Em Minas Gerais, fabricantes de autopeças operam com alta ociosidade -

Em Minas Gerais, fabricantes de autopeças operam com alta ociosidade

Além da escassez de semicondutores, empresas são afetadas por fatores como juros altos e inflação elevada

Diário do Comércio MG

Não bastasse a escassez de semicondutores, que atinge diferentes setores industriais em todo o mundo, e provocou a maior crise de oferta no setor automotivo brasileiro, a produção e a venda de veículos no Brasil lidam neste momento com outros desafios.

A desaceleração econômica mundial e a elevação da inflação e dos juros no mercado interno impactam o setor e toda a sua cadeia, incluindo a de autopeças que, em Minas Gerais, segue operando com 60% da capacidade instalada.

Diante do cenário, as projeções do Sindicato das Indústrias de Autopeças de Minas Gerais (Sindipeças-MG) dão conta de um resultado aquém do esperado para este exercício. Conforme o presidente da entidade, Fábio Alexandre Sacioto, a previsão é, mais uma vez, manter os níveis de produção do ano anterior. Em 2021 este já foi o resultado.

“Inicialmente se tinha uma previsão de crescimento. No entanto, diante das paradas e férias coletivas e falta de perspectivas de aumento, devemos manter os volumes do ano passado. O segundo semestre não deverá apresentar muitas diferenças do que foi observado na primeira metade de 2022”, explica.

Vale dizer que o parque chegou a usar 90% da capacidade instalada em tempos de elevada demanda. Já no pior momento do desabastecimento – durante a pandemia – chegou a ter uma média de 40% de utilização das fábricas.

“O setor continua com uma produção relativamente mais baixa em relação aos outros anos. No fim de junho tivemos férias coletivas na planta industrial do grupo Stellantis (Fiat) em Betim (RMBH), mas a produção já voltou a ficar estável e a expectativa é que permaneça assim até o fim do ano”, diz.

Algo a se destacar, segundo Sacioto, é a variação do mix de produção. De acordo com ele, às vezes a demanda é maior para um carro e em seguida para outro. Não tem havido constância, como era de costume. “Acreditamos que sejam adequações de produção de acordo com a disponibilidade do material recebido. Devemos seguir neste ritmo”, reafirma.

Conjuntura afeta setor de autopeças

O empresário ressalta que não apenas a falta de semicondutores tem afetado o ritmo de produção, mas também o aumento dos preços e dos juros, bem como as incertezas dos cenários econômico e político. “O mercado como um todo reduziu. A produção da Fiat está menor, mas a empresa não perdeu market share. É que as vendas estão menores, diante da conjuntura. O financiamento ficou bem encarecido”, justifica.

Em julho, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) revisou suas projeções para 2022. A entidade espera que o ano termine com aumento de 4,1% na fabricação. Em relação às vendas, a expectativa é de um aumento de 1% sobre o ano passado. Em janeiro, a entidade apostava que 2,46 milhões de veículos seriam produzidos no ano, o que representaria um crescimento de 9,4% frente ao ano anterior. Na comercialização, a expectativa era de alta de 8,5%.

Apenas em junho, a produção nacional chegou a 203,6 mil unidades, superando a marca de 200 mil pela segunda vez no ano. No acumulado, foram produzidos 1,092 milhão de  autoveículos, queda de 5% em relação aos primeiros seis meses do ano passado.

“A crise global dos semicondutores vem se prolongando mais do que esperávamos em janeiro, em função de novos fatores como a guerra na Ucrânia e os lockdowns na China causados pela nova onda de Covid, que afetam o fornecimento de insumos e a logística global”, explicou o presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, na época.

Somente a Fiat emplacou 187 mil veículos nos seis primeiros meses deste ano. Encerrando o semestre, no mês de junho a montadora obteve 21% da fatia do mercado, em que foram comercializados 34.862 veículos.



Notícias Relacionadas
Read More

De volta ao mundo real

Em fevereiro o Parlamento Europeu aprovou o regulamento que proíbe a venda de veículos novos equipados com motores a combustão interna – gasolina ou diesel – a partir de 2035 visando à emissão veicular zero de CO2 nos países do bloco.