuamos atuando tanto com as montadoras quanto o mercado independente de reposição. Nas montadoras, a Delphi já está pronta para trazer soluções para carros elétricos, híbridos, enfim várias soluções de alta tecnologia que já estão disponíveis lá fora e temos à disposição para trazer a qualquer momento, dependendo da necessidade da montadora. No mercado de reposição estamos fortalecendo o time global, toda a parte de identificação e desenvolvimento de peça. O time de aftermarket está recebendo uma injeção de ânimo muito grande, os profissionais estão sendo revistos, a liderança foi trocada também, a gente tem bastante fôlego e vontade para continuar crescendo, pois nesses últimos anos temos crescido dois dígitos todos os anos.

 

NV – Com que portfólio a empresa pretende atender o mercado de reposição?

AO Continuamos com a linha que o mercado já conhece, mas estamos ampliando para ter uma maior cobertura de aplicação em todo o portfólio. Na América do Sul a gente introduziu na Argentina e no Chile a parte de suspensão e direção, mas não temos ainda planos de colocar isso no Brasil.

 

NV – Como está a rede de distribuição hoje? É suficiente para atender as expectativas de crescimento?

AO Hoje a Delphi está em todos os grandes distribuidores nacionais e regionais. Estamos fortalecendo os treinamentos, e principalmente na parte diesel estamos ampliando os postos autorizados. O objetivo agora é crescer com quem já é do nosso grupo.

 

NV – Com a velocidade que a frota se diversifica, a empresa está estruturada no Brasil para desenvolver produtos ou as novidades virão de fora?

AO Hoje a gente está reformulando o time de marketing, fizemos algumas alterações há dois meses, o grupo está sendo totalmente remodelado lá na Inglaterra; como a Delphi é uma empresa global, a gente acaba focando a parte de engenharia, compras e tudo mais nas localidades próximas às fábricas que a Delphi tem. No Brasil temos um time de marketing forte para fazer identificação e desenvolvimento de portfólio, e temos engenheiros de fora que desenvolvem esses produtos.

 

NV – Recentemente o governo anunciou a nova política do setor automotivo, o Rota 2030. Estamos também a caminho de um novo governo a partir do ano que vem. Quais são as expectativas para o mercado brasileiro?

AOEssa é uma questão importante porque a inconstância e falta de previsibilidade nos deixa, de certa maneira, apreensivos. Por outro lado, esse programa é positivo, até a participação especificamente da Delphi no mercado brasileiro ainda tem espaço para crescer. Então de uma maneira ou de outra, qualquer que seja o governo, estamos otimistas para o futuro.

 

NV – Por que a empresa mudou sua identidade visual?

AO Uma novidade que o mercado vai notar é que a gente está migrando do logo vermelho para um logo azul. Estamos unificando para fortalecer o conceito de que a Delphi é uma fornecedora de mercado original. Nós vamos usar um logo só. Vai ser o logo Delphi Technologies independentemente de estarmos atuando no canal de reposição ou no fornecimento às montadoras, sempre com a mesma qualidade.


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