A Confederação Nacional do Comércio de Bens Serviços e Turismo (CNC) revisou para 9,2% a previsão de retração no volume das vendas no varejo ampliado, em 2020. No varejo restrito – que exclui os ramos automotivo e de materiais de construção –, a projeção de queda também diminuiu para 6,3%. As estimativas têm como base os dados positivos da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) de maio, divulgada nesta quarta-feira (08/07) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A queda do isolamento social e a adoção de estratégias de e-commerce ajudaram o varejo a repor parte das perdas impostas pelo novo coronavírus até o momento. Com o início da flexibilização da quarentena, o setor deverá avançar também em junho. Segundo o presidente da CNC, José Roberto Tadros, após chegar ao “fundo do poço”, o comércio mostra sinais de recuperação. “Mantida a tendência gradual de abertura dos estabelecimentos comerciais, o setor deverá apresentar perdas menos acentuadas nos próximos meses. Contudo, mesmo em um cenário mais próximo à normalidade operacional, a recuperação da atividade comercial ainda dependerá dos impactos da crise sobre variáveis condicionantes do consumo, como o mercado de trabalho, a oferta e a demanda de crédito e o nível de confiança dos consumidores”, ressalta Tadros.
De acordo com a PMC, o volume de vendas no varejo avançou 13,9% em relação a abril. A alta, no entanto, foi insuficiente para o setor recuperar as perdas de março (-2,8%) e abril (-16,3%), que refletiram os efeitos da pandemia de covid-19 sobre o consumo. No conceito ampliado, houve evolução ainda maior (+19,6%). Foi o primeiro avanço em três meses, após fortes retrações em março (-14%) e abril (-17,5%). Todas as atividades pesquisadas registraram crescimento, com destaque para os segmentos considerados não essenciais, como tecidos, vestuário e calçados (+100,6%), veículos, motos, partes e peças (+51,7%) e móveis e eletrodomésticos (+47,5%).
Prejuízos do comércio
De acordo com cálculos da CNC, desde o início da pandemia do novo coronavírus, em março, até o fim de junho, os prejuízos do setor com a crise alcançaram R$ 240,8 bilhões. “As perdas mensais de faturamento em relação ao período anterior ao surto da doença se aproximaram de R$ 40 bilhões em março, atingindo, rapidamente, um pico de R$ 77,4 bilhões em abril. Desde então, o setor segue apresentando perdas menos intensas”, destaca Fabio Bentes, economista da CNC responsável pelo estudo.
Um dos fatores que explicam a evolução verificada a partir de maio é a intensificação de ações de venda via e-commerce. Segundo levantamento da Receita Federal, o volume de vendas no comércio eletrônico tem evoluído de forma acelerada, nos últimos meses. Depois de crescer 39% no comparativo entre maio de 2020 com igual mês do ano passado, em junho houve aumento real de 72% ante o mesmo mês de 2019. Fabio Bentes chama a atenção também para o número de notas fiscais eletrônicas que, em fevereiro deste ano, registrava uma média diária de aproximadamente 650 mil emissões e evoluiu para 1,26 milhão de operações no último mês. “Em junho de 2019, foram emitidas 520 mil notas diárias, registrando, portanto, um avanço de 142% no comparativo anual”, completa o economista.
A CNC calcula ainda que o início do processo de flexibilização em diversas regiões do País reduziu em R$ 13,3 bilhões os prejuízos do comércio, em junho. Se a queda no índice de isolamento social mantivesse o ritmo mais lento dos últimos meses, o varejo teria sofrido com perdas na ordem de R$ 67,9 bilhões, no mês passado. Com a flexibilização da quarentena, contudo, esse montante recuou para R$ 54,6 bilhões.