Estudo mostra que indústria competitiva no Brasil encolheu 5 anos -

Estudo mostra que indústria competitiva no Brasil encolheu 5 anos

Perda de produtividade e diversidade na atividade industrial é resultado da pesquisa feita pelo Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (Cedeplar) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

Valor

O Brasil perdeu competitividade e diversificação no mercado internacional nos últimos cinco anos. Estudo do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (Cedeplar) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) aponta que, entre 2016 e 2020, o total de “indústrias competitivas”, aquelas que exportam mais que a média mundial, caiu de 196 em 2016 para 167 em 2020, em um universo de 999 indústrias. Os dados foram divulgados hoje pelo jornal Valor.

“A quantidade de produtos competitivos aumentou somente no grupo de produtos primários, passando de 47 em 2016 para 49 em 2020. A participação dos produtos primários na pauta exportadora aumentou de 37,2% em 2016 para 44,3% em 2020”, apontam os pesquisadores João Prates Romero, Danielle Carvalho, Arthur Queiroz e Ciro Moura, autores do estudo.

O documento avalia que o Brasil está na contramão do mundo, com políticas direcionadas para o setor primário da economia e baseado na exploração de recursos naturais em vez de estimular mudanças produtivas e tecnológicas associadas a políticas de mitigação da mudança climática, vistas hoje como um novo motor de crescimento e desenvolvimento.

De acordo com o trabalho, enquanto os produtos primários aumentaram sua participação na pauta exportadora, movimento contrário foi observado para produtos de média e alta tecnologia. “Os produtos de média tecnologia reduziram sua participação na pauta exportadora de 20,2% em 2016 para 14,2% em 2020, ao passo que as exportações neste setor diminuíram 16,7% no período. Em relação aos produtos de alta tecnologia, a participação na composição, que já era restrita, caiu de 5,2% para 3,1%”, aponta o estudo.

No lado com maior agregação de tecnologia, as exportações de motores não elétricos (média tecnologia) e máquinas de escritório (alta tecnologia) tiveram reduções significativas entre 2016-2020.

Em entrevista ao jornal Valor, o professor de economia da UFMG João Romero disse que o aumento da exportação de produtos primários em si não é ruim, pois gera empregos e divisa. O problema é ficar focado só nesses bens mais simples. As economias mais resilientes são aquelas mais diversificadas”, disse.


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