Ford cria universidade para formar profissionais de tecnologia no Brasil -

Ford cria universidade para formar profissionais de tecnologia no Brasil

Apesar de ter deixado de produzir veículos no País, empresa mantém atuação na área de pesquisa em desenvolvimento

Estado de S. Paulo

Desde que deixou de produzir veículos no País, no ano passado, a Ford tem focado sua atuação em pesquisa e desenvolvimento, além da importação de modelos da marca. Ciente de que o setor automotivo vai demandar tecnologias de eletrificação, conectividade e autonomia cada vez mais avançadas, e do déficit de mão de obra de profissionais, a empresa anunciou nesta quarta-feira, 30, a criação do Ford Academy. Uma das atividades será a capacitação, na área tecnológica, de jovens carentes, especificamente em programação, segmento que está em ascensão.

O projeto tem a parceria do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e funcionará nas instalações do instituto de ensino no bairro do Ipiranga, na capital paulista. As inscrições para o curso foram abertas nesta quarta-feira, 30. Serão selecionados 200 alunos com mais de 18 anos e ensino médio completo. É gratuito e não exige conhecimento prévio em tecnologia. A primeira turma começa em 16 de janeiro com 80 estudantes.

A Ford vai fornecer aos selecionados verba para alimentação e transporte na área metropolitana e Grande São Paulo e haverá disponibilidade de computadores para todos. “Vamos manter o olhar na questão da diversidade. Pessoas autodeclaradas negras, pardas, amarelas ou indígenas, pertencentes à comunidade LGBTQI+, mulheres e trans serão priorizadas no processo seletivo”, afirma Rogelio Golfarb, vice-presidente da Ford América do Sul.

A Associação Brasileira de Empresas de Tecnologias da Informação e Comunicação (Brasscom), informa que a falta de profissionais na área de TI (Tecnologia da Informação) é global. Só o Brasil, segundo a entidade, vai demandar cerca de 800 mil profissionais até 2025. A entidade calcula que haverá um déficit de mais de 500 mil especialistas no setor, caso não surjam ofertas de treinamentos. Hoje, essa lacuna já é de 400 mil profissionais.

De acordo com Golfarb, após a conclusão do curso, com duração de seis meses, o Senai vai ajudar os alunos a encontrarem uma colocação profissional. “Aqueles com performance superior vão poder fazer um curso extra e concorrer a uma vaga na Ford, pois esse também é um dos interesses da empresa: gerar talentos para fazer parte da nossa equipe.” O curso de estreia será focado na primeira etapa da programação, mas a Ford estuda expandir o ensino.

Exportação de engenharia

Nesse novo formato de atuação no Brasil, a Ford ampliou a capacidade do seu centro de pesquisa e desenvolvimento na Bahia. Em maio, contratou 500 engenheiros, elevando para cerca de 1,5 mil o total de profissionais nessa área.

O centro tem atualmente 25% de suas atividades voltadas às adaptações necessárias aos veículos importados e 75% na cooperação e desenvolvimento de projetos globais. Só neste ano, o grupo vai faturar R$ 500 milhões em exportação de engenharia.

Braço do centro de pesquisa, a Ford Academy também vai realizar seminários, cursos e visitas para funcionários, distribuidores e grandes frotistas sobre eletrificação, tecnologias autônomas e treinamento técnico para mecânicos das concessionárias da marca, além de apresentações sobre a própria empresa. Segundo Goldfarb, “as pessoas estão mais interessadas em saber de quem estão comprando um produto e seu envolvimento com questões ligadas ao ESG”, sigla em inglês para meio ambiente, social e governança.

A Ford Academy tem uma área exclusiva de mil metros quadrados dentro do complexo do Senai. Golfarb não revelou o valor do investimento no projeto. Nas instalações também há unidades de outras fabricantes, como Fiat, GM e Volkswagen, que atuam mais na parte de ensino técnico aos distribuidores.


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