Os números positivos do mercado de trabalho mostram, no caso do Comércio, desempenho distinto entre varejo e atacado. Embora numericamente o varejo concentre mais empregos com carteira assinada – quase 70% do estoque –, o atacado vem crescendo em ritmo mais intenso nos anos posteriores à pandemia.
De 2020 até outubro deste ano, o estoque de empregos formais no comércio cresceu 17,4%, de 8,9 milhões para 10,5 milhões, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Enquanto o estoque do varejo (7,2 milhões) aumentou 14,3% nesse período, o do atacado (2,1 milhões) subiu 24,9% – quase duas vezes mais. Os dados incluem ainda o segmento comércio&reparação de veículos (1,1 milhão).
Considerando todos os setores da economia, o saldo em 2024 é de 2,1 milhões de postos de trabalho formais, resultado de 22 milhões de contratações e 19,9 milhões de demissões. O estoque total é de 47,6 milhões de vínculos celetistas ativos.
Nos quatro últimos anos, o crescimento porcentual do atacado sempre superou o do varejo. Em 2020, primeiro ano da pandemia, o emprego formal caiu no varejo (-60,7 mil vagas com carteira), mas cresceu no atacado (+25,1 mil). Desde 2021, o número de postos de trabalho só cresce. Apenas neste ano, até outubro, são 262,9 mil vagas a mais – 122,2 mil no varejo (+1,72%) e 85,9 mil no atacado (+4,19%).
O economista Ulisses Ruiz de Gamboa, da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), vê uma possível tendência no setor de super e hipermercados com os atacarejos se destacando . “Até porque a gente tem aumento de preços de alimentação e bebidas. O atacarejo é uma alternativa mais barata”, afirmou.
No caso do Carrefour, por exemplo, a mais recente divulgação de resultados, relativa ao terceiro trimestre, mostrou queda anual de 7,9% nos hipermercados (vendas brutas de R$ 6,4 bilhões) e alta de 8,3% no Atacadão (R$ 21,4 bilhões), que representa 72% do total de receitas do grupo, que lidera o varejo brasileiro. A expectativa é de abrir 20 lojas Atacadão neste ano, todas a partir de conversão de lojas do varejo.
No Grupo Mateus, a receita bruta do atacarejo de janeiro a setembro (R$ 14,7 bilhões) cresceu 26,8% sobre igual período de 2023, enquanto a do varejo (R$ 6,2 bilhões) subiu 10,1%.