Fecomercio: inflação de alimentos ainda pressiona orçamento das famílias -

Fecomercio: inflação de alimentos ainda pressiona orçamento das famílias

No acumulado dos 12 meses, grupo de alimentos e bebidas ficou 10,92% mais caro; para classe E, aumento do custo de vida é o dobro do da classe A

O custo de vida na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) registrou sua menor taxa de crescimento em oito meses, fechando janeiro com uma alta tímida de 0,08%, mostra a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) por meio da pesquisa de Custo de Vida por Classe Social (CVCS). O resultado vem depois de aumentos expressivos em dezembro (1,22%), novembro (1,10%) e outubro (1,11%) e é o mais baixo desde maio de 2020, quando o índice registou sua última retração (-0,46%).

A estabilidade do custo de vida em janeiro na Região Metropolitana de São Paulo se deve principalmente à desaceleração dos preços de alimentos e bebidas: depois de crescerem 1,28% em dezembro e 2,59% em novembro, eles ficaram apenas 0,17% mais caros em janeiro, segundo os dados da Federação.

Agora, por sua vez, o grupo mais inflacionado é o de transportes que, entre dezembro e janeiro, subiu 0,66% – puxado pelo aumento das franquias de seguros de automóveis (5,12%) e pelos reajustes de combustíveis como o etanol (2,29%) e a gasolina (1,12%) realizados neste mês.

Por outro lado, o custo de vida na RMSP caiu também por causa da retração de 0,84% no custo da habitação, influenciado pela mudança da bandeira de cobrança de energia elétrica, da vermelha para a amarela, reduzindo a conta de luz em 6,53% no mês.

No acumulado dos últimos doze meses, no entanto, o custo de vida registra alta expressiva de 4,27%, muito por causa da inflação dos alimentos e bebidas, que já é de 10,92% entre janeiro de 2020 e o período atual.

Como esse grupo corresponde a 22,4% do resultado total do custo de vida das famílias na região, o aumento ainda pressiona significativamente o orçamento das famílias mais vulneráveis desde o fim do auxílio emergencial do governo federal e em meio às maiores médias móveis de mortes por covid-19 desde o início da pandemia. O fez com que novas medidas de restrição de circulação fossem implementadas.

Isso se vê também no desequilíbrio dessa conta no bolso das classes sociais: enquanto a alta foi de 6,10% para a classe E entre janeiro de 2020 e o mesmo mês de 2021, ela ficou em 3,20% para a classe A. Foi a classe D, no entanto, que experimentou o maior aumento dos preços no seu orçamento: 6,31%. Dela em diante, conforme se avança entre os estratos, a taxa cai: 4,47% para a classe C e 3,47% para a classe B.

Para a Federação, isso se explica pela inflação dos preços dos alimentos, que também foi quase duas vezes maior para as classes com rendas mais baixas: enquanto esse grupo de produtos teve crescimento de 15,49% para a classe E, ele foi de 8,80% para a classe A. A mesma coisa se vê nos dados dos demais estratos: 15,23% de alta para o orçamento da classe D; 11,30% para a C; e 8,04% para a B.

Além dos alimentos, o grupo de artigos de residência também registra alta acumulada de 9,37% desde janeiro do ano passado, puxada pela demanda maior por itens domésticos para a quarentena.

Varejo sobe, serviços caem
O Índice de Preços do Varejo (IPV), que mede a inflação entre varejistas, registrou sua menor alta desde julho de 2020, ficando em 0,62% em janeiro – naquele mês, ele cresceu 0,57%. É, assim como a CVCS, uma desaceleração significativa, levando em conta que, em 2020, o indicador subiu 1,01% em dezembro, 2,01% em novembro e 1,22% em outubro. No acumulado de 12 meses, o aumento é de 7,51%.

Entre janeiro de 2021 e dezembro de 2020, a maior alta foi do grupo de educação (2,10%), seguido pelo de transportes (1,63%) e pelo de habitação (1,29%). No primeiro caso, o aumento se explica pelo período de volta às aulas, a partir de fevereiro. O aumento nos transportes, por sua vez, se justifica pelas altas dos combustíveis, enquanto o de habitação foi puxado pelas altas em itens como o botijão de gás (3,78%) e o sabão em pó (3,66%).

Já o Índice de Preços de Serviços (IPS), por sua vez, retraiu 0,49%, apesar da variação para cima de 0,91% no acumulado dos últimos 12 meses.
_______________________________________________________________

Nota metodológica
CVCS
O Custo de Vida por Classe Social (CVCS), formado pelo Índice de Preços de Serviços (IPS) e pelo Índice de Preços do Varejo (IPV), utiliza informações da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) do IBGE e contempla as cinco faixas de renda familiar (A, B, C, D e E) para avaliar os pesos e os efeitos da alta de preços na região metropolitana de São Paulo em 247 itens de consumo. A estrutura de ponderação é fixa e baseada na participação dos itens de consumo obtida pela POF de 2008/2009 para cada grupo de renda e para a média geral. O IPS avalia 66 itens de serviços, e o IPV, 181 produtos de consumo.


Notícias Relacionadas
Read More

Pesquisa mostra que varejo é o segmento que mais investe em tecnologia

De acordo com estudo da Cortex, 19 mil varejistas investem em tecnologia pela necessidade de recursos para atender os seus consumidores, seja no sentido de conexão – através de aplicativos ou site – ou na parte de financeira para segurança e pagamento, para se tornar omnichannel.