Inovação é urgência no aftermarket automotivo -

Inovação é urgência no aftermarket automotivo

Aceleração digital trouxe à luz uma série de tendências que já devem ser vistas como irreversíveis no mercado. Em plena quarta revolução industrial, não há mais tempo a perder

Claudio Milan e Lucas Torres jornalismo@novomeio.com.br

Quando se fala em revolução industrial, talvez haja quem pense se tratar de uma ruptura nos processos de produção. Revolução industrial é muito mais do que isso. As transformações súbitas e radicais estendem-se também a todo um ecossistema político, econômico e social. Estamos vivendo hoje a chamada quarta revolução industrial, caracterizada inicialmente pelo conceito da indústria 4.0, mas que reúne uma infinidade de inovações radicalmente disruptivas com impactos de potencial devastador para usos e costumes até então consolidados na sociedade global.

“Essa revolução é diferente das outras três. Primeiro pela velocidade, que não é mais linear. Outro fator importante é a magnitude e a profundidade das mudanças. São muitas mudanças radicais acontecendo ao mesmo tempo. Um exemplo é o smartphone. Nós somos pessoas diferentes hoje do que éramos há 10 anos. O smartphone mudou a nossa forma de comunicação. A primeira revolução teve praticamente uma disrupção, a máquina a vapor. Na segunda, o fator foi a energia elétrica. Na terceira, o advento dos computadores, sendo consolidada pela internet. Mas nesta quarta vai acontecer tudo ao mesmo tempo, uma fusão de tecnologias e interações em domínios físico, biológico e digital. Estamos falando em inteligência artificial, nanotecnologia. A veloci dade de mudanças será muito grande e isso vai impactar o mercado de reposição. Nós vamos usar muito as ferramentas digitais para vender e construir relações de confiança”, alertou Alberto Rufini, diretor de Vendas Aftermarket da ZF América do Sul. Não há mais desculpas para fugir da inovação. Viver em um mundo que já não existe mais é receita certa para a não-continuidade dos negócios. “Temos que aceitar que não estar inserido no mundo digital não é mais uma opção. E, em contrapartida, não podemos nos conformar em dizer ‘não sei’ e parar por aí. A postura que devemos ter é outra, dizendo ‘preciso aprender’”, aconselhou durante o evento o presidente do Grupo DPaschoal, Luiz Norberto Paschoal, com a autoridade de quem, há 40 anos, abriu uma empresa só para estudar computadores, conexões e seus impactos no mundo dos negócios. O tempo é curto e os desafios são muitos.

Crise sanitária apenas acelerou processo já em curso

É consenso que uma das consequências mais visíveis no dia a dia da crise sanitária global que nos aflige foi o processo de aceleração digital. Trabalho em home office e comércio eletrônico de autopeças, por exemplo, eram disciplinas já conhecidas e tratadas pelas empresas. No entanto, em muitos casos a implantação imediata foi uma questão de sobrevivência. “A pandemia não desenvolveu nenhum processo novo. Mas acelerou processos que estão aí muito visíveis, notadamente a revolução digital. Enquanto, infelizmente, muitos dos agentes econômicos desapareceram, eu tenho clareza de que nossa cadeia produtiva nos deixa uma experiência, por mais difícil que tenha sido, de resistência a uma prova tão dura como essa. Não obstante, a revolução digital nos submete a uma prova ainda maior – e me refiro não à capacidade de investimento. Indústria, distribuição, varejo e aplicação sempre mostraram capacidade de investimento e imediata resposta às necessidades apresentadas pelo mercado. Eu me refiro ao que entendo ser o fundamental da revolução digital que é a mudança de mindset. As relações que envolvem toda a cadeia produtiva, o comportamento dessas relações e as mudanças de perfil de consumo e comportamento do consumidor nos levam ao desenvolvimento e ao investimento na gestão dessa evolução tecnológica. Seremos obrigados e exigidos a investir muito mais em inteligência de mercado para atender este novo ciclo da nossa história econômica”, analisou o presidente da Andap – Associação Nacional dos Distribuidores de Autopeças e CEO da MercadoCar, Rodrigo Carneiro.


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