Formadores de opinião no varejo discutem novas diretrizes para o setor -

Formadores de opinião no varejo discutem novas diretrizes para o setor

 

Um país que prioriza o setor produtivo ao diminuir as barreiras burocráticas e financeiras responsáveis por inibir a livre iniciativa empreendedora. Esse é o sonho dos principais atores do setor de varejo nacional que estiveram reunidos entre 24 e 26 de março no Guarujá (SP) para o 5º Fórum Nacional do Varejo.

Promovido pelo Grupo Lide, o evento discutiu as reformas sinalizadas pelo governo federal para reduzir os efeitos da crise econômica que assola o país desde 2014, bem como funcionou como uma espécie de workshop ao trazer as principais tendências do varejo mundial.

Nossa reportagem foi convidada pelos organizadores a acompanhar o encontro. O rico conteúdo apurado na rara oportunidade de estar frente a frente com alguns dos maiores empresários, executivos e formadores de opinião do Brasil chega com exclusividade a nossos leitores e proporciona, mais uma vez, uma oportunidade para a realização do valioso exercício do benchmarking.

Otimismo

 Embora a instabilidade política e os indicadores econômicos ainda não tragam conforto para o varejista, a maior parte das lideranças presentes no evento reforçou com a tese de que estamos vivendo uma transição do final da crise para um primeiro momento de recuperação.

O fundador do Grupo GS & Gouvêa de Souza e presidente do Lide Comércio, Marcos Gouvêa de Souza, destacou a necessidade de reforçar a atenção, de maneira antecipada, para um crescimento de demanda que há tempos não é visto no setor. “Este fórum é o último em que discutiremos a crise. Estamos no limiar da transição de um para outro cenário, os varejistas devem começar a olhar para frente”, afirmou, antes de lembrar uma citação do ex-ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e atual presidente do Lide, Luiz Fernando Furlan.

“É hora de concentrar esforços no reaquecimento do mercado, pois quem antecipa a demanda sempre se dá melhor do que os apenas reativos”.

O discurso de otimismo foi corroborado por personalidades da política, como o vice-governador de São Paulo, Márcio França, e o secretário de Comércio e Serviços do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Marcelo Maia.

De acordo com França, indicadores recentes mostram que o início de 2017 tem sido muito melhor se comparado ao último triênio. “O principal indicador para detectar essa melhora é o ICMS, que apresentou alta significativa na arrecadação neste primeiro trimestre”, apontou. França acrescentou que esse reaquecimento será um primeiro passo para a recuperação de empregos, sobretudo no setor varejista, que classificou como “o principal produtor da safra de empregos”.

Ao pegar o gancho na recuperação do emprego, Marcelo Maia destacou a recém aprovada terceirização como importante para a modernização da CLT – sobre este assunto, leia no site do Novo Varejo entrevista exclusiva com o secretário do MDIC.

Varejo está no centro das atenções do MDIC

Maia quer mais velocidade no repasse das receitas com o cartão

Gustavo Rampini

O secretário de Comércio e Serviços do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Marcelo Maia fez um balanço do trabalho realizado pelo MDIC e destacou o caráter central do varejo na estratégia da pasta. “O varejo está no centro de nossas atividades, afinal, representa 13% do PIB nacional”. Nesse sentido, comentou o esforço de sua secretaria para a aprovação do projeto que destina uma parcela maior de concessão de créditos do BNDES, tal como a urgente mudança no regime das relações de cartão de crédito com os varejos. “Precisamos acelerar o repasse do montante oriundo das vendas via cartão de crédito para o varejo. É inconcebível que o Brasil seja o último na agilidade no repasse. E é urgente reduzir as taxas pagas pelo varejista nas negociações via cartão. Tudo bloqueia a sustentabilidade do comércio”.

Ainda na defesa do setor, o secretário criticou o entendimento dos nossos governantes a respeito do varejo. “Minha briga na pasta é para que o pessoal entenda de uma vez por todas que o setor varejista não é só o setor varejista. Ele é o elo da cadeia que mais acopla outros elos. Um bom escoamento da produção industrial, por exemplo, só é possível com um varejo eficiente. O mesmo vale para os serviços e o montante total dos índices de consumo do país. É o varejo que move isso tudo e ainda assim segue sendo negligenciado”.

Personalidade assume função no Conex

Gouveia descreve desafios do varejo

Pela primeira vez, o varejo passa a ter um representante no Conselho Consultivo do Setor Privado (Conex), cuja principal função é auxiliar o governo federal na formulação de propostas de interesse do setor produtivo. Escolhido para a função inédita, Marcos Gouvêa de Souza, fundador do Grupo GS & Gouvêa de Souza, presidente do Lide Comércio e fundador e conselheiro do Instituto de Desenvolvimento do Varejo conversou com a reportagem do Novo Varejo.

Qual a importância de ampliar a representatividade do varejo nos órgãos que ditam a política econômica do país?

O comércio e o varejo são os maiores empregadores do setor privado. Por sua própria omissão estiveram ausentes no relacionamento direto com os governos e isso começou a ser revisto, especialmente pela decisiva atuação do IDV (Instituto para o Desenvolvimento do Varejo), que reúne as mais representativas empresas dos diversos segmentos do varejo. A indicação de um membro do board do IDV é uma prova de que as autoridades têm crescente percepção sobre a força do setor.

O país tem uma política satisfatória para o desenvolvimento de médios e pequenos varejos?

Várias iniciativas foram propostas por diferentes órgãos ligados ao governo e, entre elas, importante salientar o trabalho realizado pelo Sebrae. Mas isso não tem sido suficiente para criar sobrevida para pequenos e médios, que são os mais afetados pela crise de demanda e de crédito. Além disso, os pequenos e médios formais são vítimas prioritárias do nosso insano sistema tributário, da ultrapassada estrutura trabalhista e sindical e refém de uma burocracia que suga energia e foco das empresas em seu próprio negócio.


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