Como era previsto, o isolamento social decretado em razão da pandemia do novo coronavírus impactou as indústrias de autopeças em março. Segundo dados divulgados pelo Sindipeças, o faturamento do setor em comparação ao mesmo mês de 2019 caiu 15,7%. Tendo fevereiro deste ano como base comparativa, o recuo foi de 7,7%.
No mercado de reposição, a queda apurada em março de 2020 sobre março de 2019 foi de -16,4%. A variação acumulada nos últimos 12 meses, no entanto, ainda é positiva: 3,95%.
Veja as principais constatações do boletim mensal do Sindipeças:
· Os efeitos diretos da covid-19 para o setor de autopeças apresentaram os seus primeiros sinais em março. Apesar de fevereiro ter contado com menor número de dias úteis, devido ao feriado de Carnaval, o que por si só tenderia a beneficiar o mês subsequente, o faturamento da indústria de autopeças recuou 7,7% na passagem mensal. Além disso, considerando-se que a comemoração do Carnaval no ano passado ocorreu em março, o faturamento deveria ser maior, quando visto pela ótica da comparação interanual, dado o efeito-calendário. Porém, isto não se verificou. Houve recuo de 15,8% nessa base de comparação.
· A distribuição por canal de venda revelou que a reposição foi a mais afetada entre os meses de fevereiro e março. O faturamento recuou 15,8%, enquanto as transações com Montadoras diminuíram 9,9% e as operações intrassetoriais, 4,4%. O valor das exportações em reais, beneficiado pela disparada da taxa de câmbio, avançou 7,9% no período.
· No primeiro trimestre, os resultados podem ser considerados decepcionantes. No confronto com igual trimestre do ano passado, houve retração de 10,75% da receita nominal, que esteve distribuída da seguinte forma: Montadoras: -12,9%; Reposição: -3,5%; Exportações (em reais): -9,9% e Intrassetorial: -4,8%. A menor variação das exportações em reais aparenta ocultar o efeito provocado pelas práticas de isolamento em vários mercados no exterior. Quando se observa, porém, que as exportações, medidas em dólar, encolheram 23,6% no acumulado dos três primeiros meses do ano frente a igual período do ano anterior, torna-se inquestionável a constatação que a transmissão dos efeitos econômicos da pandemia agravaram o cenário para as exportações de autopeças.
· A ociosidade na indústria de autopeças se manteve em 31% em março, ancorada na normalidade da primeira quinzena e progressiva paralisação das atividades nas duas últimas semanas do mês. Abril trará, com certeza, resultado pior. Verificou-se ainda a retração de 0,9% do emprego em março. No primeiro trimestre, registrou-se o corte de 6,2% no total de empregados do setor em comparação a igual período de 2019, o que não indica, por enquanto, deterioração mais grave nas condições do mercado de trabalho em autopeças. Iniciativas fundamentadas na Medida Provisória nº 936/20 devem mitigar os riscos de recrudescimento das demissões no setor.
I – Faturamento
II – Capacidade instalada e empregos no setor
