A inflação, os juros elevados, o endividamento e o cenário fiscal incerto têm afetado diretamente o custo de vida dos paulistanos, influenciando a intenção de consumo e a confiança dos consumidores, na capital. De acordo com a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomércio-SP), em junho, o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) apresentou retração de 11,1% na comparação com o mesmo mês do ano passado – completando 11 meses consecutivos de queda -, ao passo que a Intenção de Consumo das Famílias (ICF) caiu 2,2%, no mesmo período.
Ainda assim, na variação mensal, a intenção de consumo permaneceu estável (0,9%), enquanto a confiança dos consumidores subiu 1%. Na escala que vai de zero a 200 pontos – representando, respectivamente, pessimismo e otimismo total -, o ICF registra 105,1 pontos, enquanto o ICC está na casa dos 112,9 pontos.
Segundo a Fecomércio-SP, a recuperação mensal do ICF, após quatro meses consecutivos de queda, e o leve avanço do ICC ainda não são suficientes para sinalizar uma retomada consistente. A retração em comparação com 2024 aponta um contexto econômico desafiador, marcado por incertezas fiscais, inflação persistente – principalmente nos serviços -, juros e endividamento elevados, que limitam a expansão do crédito e freiam o consumo, em especial de bens duráveis.
Dentre as variáveis que compõem o ICF, o item momento para duráveis foi o que mais se destacou negativamente. Com retração de 13,9% no comparativo anual, o subíndice caiu para 68,6 pontos, refletindo principalmente a combinação de três fatores: demanda parcialmente atendida, encarecimento do crédito e comprometimento da renda com dívidas. O nível de consumo atual recuou 7,8%, alcançando 82,6 pontos, enquanto a perspectiva de consumo caiu 6%, atingindo 95,2 pontos. O item renda atual, por sua vez registrou queda de 3,6%, totalizando 134,4 pontos.
Contudo, também houve variações positivas entre os subíndices. O item emprego atual subiu 0,9%, atingindo 133,8 pontos, enquanto Perspectiva profissional registrou alta de 8,6%, alcançando 120,1 pontos. De acordo com a Fecomércio-SP, esses números refletem um mercado de trabalho mais aquecido, com a taxa de desemprego (para o trimestre encerrado em maio) no menor índice (6,2%) para o para o período desde 2014. Além disso, o número de trabalhadores com carteira assinada no setor privado alcançou um novo recorde, somando 39,8 milhões de pessoas.
Já o acesso ao crédito teve crescimento de 2,2%, totalizando 101,2 pontos. Dados do Banco Central mostram que, em maio de 2025, a concessão de crédito às pessoas físicas cresceu 10,6% em 12 meses. Apesar desses sinais positivos, a federação alerta que é necessário acompanhar os efeitos da taxa Selic – atualmente, em 15% ao ano (a.a.) -, que tende a encarecer o crédito no segundo semestre e impactar a capacidade de endividamento das famílias, bem como a sua efetividade no controle da inflação.
No comparativo mensal, três componentes apresentaram queda: perspectiva de consumo (-0,5%), perspectiva profissional (-0,5%) e emprego atual (-0,2%), refletindo a incerteza quanto ao futuro da economia. Renda atual (1,2%), acesso ao crédito (3,1%) e nível de consumo atual (1,8%) apresentaram expansões no mês.
Entre as faixas de renda, a pesquisa revela uma alta mensal de 1% na Intenção de Consumo das Famílias (ICF) no grupo com renda de até 10 salários mínimos, embora tenha ocorrido uma queda de 2,5% na comparação com junho de 2024. Já entre os que ganham acima desse valor, o ICF variou 0,4% em relação a maio, recuando 1,4% na comparação com o mesmo período do ano passado.










