De Sincopeças-SP
Aos poucos, o varejo brasileiro está retomando o fluxo de visitantes com a flexibilização do comércio em todo o país. A conclusão é do Índice de Performance do Varejo (IPV), realizado em conjunto pela FX Data Intelligence, especialista em visão computacional dirigida por IA, fornecendo insights estratégicos para o varejo, e pela F360º, plataforma de gestão de varejo para franquias, pequenos e médios varejistas, em parceria com a Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC).
No comparativo de agosto de 2020 com julho do mesmo ano, houve aumento de 31,3% na movimentação das lojas físicas e de 27,2% nos shopping centers de todo o país. As lojas dos centros de compras tiveram o melhor desempenho, com aumento de 47%, enquanto as localizadas em ruas cresceram 10,8%.
É o quarto aumento consecutivo na comparação mensal do indicador. Na análise regional, as lojas físicas do Nordeste tiveram maior fluxo, com 46,6%, seguidas pelos estabelecimentos do Centro-Oeste e do Sudeste, com aumento de 39,2% e 30,3%, respectivamente. Já as regiões Sul e Norte cresceram 26,5% e 14%, respectivamente.
Entre os shopping centers, o Sudeste novamente puxou o crescimento do setor em agosto, com crescimento de 31,2%. O Nordeste cresceu 27,9% e a região Sul teve aumento de 21,6%. Os centros de compras do Centro-Oeste e Norte não tiveram amostragem significativa no levantamento.
Nas categorias, “departamento” apresentou o melhor desempenho no período, com 140,3%. “Ótica”, “utilidades domésticas” e “moda” cresceram, respectivamente, 44,1%, 38,6% e 31,1%. “Calçados” (30,8%), “beleza” (29,9%), “eletroeletrônicos” (8,7%) e “home center” (4,1%) também subiram. “Drogaria”, por sua vez, manteve-se estagnada.
“Impulsionado pelo Dia dos Pais, o mês de agosto manteve-se em números positivos no comparativo mês a mês, mesmo ainda com a pandemia. Lojas de Departamento foram destaque, principalmente devido as flexibilizações e medidas de higiene adotadas pelas lojas”, explica Eduardo Terra, presidente da SBVC.
Para Pedro Paulo Silveira, economista-chefe da Nova Futura Investimentos, o varejo brasileiro mostra que está buscando alternativas para driblar as incertezas econômicas provocadas pela pandemia de covid-19. “O número de infectados se mantém estável no Brasil, mas com a flexibilização, os lojistas estão buscando opções para reaquecer as vendas e, principalmente, trazer os consumidores para dentro de suas lojas novamente.
Fluxo de consumidores continua abaixo do registrado em 2019
O fluxo de visitantes está subindo em todo o país, mas ainda não atingiu o mesmo patamar de 2019. No comparativo com agosto do ano anterior, houve queda de 59,3% nos shopping centers e de 34,6% nas lojas físicas. As lojas nas ruas sentiram menos, com -10,6%, ao passo que as de centros de compras tiveram -43,6%.
Na análise regional, as lojas físicas do Norte foram as únicas com desempenho positivo: 3,9%. Sudeste e Sul tiveram o pior desempenho, com -42,9% e -37,5%, respectivamente. O Nordeste caiu 29,4% e o Centro-Oeste ficou em -24,3%. O acumulado nacional de janeiro a agosto de 2020 é de -45,3%.
Entre os shopping centers, o pior desempenho foi da região Sul, com -79,3%, seguida pelos centros do Sudeste (-62,9%), e Nordeste (-48,3%). Os shoppings do Norte e do Centro-Oeste não tiveram amostragem suficiente para análise anual. O acumulado dos oito primeiros meses do ano no país nos centros de compra é de -53%.
Todas as categorias tiveram quedas na comparação com agosto de 2019. O menor recuo foi de “home center”, com -3,5%, enquanto “eletroeletrônicos” registrou -9,9%. As demais caíram mais de dois dígitos. O pior desempenho foi de “ótica”, com -49,2%, seguido por “moda”, com -39,5%, “beleza”, com -33,3%, e “utilidades domésticas”, com -31,3%. “Drogaria” (-26,4%), “calçados” (-11,7%) e “departamento” (-11,2%) também recuaram.
“A recuperação do fluxo de consumidores vai ser lenta e gradual. O mais importante, contudo, é perceber que alguns segmentos já estão chegando perto dos indicadores registrados em 2019, no período pré-pandemia de covid-19. É um dado a mais que reforça a retomada de confiança no setor”, explica Flávia Pini, CEO da FX Data Intelligence.
Vendas também cresceram na comparação mensal
A maior presença dos consumidores nas lojas trouxe impacto positivo no caixa dos varejistas: tanto o volume financeiro quanto o de pedidos subiram no levantamento mensal, de acordo com dados da F360º,plataforma de gestão financeira com conciliação automática de vendas por cartão para o pequeno e o médio varejista.
Na comparação entre as vendas realizadas em agosto com as de julho de 2020, observa-se um melhor desempenho das lojas localizadas em shopping centers: aumento de 47,47% no volume financeiro e de 47,19% na quantidade de transações em todo o país. As lojas de rua subiram 19,84% nos valores e registraram 19,07% no total de pedidos. Na média nacional, o índice foi de 26,9% no faturamento e 25,76% nos pedidos.
Entre as regiões, o Sul teve o melhor desempenho nos dois indicadores, com aumento de 42,59% no faturamento e de 36,14% na quantidade de transações. As lojas do Centro-Oeste subiram 27,97% no volume financeiro e 26,95% nos pedidos. O Sudeste teve desempenho semelhante, com 27,65% nos valores e 24,71% nas transações. Já o Nordeste cresceu 19,74% e 24,32%; e o Norte, 8,99% e 14,34%.
Porém, as vendas seguem abaixo do patamar obtido em 2019. Na comparação com agosto do ano passado, houve queda de 22,43% no volume financeiro e -36,48% nas transações em todo o país. As lojas dos centros de compras ficaram em -37,44% e -47,75% e as lojas de rua, registraram -12,94% e -30,26% nos valores negociados e nos pedidos, respectivamente.
Em relação a 2019, o pior desempenho regional é do Sul, com -29,3% no faturamento e -42,19% nos pedidos. Depois aparecem as regiões Sudeste (-25,06% e -39,2%), Nordeste (-16,9% e -29,15%), Centro-Oeste (-14,2% e -29,78%) e Norte (-2,71% e -17,7%). O acumulado de janeiro a agosto de 2020 também registra grande queda. Na média nacional, o volume financeiro foi de -34,93% e a quantidade de vendas, –42,39%.
“O mês de agosto tradicionalmente é mais aquecido em vendas por conta do Dia dos Pais. Além disso, a flexibilização do comércio segue consolidada em todas as regiões do Brasil, garantindo que as vendas cresçam na comparação mensal e diminuam a distância registrada com o patamar obtido no cenário pré-pandemia”, afirma Henrique Carbonell, CEO da F360°.