Economia mundial oferece boas oportunidades -

Economia mundial oferece boas oportunidades

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Desde o início da forte derrocada da economia brasileira – e também durante o processo de impeachment –, a ex-presidente da República tentou justificar seus equívocos recorrendo a uma suposta crise internacional. A verdade é que o mercado externo, em geral, apresenta bons indicadores e pode representar uma oportunidade de negócios para as empresas brasileiras. “Olhando a economia mundial, o que primeiro chama atenção é que nossos problemas não têm nada a ver com o que está se passando no mundo hoje. A economia mundial está crescendo, ainda que um pouco abaixo de sua média histórica, que é de 3,4% ou 3,5% ao ano”, disse o economista Antonio Evaristo Teixeira Lanzana logo na abertura de sua palestra no Seminário da Reposição Automotiva.

Segundo o especialista, a Europa ainda enfrenta problemas um pouco mais graves de déficit público e estruturais, mas os Estados Unidos são um mercado em forte crescimento e que caminha para uma situação de pleno emprego. “Todos têm acompanhado também a desaceleração na economia da China, mas ainda assim há forte crescimento. A queda é natural e decorre de uma mudança de padrão do modelo de menos investimento para mais consumo”.

O presidente do Conselho Superior de Economia da Fecomercio-SP avalia que o mundo apresenta tendência de crescimento e importantes mercados a serem explorados, particularmente os Estados Unidos em razão da valorização do dólar.

O cenário também favorece os investimentos externos no Brasil. “O mundo está extremamente líquido, tem muito dinheiro circulando. Esses recursos estão esperando oportunidades de aplicação. Por enquanto, estão concentrados em títulos de governo, casos da Alemanha e Europa de um modo geral. Mas muitos países estão pagando juros negativos na venda de títulos públicos. O Brasil pode aproveitar isso para atrair recursos para nossa economia”.


Estabilidade depende do controle dos gastos públicos e reforma da Previdência

O setor externo começa a caminhar favoravelmente e a inflação apresenta trajetória de queda. Onde está o grande desafio para a retomada do crescimento hoje? “São as contas públicas”, respondeu Antonio Evaristo Teixeira Lanzana, presidente do Conselho Superior de Economia da Fecomercio-SP no Seminário da Reposição. “Há a necessidade urgente de aprovar a PEC do teto, nós temos uma situação de contas públicas inadministrável. Se a gente não fizer nada, vamos explodir”. Lanzana explicou que a situação é grave e exige ações urgentes. “Se a questão fiscal não for resolvida, o país não vai retomar o crescimento. Nós estamos no limite do endividamento, precisamos dar um horizonte para os investidores, caso contrário não teremos futuro do ponto de vista de recuperação consistente”.

É verdade que a troca de governo trouxe novo ânimo ao país. “Todos os indicadores de confiança – seja do empresariado industrial, do comércio e do consumidor – mudaram. As expectativas melhoraram. Mudou o presidente, mas os problemas continuam aí. As medidas de correção não vão impedir que 2016 mostre uma nova recessão – fala-se numa queda no PIB de 3,2%”.

A previsão do superávit primário para 2016 está em 2,7% negativa. Segundo Lanzana, somente para que a dívida pública brasileira pare de crescer o índice teria de ser 3% positivo. “Nós vamos ter que fazer um esforço enorme de ajuste de contas para a dívida brasileira parar de crescer. Dá para fazer esse ajuste de imediato? Chance nenhuma. Terá que ocorrer aos poucos. Enquanto não atingirmos os 3% positivos, a divida pública vai subir”.

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Nesse sentido, aprovar a PEC do Teto dos Gastos Públicos (Proposta de Emenda à Constituição 241/16), que está em discussão no Congresso, é fundamental. “Se a tendência de elevação da dívida pública não for revertida, o quadro é explosivo, o caminho para a hiperinflação será inevitável. Daí a importância de aprovar a PEC”.

O especialista explicou, ainda, que a redução da taxa de juros – outra demanda do empresariado brasileiro – também depende do equilíbrio fiscal. “Quando tivermos um sinal de solução das contas públicas, aí será possível começar a baixar a taxa de juros. Se você não controla a demanda pública, tem que controlar a demanda privada e faz isso subindo juros. Esso é uma associação que as pessoas não fazem, ficam olhando isoladamente a taxa de juros, que é em parte reflexo do desequilíbrio de contas públicas”.

E, em sintonia com o que dizem os principais economistas do país, Lanzana adverte que a PEC que impõe o teto para a correção dos gastos públicos só fará efeito se devidamente acompanhada pela reforma da Previdência. “São ações complementares. Se não reformar a Previdência, a despesa vai crescer muito e não vai sobrar nada para outras demandas. As despesas com o INSS subiram de 3,3% do PIB em 1991 para 8,0% em 2016. Se nada for feito, em 2060 o índice será 17%. Quase toda a receita da união será usada para cobrir o déficit da Previdência”.

Ao contrário da PEC do teto, já aprovada em duas votações pela Câmara e bem encaminhada no Senado, a reforma da Previdência é uma proposta impopular e muitos parlamentares que aprovaram a PEC têm se mostrado contrários a mexer com a Previdência. O desafio é grande e tudo indica que não será fácil atingir este objetivo.

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