Que o brasileiro é um povo apaixonado por carros não é segredo para ninguém. Nas cidades do interior do Brasil não é incomum observarmos crianças brincando de apontar e descrever, marcas, cores e tipos de carros diferentes.
Desde muito cedo sabemos o que é um Fusca. Um Gol. Uma Blazer. Mas será que todos nós sabemos identificar tecnicamente as características que marcam e diferenciam o que é, por exemplo, um modelo cupê ou um modelo sedan?
Neste texto, não apenas viajar pelos tipos de carros mais comuns, mas também daremos exemplos de alguns dos melhores representantes dessas categorias.
Essas diferenças são marcadas majoritariamente pelo formato da carroceria do veículo, por baixo desse invólucro que salta os olhos – esses diferentes tipos de carros possuem também características típicas no que diz respeito à engenharia, bem como níveis de tecnologia e conforto bastante particulares.
Aproveite essa viagem com a gente!
Hatch – o mais popular entre os tipos de carros
Categoria que abrange a maior parte dos carros populares do país, o tipo ‘Hatch’ – ou hatchback – costuma ser um modelo de carroceria compacta.
A tradução literal de seu nome de sua língua de origem, a inglesa, para o português – já é o suficiente para compreendermos sua característica sob o ponto de vista visual. Em português, ‘hatchback’ significa ‘traseira com comporta’ e indica que seu bagageiro possui uma espécie porta adicional e não uma tampa, como nos carros com ‘traseira longa’.
Outra característica marcante do hatch é ser um chamado carro de ‘dois volumes’. Ou seja, possui o motor na parte da frente e a cabine de passageiros atrás. Só isso. Com um porta-malas pertencendo à cabine e sendo localizada logo atrás dos bancos. Diferentemente do sedan, por exemplo, onde o porta-malas fica em um espaço separado.
Algumas vantagens do modelo hatch são o fato de seu tamanho compacto oferecer maior flexibilidade para o motorista na hora de estacionar – seja em sua garagem ou em uma vaga apertada de estacionamento.
O fato dele ser menor do que os outros tipos de carros facilita ainda a percepção de espaço por parte do motorista, sobretudo na parte traseira – já que seu para-choque está quase que completamente alinhado à base do vidro traseiro.
Em relação aos detalhamentos técnicos, os hatch não costumam se destacar pela potência do motor, mas sim por sua economia. São maioria, por exemplo, na utilização dos motores 1.0.
Outra vantagem comum do tipo hatch em relação aos demais é o fato deles serem, em geral, mais acessíveis ao bolso do consumidor. Como afirmamos no início deste tópico, a grande maioria dos chamados ‘carros populares’ tendem a pertencer à essa categoria.
Alguns dos carros hatch mais populares da memória de nosso país são: Volkswagen Gol, Fiat Uno, Chevrolet Corsa e Ford Ka.
Sedan – um hatch com traseira?
O tipo de carro Sedan possui sensíveis alterações em relação ao hatch. A maioria deles, inclusive, são hatches adaptados para um modelo de ‘três-volumes’ – ou seja, possuindo o cofre do motor em sua parte dianteira, cabine de passageiros no centro e um compartimento separado para bagagem em sua traseira.
Sua semelhança com os modelos hatch por vezes é tamanha, que a própria montadora faz a opção por manter o nome original de seu veículo da categoria hatch, acrescentando o termo sedan no final – casos do Volkswagen Polo Sedan o do Ford Fiesta Sedan.
Além da denominação ‘três volumes’, sua carroceria recebe o nome de ‘berlina’ ou ‘turismo’ – possuindo, por conta do espaço extra para o porta-malas, um espaço comumente maior em relação aos hatch.
O espaço extra e outras questões que conheceremos logo abaixo os fazem possuir – em geral – um preço de mercado maior do que ‘seus irmãos sem calda’. Ainda assim, alguns modelos dessa categoria ainda se enquadram no grande grupo onde estão inseridos os ‘carros populares’.
Dentro da categoria sedan, no entanto, podem ser encontrados carros de maior luxo como o Audi A3, a BMW Série 3 e o Chevrolet Cruze.
