Consultor exalta mobilização da classe varejista em torno de um Brasil menos burocrático -

Consultor exalta mobilização da classe varejista em torno de um Brasil menos burocrático

Sócio-Diretor do GS&MD, braço do grupo Gouvêa de Souza – especializado em consultoria para desenvolvimento e expansão de negócios varejistas –, Marcos Hirai reforça as questões destacadas pelos dirigentes da reposição automotiva e pelo economista Jason Vieira, enfatizando que a burocracia vigente no país advém da falta de modernização do Estado, sobretudo nas questões relacionadas à nossa legislação trabalhista e ao ambiente tributário. Apesar da clareza para reconhecer que estamos longe de um cenário ideal, Hirai se mostra otimista ao comentar a mobilização das categorias varejistas e sua articulação junto ao Governo Federal em torno da criação de um ambiente mais fértil para o empreendedorismo e a atividade produtiva no país.

Quais são os principais entraves para a atividade empresarial no país?

O custo Brasil é um deles, tudo aqui é mais caro do que em qualquer outro país. É uma soma que vai dos custos trabalhistas – nossa legislação trabalhista acaba sendo bastante penosa para o empresário e encarece os produtos –, passando pela questão tributária – temos uma carga tributária entre as mais altas do mundo, e a própria legislação tributária acaba gerando bitributação em muitos casos. É uma combinação disso e mais um monte de outras coisas.

De que maneira eles podem ser solucionados?

A modernização do Estado é fundamental. E uma das grades plataformas da equipe econômica do novo governo tem citado a possibilidade de mudanças em todas essas áreas. Menos impostos e uma legislação trabalhista mais flexível. Recentemente ouvi que há um trabalho sendo feito para reduzir o tempo de abertura das empresas, o Brasil é hoje um dos países que demandam maior prazo para isso, e há projetos – ao menos aqui no estado de São Paulo – que preveem abertura de uma empresa em menos de 24 horas. Se tudo o que foi prometido acontecer, a gente começa a ter um ambiente muito melhor para o desenvolvimento do varejo. São promessas ainda, mas que trazem ares novos de que problemas graves podem ser combatidos. É um pouco de esperança.

Qual deve ser a participação da classe empresarial junto ao governo para buscar essas soluções?

A mobilização das categorias, os diversos setores do próprio varejo, desde supermercados, varejistas de shoppings, de alimentação, ou seja, de forma setorizada fazer pressão junto aos novos governantes. Por exemplo, o pessoal do IDV, que representa os grandes varejistas, tem feito reuniões com o ministro da Economia, com os governadores, e acho que isso é uma forma de pressão, de levar as reivindicações da categoria já que o varejo é hoje o maior empregador deste país, portanto existe uma força muito grande de pressão junto aos governantes. Aparentemente, nessas reuniões que já aconteceram houve uma promessa muito positiva de que estão sendo gestados projetos e políticas para combater todos esses males. Se tudo der certo parece que a gente vai ter um ambiente econômico liberal nos próximos anos. É o que a categoria espera.

Os segmentos citados correspondem a grandes varejos, que têm forte poder de mobilização. Como o varejista familiar pode se engajar nessa luta?

Os esforços são maiores para os pequenos, os grandes são mais mobilizados, mais organizados, e acabam tendo mais condição de fazer pressão. Mas essa grita é de todos, dos pequenos e dos grandes, porque o varejo como um todo sofre. O pequeno pode se mobilizar pelos sindicatos, pelo Sebrae, mas sozinho será muito difícil ser ouvido. É verdade que hoje a gente tem as mídias sociais, mas elas são restritas, não têm esse poder de mobilização frente aos governantes. Acho que é a união dos grupos de interesse do varejo que resulta nas maiores possibilidades.


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