Donos de carros elétricos expressam descontentamento no Brasil e nos EUA -

Donos de carros elétricos expressam descontentamento no Brasil e nos EUA

Infraestrutura e disponibilidade de peças lançam dúvidas sobre potencial de massificação dos BEVs no curto prazo

Os carros elétricos estão ganhando mercado. Mês após mês, dados da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE) têm apontado o crescimento progressivo das vendas destes automóveis, tanto no escopo dos híbridos quanto nos chamados ‘puros’ (BEV). No último mês de fevereiro, por exemplo, foram vendidos 10.451 veículos destas categorias, número que representa uma alta de robustos 143% na comparação com o mesmo período do ano passado. Além disso, chama a atenção o fato de os BEVs estarem se mantendo, pelo terceiro mês consecutivo, como os preferidos do consumidor brasileiro na comparação com as outras alternativas tecnológicas deste segmento de mercado.

O último levantamento divulgado pela ABVE mostrou que as vendas de elétricos puros corresponderam a mais de 1/3 do total comercializado na categoria eletrificados, com 3.639 emplacamentos.

 Este cenário pujante dos eletrificados no país – que conta ainda com a inauguração da fábrica da BYD no estado da Bahia e a chegada do primeiro carro ‘mais popular’ da montadora, o ‘Dolphin Mini’, lançado oficialmente no dia 28 de fevereiro ao custo de R$ 119,8 mil –, porém, chega num momento em que crescem as reclamações de clientes a respeito da viabilidade desses modelos, ao menos por enquanto. Recentemente, um levantamento mostrou que o site ReclameAqui recebeu um total de 1.051 reclamações a respeito da má qualidade do atendimento no pós-venda da BYD e, talvez mais importante que isso, da falta de peças de reposição. Entre as reclamações registradas, existem relatos de que carros estão há mais de um mês parados pela ausência de peças e por aquilo que chamaram de ‘descaso da concessionária’. Embora não pareça um volume absurdo de reclamações, as queixas impressionam quando contextualizadas com a frota de carros BEV no Brasil, atualmente na casa das 16 mil unidades.

Questionada pela imprensa sobre o cenário, a montadora chinesa negou um possível problema sistêmico e afirmou que seu centro de distribuição localizado na cidade de Cariacica, no Espírito Santo, possui estoque e área suficiente para armazenagem de peças de todos os modelos atualmente comercializados.

Insatisfação se repete entre consumidores norte-americanos

O marketing de que os veículos elétricos serão o futuro da mobilidade individual mundial tem sido suficiente para alavancar as vendas desses modelos. Por outro lado, a experiência de usuários que já compraram a ideia tem mostrado que a realidade ainda está distante da expectativa. Recentemente, um estudo conduzido pela consultoria J.D. Power revelou que aproximadamente 40% dos consumidores estadunidenses que compraram seu primeiro carro BEV nos últimos anos já cogitam trocá-lo por um veículo híbrido ou mesmo por um com motor a combustão. O curioso é que, nos Estados Unidos, a maior queixa reside na falta de cobertura de carregadores públicos – algo que não só não tem evoluído como o esperado, mas que, segundo o levantamento da consultoria, tem ficado pior na percepção dos proprietários. Em 2023, a avaliação a respeito da infraestrutura necessária para os BEVs neste quesito foi 32 pontos pior em relação ao ano anterior na escala criada pelo estudo. A reclamação sobre a falta de infraestrutura chama a atenção. Afinal, segundo o site InsideEVs, os EUA possuem atualmente 169.330 carregadores disponíveis em mais de 65 mil localidades – número que suplanta com muita folga os pouco menos de 4 mil pontos de recarga que, segundo a ABVE, existem no Brasil. Outro descontentamento que surgiu na virada de 2023 para 2024 foi o mal funcionamento dos elétricos em temperaturas muito baixas, como ocorreu em diversos estados americanos. Muitos motoristas ficaram a pé com seus carros inativos e cobertos de neve. E os que saíram de casa foram surpreendidos com uma forte redução na autonomia, que, segundo pesquisas, pode chegar a até 25%


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