Os veículos eletrificados conquistaram seu espaço no mercado automotivo mundial, definitivamente. Já estão espalhados por diversos países e começam a ser cada vez mais desejados e notados na paisagem urbana e rodoviária. Basta circular por alguns minutos, que certamente você verá algum modelo, quer seja ele 100% elétrico ou híbrido.
Para Junior Miranda, CEO da GreenV, mobilitytech que desenvolve tecnologias inteligentes em mobilidade elétrica, o ano de 2022 tem sido muito promissor para o setor, no Brasil e no mundo. “Recentemente, o mercado nacional superou a marca histórica dos 100 mil veículos eletrificados (VE’s) vendidos e, agora, no último mês de setembro, foram registrados um total de 6.388 emplacamentos no Brasil, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Desse total, 1.408 foram de unidades de modelos elétricos (veículo com motor 100% elétrico) e 4.980 de modelos híbridos (veículo propelido por dois tipos de motores: à combustão e eletricidade). Os resultados indicam o mês de setembro com um novo recorde mensal de vendas de veículos eletrificados”, destaca o executivo.
Porém, independentemente da marca que escolher, ele terá em seu assoalho, ou seja, na parte inferior do carro, baterias super modernas fabricadas à base de íons de lítio. Segundo Miranda, mesmo sendo considerado um veículo com emissão zero, no caso dos modelos totalmente elétricos, as baterias usadas ainda geram dúvidas sobre o seu destino depois do fim da vida útil no transporte. “Compreendemos a preocupação, mas, o que talvez as pessoas não saibam, é que algumas iniciativas começam a dar um destino sustentável e, até uma segunda vida para esse item que impulsiona a revolução elétrica no planeta. Apesar de não haver, ainda, uma padronização para a reciclagem desse material, pois cada fabricante de carros ou baterias desenvolve o produto com tecnologias específicas que passam por processos químicos diferentes para obter mais rendimento das células, o futuro do mercado de reciclagem é muito promissor”, sinaliza o CEO da GreenV.
Destino das baterias no mundo
Algumas empresas fora do Brasil estão se preparando para atuar na recuperação das baterias de lítio, já nos próximos anos. Esses investimentos caminham em paralelo aos aportes para o desenvolvimento de baterias mais eficientes e tecnológicas, e isso é fundamental!
Uma tendência que pode impulsionar o setor, e que já funciona em outros segmentos da indústria, é a chamada economia circular, um conceito estratégico focado na redução, reutilização, recuperação e reciclagem de materiais e energia. Mas como poderia ser empregada?
A ideia envolveria a reciclagem contínua dos componentes, que poderiam ser reutilizados em outras baterias por até 50 anos. Algumas empresas aderiram ao conceito na frente. É o caso da Redwood Materials, formada por ex-executivos da Tesla; da europeia Northvolt e da Li-Cycle, com sede em Toronto. Eles estão trabalhando para retirar o máximo de peças e refazê-las em algo novo.
Outros players também estão se preparando para dar um destino mais nobre para as baterias usadas. A OnTo Technology prevê um mercado bem aquecido a partir de 2025 e já estuda formas de produzir novos eletrodos para baterias a partir de materiais extraídos das usadas, evitando o descarte completo. Essa preocupação também faz parte do dia a dia da indústria automotiva.
A Tesla sinalizou que usará as baterias que não servem mais em veículos para fornecer energia à sua Gigafactory, onde produz seus modelos. Por outro lado, a chinesa BYD pretende destinar o que for possível para suas estações de recarga estacionárias.
Brasil busca caminho independente
No Brasil, a metalúrgica Tupy e o Senai Paraná firmaram parceria com a BMW Group Brasil. O objetivo é desenvolver um processo sustentável que garanta a recuperação de compostos químicos das baterias no final da vida útil dos veículos elétricos. Com investimento de aproximadamente R$ 3,4 milhões, o projeto prevê que cada participante levará conhecimentos específicos para os estudos dentro da sua área de atuação.
Nesse caso, o propósito desse processo de reciclagem de baterias de carros elétricos é a ressíntese do material ativo do cátodo de uma bateria, com material 100% reciclado. A partir disso, serão obtidos parâmetros de eficiência de todo o processo, da pureza dos materiais reciclados, do índice econômico e do índice ambiental. Essa iniciativa abre um novo ciclo para o uso de minerais reciclados na fabricação de baterias novas. Consequentemente, haverá uma redução gradual na dependência de matéria-prima. Previsto para ter a duração de 2 anos, a parceria já deve ter os primeiros resultados ainda neste ano.
“Além da importância ambiental, o uso sustentável das baterias é importante e necessário. A demanda por lítio já promete elevar em quatro vezes o consumo da principal matéria-prima das baterias nos próximos anos. Por sua vez, estima-se que os carros elétricos serão responsáveis por 90% da produção mundial. Vale ressaltar que, todos os dispositivos eletrônicos modernos possuem baterias de lítio, desde os bilhões de smartphones até as calculadoras de mão. Diante desse cenário, é importante potencializar ao máximo a segunda vida dessas baterias e de seus componentes”, enfatiza o empresário que lidera a GreenV.