De volta ao mundo real -

De volta ao mundo real

Em fevereiro o Parlamento Europeu aprovou o regulamento que proíbe a venda de veículos novos equipados com motores a combustão interna – gasolina ou diesel – a partir de 2035 visando à emissão veicular zero de CO2 nos países do bloco.

Claudio Milan [email protected]

Em 13 de março, os ministros de Transportes da Alemanha, Itália, Polônia, Hungria, República Checa, Romênia e Eslováquia se reuniram para fazer uma reivindicação de grande impacto global: banir o banimento aos motores de combustão interna a partir de 2035.

Como sabemos, em fevereiro o Parlamento Europeu aprovou o regulamento que proíbe a venda de veículos novos equipados com motores a combustão interna – gasolina ou diesel – a partir de 2035 visando à emissão veicular zero de CO2 nos países do bloco.

A medida terá como consequência a oferta exclusiva de veículos 100% elétricos ou que utilizam o hidrogênio como matriz energética – por razões óbvias, os híbridos também serão proibidos. O fim do uso de combustíveis fósseis já em 2035 havia sido proposto em 2021 e acordado em outubro do ano passado. Espera-se ainda para março a validação definitiva das regras. Desde 2021, a ideia tem gerado polêmica. Embora a pressão ambientalista pela redução das emissões – não apenas veiculares – seja de fato justa, uma mudança tão radical da matriz energética em prazo tão curto nunca foi satisfatoriamente ‘engolida’ pela totalidade dos políticos e nem do próprio setor automotivo. A iniciativa liderada agora por potências como Alemanha e Itália traz à tona os bastidores desta transição bem menos tranquila do que alguns poderiam imaginar – afinal, são nada menos que 27 países membros da UE envolvidos no debate. Os ministros de Alemanha, Itália e países do Leste Europeu defendem a permissão para o uso também de combustíveis sintéticos a partir de 2035, o que daria fôlego aos motores de combustão interna e, até, ao desenvolvimento de novos propulsores, ciclo que parecia encerrado, conforme, inclusive, o anúncio feito por montadoras como, por exemplo, a Volvo. Os combustíveis sintéticos, conhecidos como e-fuels, são criados por processos químicos que não envolvem a utilização do petróleo – resultam basicamente da combinação entre dióxido de carbono (CO2) e gás de hidrogênio (H2).

Podem ser sintetizados visando a emissão zero. Com isso, esses motores estariam enquadrados nas exigências de descarbonização da União Europeia para 2035. A eletrificação total da oferta de veículos novos na UE foi entendida por muitos como precipitada e até ‘modismo’. O fato é que agora, ao que tudo indica, lideranças importantes do bloco parecem estar voltando ao mundo real. Banir a tecnologia da combustão interna – que move a maioria da frota mundial há quase 140 anos – parece mesmo uma insanidade. Ainda não é possível dizer se o novo pleito será aceito. Mas argumentos não faltam. Os combustíveis sintéticos podem ser usados sem qualquer drama em substituição aos combustíveis fósseis nos carros que rodam hoje na Europa. Não poluem. E, para o Brasil, que tem o etanol, a manutenção do desenvolvimento de novos motores a combustão garantiria evolução e modernidade à nossa futura frota híbrida.


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