Folha de S. Paulo
Três em cada dez empresas utilizaram linhas de crédito nos últimos seis meses, principalmente para capital de giro e ampliação de instalações ou produção. Os dados fazem parte da nova sondagem especial do FGV-Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas).
Entre as empresas que tomaram crédito, 58% usaram o dinheiro para capital de giro, 28% para ampliar produção ou instalações, 21% para renegociar dívidas e 15% para manter ou ampliar o quadro de funcionários.
Segundo o levantamento, a indústria foi o setor com maior acesso a crédito (40% das empresas) e com maior percentual de companhias que usaram o dinheiro para ampliar a produção (30%), ao lado do setor da construção.
As empresas de serviços foram as que mais usaram esses recursos para renegociar dívidas (29%). Esse setor também aparece com o segundo maior percentual de pessoas jurídicas que não pegaram crédito porque tiveram algum tipo de restrição (17%), atrás apenas do percentual registrado na construção (18%).
Serviços e construção também são os setores que apontaram como maiores dificuldades para obter crédito as exigências bancárias, juros altos cobrados dessas empresas, falta de garantias a oferecer, dificuldade de se enquadrar nas linhas oferecidas e falta de relacionamento bancário.
O comércio aparece como o setor com menor percentual de empresas que contrataram operações de crédito nos últimos seis meses (20%). E também com maior parcela de companhias que não tiveram dificuldades para pegar empréstimo (86%), entre as que contraíram novas dívidas.
Na indústria, os setores que mais pegaram crédito foram têxtil (principalmente para capital de giro e refinanciamento), papel e celulose (para capital de giro e ampliação de produção) e veículos automotores (principalmente capital de giro).
Informação e comunicação, por outro lado, foi um segmento mais demandado durante a pandemia e obteve crédito, principalmente, para ampliação das atividades.
No comércio, o destaque foi para os 45% de empresas no segmento de hiper e supermercados que utilizou os recursos para ampliar instalações.
Têxtil e veículos foram dois setores bastante afetados pela redução de demanda na pandemia. Papel e celulose, por outro lado, observou aumento de demanda, de embalagens, por exemplo, inclusive com falta de matéria-prima
A sondagem foi realizada de 1º a 24 de março, com 4.051 empresas, por meio de formulário eletrônico e telefone.