Nas vias de áreas urbanas, principalmente do Sudeste do País, um problema persiste: o roubo de cargas. Longe de ser apenas um transtorno para as empresas transportadoras, esse crime impacta o comércio atacadista, uma peça vital na cadeia de abastecimento do País. O assunto foi discutido na reunião de maio do Conselho do Comércio Atacadista da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP).
De acordo com levantamento do Centro de Estudos em Economia do Crime, da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (Fecap), cerca de 80% dos roubos de carga no Brasil ocorrem na Região Sudeste, dos quais 80% ocorrem em áreas urbanas. Dentre os produtos mais roubados, destacam-se alimentos, cigarros, bebidas e eletroeletrônicos.
No ano passado, foram registradas 6.063 ocorrências do tipo no Estado de São Paulo. “Embora tenha havido uma redução de 57,3% nos roubos de carga em São Paulo de 2017 a 2023, e uma diminuição de 22% em 2024 comparado ao ano anterior, os impactos negativos para o setor são profundos e abrangentes”, afirmou Erivaldo Costa Vieira, coordenador de Pesquisas em Economia do crime na Fecap, durante a reunião.Segundo Vieira, o aumento nos custos operacionais, em decorrência da necessidade de investimentos em medidas de segurança mais rigorosas, é apenas uma das consequências. “As empresas enfrentam interrupções na cadeia de suprimentos e atrasos na entrega de mercadorias, demandando reposição rápida das cargas roubadas, o que pressiona ainda mais a logística”, explicou o especialista.
Além disso, os preços dos produtos para os consumidores finais tendem a aumentar, refletindo os custos adicionais suportados pelos atacadistas. “A concentração dos roubos em áreas urbanas de São Paulo agrava a situação, exigindo que os empresários invistam em tecnologias avançadas de rastreamento e segurança, bem como em colaborações estreitas com as forças de segurança pública”, refletiu.
Estratégia de segurança mais eficiente
Para mitigar esses impactos, segundo o especialista, é fundamental padronizar os boletins de ocorrência para que seja possível extrair dados mais precisos e que proporcionem a construção de estratégias de segurança mais eficientes, compartilhamento de informações entre empresas de logística, do comércio atacadista, transportadoras e autoridades. A adoção de aplicativos integrados para registro de ocorrências também pode ajudar a monitorar e prevenir crimes de maneira mais eficaz. “Os desafios impostos pelos roubos de carga sublinham a necessidade de estratégias coordenadas e investimentos em segurança, o que afeta o comércio atacadista e também o consumidor final. A atuação conjunta entre o Poder Público e a iniciativa privada pode garantir a estabilidade e eficiência do setor”, concluiu Vieira.