Em suas versões mais populares no Brasil, porém, os carros sedan costumam possuir um nível de conforto básico e motores proporcionais ao seus tamanhos – mas sem potÊncia especial, como o motor 1.3 Firefly do popular Siena – que possui até 109 cavalos de potência.
Além do Siena, da Fiat, outros representantes populares da classe no país são o Chevrolet Prisma, o Volkswagen Voyage.
‘Filha dos caminhões’, picape é uma das opções favoritas entre os tipos de carros da categoria dos utilitários
Dentre os tipos de carros, existem aqueles que são comumente chamados de ‘utilitários’ – criados para transportar, ao mesmo tempo, pessoas e bagagens mais robustas do que aquelas que os porta-malas dos ‘carros de passeio’ comportam.
Nesse grupo dos utilitários, um dos tipos mais populares é a ‘picape’ – nome que traz para nossa língua o termo do idioma inglês ‘pick-up’, que em português significa ‘carregar’.
Sua carroceria é caracterizada pelo capô frontal, que guarda o motor, uma pequena área de passageiros – que nas versões mais comuns comporta apenas duas pessoas, e uma longa carroceria na parte traseira.
Em termos simples, o que a picape faz é simular de forma bastante reduzida um modelo de caminhão – com a diferença de que sua força motora e o espaço para o passageiro são conectadas estruturalmente com a área de bagagem, dinâmica que nos caminhões mais robustos é separada por cavalo mecânico e caçamba.
No Brasil, este tipo de carro começou a chegar em 1980 – não como modelos verdadeiramente ‘novos’, mas com adaptações realizadas em populares carros de passeio.
Alguns modelos como o Ford Corcel e o Volkswagen Gol foram protagonistas nesse processo, originando – respectivamente – utilitários como a Pampa e a Saveiro.
Uma particularidade importante das picapes é o fato delas pagarem taxas menores em impostos como IPI e IPVA em relação aos veículos de passeio – como uma forma de ‘premiar’ sua serventia a profissionais como pedreiros, encanadores e prestadores de serviço em geral que fazem uso de sua caçamba no trabalho diário.
Em termos de desempenho, boa parte das picapes nacionais possuem motores entre 1.4 e 2.0 – podendo gerar até 130 cavalos de potência, item importante se considerarmos que elas podem bastante exigidas ao carregarem pequenas mudanças, sacos de cimento e etc.
Além dos modelos citados anteriormente, se popularizaram nessa categoria carros como o Fiat Toro e a Chevrolet Montana.
Vale pontuar que, pela definição do Conselho Nacional de Trânsito, alguns veículos que são reconhecidos como ‘caminhonetes’ na cultura popular nacional também são incluídos na categoria das picapes.
São os casos de automóveis robustos como a Volkswagen Amarok, a Ford Ranger e a Toyota Hilux – que, embora de composição bastante diversa às picapes menores como a saveiro, se encaixam na categoria por não possuir separação estrutural entre o ‘baú de carga’ e o restante do veículo.
Essas ‘quase-caminhonetes’, além de maiores e mais potentes do que as picapes previamente citadas, tem por característica um maior conforto e a maior presença de elementos tecnológicos.
Seus preços, claro, também são outro elemento diferenciador.
Enquanto uma Volkswagen Saveiro zero quilômetro está cotada em R$ 54 mil, uma Toyota Hilux tem seu preço inicial estabelecido em R$ 122 mil – ou seja, mais do que dobrando o valor da primeira.
Para os que perguntam, então, no que se configura uma caminhonete – se modelos como Amarok e Hilux são picapes na letra fria, reforçamos que essa categoria é reservada para os automóveis que possuem seus espaços destinados à carga em compartimentos separados ao banco dos passageiros, casos de veículos como Chevrolet El Camino e Ford Ranchero.
O sucesso de mercado e as polêmicas que cercam as definições dos SUV
Um dos tipos de carros mais populares no Brasil na atualidade, os SUV são veículos de carroceria grande e robusta que misturam elementos da carroceria de um jipe com os de uma picape – configuração que, na letra fria, nos põe a imaginar um veículo nada confortável.
