Incorporação de serviços é tendência para sustentação do varejo -

Incorporação de serviços é tendência para sustentação do varejo

Prática de utilizar a loja física como hub de integração é, já hoje muito mais do que uma tendência e já faz parte da realidade dos resultados do varejo mundial

Lucas Torres, Novo Varejo

[email protected]

Em 28 de janeiro, a Gouvêa Ecosystem promoveu mais uma edição do Retail Trends’ para refletir sobre os principais temas levantados durante a feira National Retail Federation, a NRF, principal evento do varejo mundial realizado anualmente nos Estados Unidos. Neste ano, por conta da pandemia do novo coronavírus, a programação foi totalmente online e discutiu os impactos da pandemia na configuração do consumo e das empresas varejistas em todo o mundo, além da projeção de um mundo póscoronavírus e uma espécie de peneira que filtrou o que foi apenas emergência e o que veio para ficar durante a crise sanitária.

Um dos destaques da NRF foi a apresentação de dados que contesta o varejo só digital reforçando a importância da loja física como articulador estratégico das empresas. Nos EUA, as lojas multiformatos cresceram 61% em 2020, ao longo da pandemia, na comparação com 2019. Já as lojas que só existiam no ambiente virtual, no e-commerce, cresceram 26%

Limitar o planejamento estratégico dos varejos pós-covid a uma pivotagem de mentalidade que privilegia o digital sobre físico, no entanto, é uma armadilha perigosa para os empresários do setor. Embora a lógica de ‘fechar lojas físicas, vender mais online e diminuir custos’ possa parecer tentadora, seus efeitos práticos na sustentação de modelos de negócios de empresas do segmento são incipientes na comparação com o jeito ‘omni’ de fazer varejo. Ou seja, modelos que focam na integração dos meios e não na opção por apenas um deles. “O que a gente conhecia como PDV, Ponto de Venda, está passando a ser o PDX, o Ponto de Tudo. A loja física é agora um hub onde se entrega experiência, serviço, mídia, relacionamento e também vende”, contextualizou Alexandre Machado, diretor da Gouvêa Consulting, durante o Retail Trends.

Segundo o consultor, a prática de utilizar a loja física como hub de integração é, já hoje – mesmo com as limitações de mobilidade social impostas pelo novo coronavírus – muito mais do que uma tendência e já faz parte da realidade dos resultados do varejo mundial. Para exemplificar esse novo cenário, Machado citou um dos dados de maior destaque entre os apresentados na NRF 2021. Nos Estados Unidos, ao longo da pandemia, lojas multiformatos cresceram 61% em 2020 na comparação com 2019. Enquanto as lojas que só existiam no ambiente virtual, no e-commerce, cresceram 26%. “Modelos de negócio como o da loja da OMO – que utilizou seu espaço físico para oferecer serviço de lavanderia e criou um aplicativo para candidatos a passadores de roupa, o ‘Uber da passadoria’ – são cada vez mais comuns”, refletiu Machado, antes de apresentar outras formas a partir das quais a loja física impulsiona os resultados da empresa para-além-da-venda. “Existem também os varejos que estão utilizando a loja física como ponto de estoque e centro de distribuição. Empresas que antes pensavam em fechar lojas pelo pouco faturamento em vendas estão optando por fechar apenas parte delas para poder seguir utilizando-as como ponto estratégico de distribuição das vendas do canal online”, complementou, acrescentando que, neste novo cenário, o que precisa mudar são os indicadores de desempenho, já que as lojas não podem ser julgadas pelo ‘tanto que vendem naquele ponto específico’, mas pelo valor que agregam para todo o ecossistema de negócio.


Notícias Relacionadas
Read More

Brasil sobe 10 posições em índice do comércio eletrônico

País alcançou o 62º lugar no Índice Mundial de Comércio Eletrônico de 2020, da Unctad - Agência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento, que classifica 152 países pelo seu grau de preparação no comércio digital entre empresas e consumidores (B2C).