Isso acontecia, por exemplo, com a Rural Willys – montada sobre o chassi do Jeep Willys e a base de uma picape.
Tal como a rural, porém, é necessário que o veículo possua também a capacidade ‘off-road’, com tração 4×4, para ser considerado pertencente oficial da categoria dos SUV’s.
Em matéria na qual discutiu as definições de um carro SUV, o site notícias automotivas destacou que as definições oficiais desta categoria nem sempre são respeitadas pelas montadoras na hora vender ao público seus modelos como tal.
“É claro que essa nomenclatura não quer dizer que as montadoras não sabem em qual segmento se encaixa seu produto; elas apenas o colocam dum jeito que seja mais fácil para entender e, é claro, venda mais. Quer um exemplo claro disso? Dodge Journey e Fiat Freemont, que são exatamente o mesmo carro, eram chamados de forma diferente por suas marcas. O primeiro era um crossover, enquanto o segundo (que já saiu de linha) era um SUV”, afirmou o site.
Divergências à parte, o fato é que – além de sua carroceria e demais atributos de suspensão e desempenho- os SUV possuem hoje na tecnologia e no conforto um de seus principais atrativos – ganhando status especial de ‘carro de luxo’ no mercado brasileiro.
Entre os mais populares desta categoria no país na atualidade estão o Nissan Kicks, o Chevrolet Tracker, o Jeep Compass e o Honda HRV.
Tipos de carros: O complicado mundo dos crossovers
Vimos no tópico anterior que nem todo crossover é um SUV. Mas nesse tópico afirmamos que todo SUV é um crossover. Pode parecer confuso, mas basta um pouco de explicação para compreender a pegadinha.
Em sua definição oficial, o crossover é um tipo de automóvel que mistura elementos de duas categorias distintas. Portanto, o SUV – que mistura características de jipe (off road) picape, é, de fato um crossover.
Dentro do nicho dos veículos que misturam carrocerias de dois tipos de carros temos – porém, diversas outras combinações.
Exemplos disso são os Audi A5 Sportback, um hatch que mistura que mistura elementos cupê e sedã, e o Peugeot 3008, que é misto de minivan com hatch.
Outras características que definem um crossover são: construídos em monobloco; possuem tração dianteira e raramente 4WD; dinâmicos e confortáveis na estrada; e capacidade de carga moderada.
No Brasil, alguns dos melhores veículos da categoria são o Renault Duster, o Jeep Renegade e o Ford EcoSport.
Do transporte coletivo ao pátio das empresas, a van é outro utilitário de sucesso no país
Mais entre os tipos de carro conhecidos como utilitários, a van é um veículo comumente utilizado para o transporte de diversas pessoas ou mercadoria.
Disponíveis em diversos tamanhos, elas podem ganhar a forma de um furgão como o Ford Transit ou de um veículo que parece ter sido designado para atividades com o transporte escolar – caso da Kia Besta.
No Brasil, o termo van passou a ser utilizado para designar modelos mais modernos daqueles veículos que eram conhecidas como perua – tais como a Volkswagen Kombi.
Em geral são notabilizadas pela carroceria longa – grande espaço interno e mais de duas fileiras de banco.
Seus motores são projetados para produzir potência e durabilidade em meio a situações de grande peso adicional na parte interna do veículo. Para tanto, dificilmente encontramos um veículo dessa categoria com produção inferior a 115 cavalos de potência.
A Kombi
Seria injusto se não déssemos um espaço especial para a Volkswagen Kombi no tópico das vans.
O simpático carro é um ícone do automobilismo brasileiro – tendo sido fabricado ininterruptamente entre 1957 e 2013, se configurando em um dos mais antigos e mais longevos do país.
Sua construção monobloco, de suspensão independente e barras de torção diminuiam significativamente seu custo de manutenção.
Em termos de desempenho e durabilidade mecânica em especial, fez a Kombi quebrou barreiras com seu tradicional ‘boxer’ com refrigeração a ar – que não raramente superava a durabilidade do restante do carro, cenário que nos permitiu observar diversas de suas unidades andando nas ruas das cidades com a lataria aos frangalhos e, ainda assim, com o motor operando em perfeito funcionamento